A consultora Leandra, de 32 anos, já perdeu a prova de vestibular, teve de sair no meio de uma sessão de cinema e desabou em uma crise de choro.
Tudo isso por causa de uma condição que a acompanha desde a infância e poucos entendem: a misofonia.
A palavra significa aversão a certos sons do dia a dia, como os barulhos de mastigação. E não se trata de um incômodo corriqueiro.
Quem tem misofonia sente, com frequência, raiva, angústia e ódio por causa de certos barulhos.
Em alguns casos, podem chegar a agredir o autor do som irritante. O distúrbio ainda causa isolamento: é comum que pessoas com misofonia evitem ambientes lotados.
80% dos casos de misofonia estão relacionados aos sons da alimentação (mastigação, deglutição, barulho de tomar sopa).
Em seguida, as irritações estão relacionadas com inspiração (respiração ofegante, assoar o nariz e ronco).
Dependendo do nível da irritação, a misofonia pode ser acompanhada de outros problemas, como ansiedade, zumbido no ouvido, perda auditiva e transtorno obsessivo-compulsivo.
Também é conhecida como Síndrome da Sensibilidade Seletiva a Sons e foi descrita e reconhecida cientificamente perto dos anos 2000.
A síndrome não é incomum. No mundo, 15% dos adultos são afetados pela misofonia, segundo dados do Misophonia Institute.
Mesmo sendo comum existir muitos misofônicos, o diagnóstico no Brasil não é feito com tanta frequência. Um dos motivos para isso é a falta de profissionais especializados.
O diagnóstico pode ser feito em conjunto por fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas, ou apenas pelos profissionais que cuidam da comunicação oral e escrita.
Para chegar ao diagnóstico, o fonoaudiólogo analisa todo o histórico do paciente e faz diversos exames da parte auditiva.
Há casos em que a misofonia não envolve a parte auditiva, mas um aspecto psicológico. O tratamento é feito com fonoaudiólogo e psicólogo, ou em casos mais graves, com psiquiatras.