MA terá eleição sob crise na segurança e com "guerra" entre candidatos
Carlos Madeiro
Do UOL, em São Luís
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Beto Macário/UOL
Às vésperas da eleição, a Polícia Militar intensificou trabalho ostensivo na cidade de São Luís
Os maranhenses vão às urnas neste domingo (5) sob forte esquema de segurança, em clima de medo nas ruas e a após uma campanha eleitoral marcada por intensa troca de acusações. O clima entre os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas é de guerra. Além disso, a capital, São Luís, vive uma nova crise de segurança, com 19 ataques a ônibus nas duas últimas semanas.
Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, o ex-deputado federal Flávio Dino (PC do B) deve vencer o candidato do grupo Sarney, o senador Edison Lobão Filho (PMDB), e garantir eleição ainda no primeiro turno.
Nos últimos 50 anos, o grupo Sarney só não venceu a eleição de 2006, com Jackson Lago (PDT), morto em abril de 2011. O governo dele, porém, não durou apenas dois anos e três meses. Em abril de 2009, ele foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder econômico.
No Estado, o clima é de uma eleição plebiscitária. A disputa no Maranhão se transformou em guerra, com uma sequência de ataques e acusações entre os dois candidatos, envolvendo uso irregular de polícias, compra de votos e até documentos falsos.
Na reta final, o clima se acirrou ainda mais. Na quinta-feira (2), o senador Edison Lobão Filho apresentou uma gravação telefônica e acusou o presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Edmar Cutrim, de pagar prefeitos para que mudassem de lado às vésperas da eleição.
Eleições 2014 no Maranhão
O candidato pediu ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) o afastamento de Cutrim, que foi negado neste sábado (4). Já Cutrim denunciou à PF (Polícia Federal), na sexta-feira (3), que a governadora Roseana Sarney (PMDB) fez escuta ilegal.
Também na sexta, a coligação de Flávio Dino denunciou à PF, TRE e TSE a publicação, em redes sociais e em cidades de interior, de uma certidão falsificada da Justiça Eleitoral que diz que Flavio Dino está com a candidatura sub júdice por conta do episódio.
"Eleição de interior"
Para o procurador-regional eleitoral auxiliar, Juraci Guimarães Júnior, a campanha deste ano bateu recorde de representações por conta de propaganda irregular, muitas delas ainda à espera de julgamento.
"Pareceu eleição municipal de interior, em razão de muitas baixarias de todos os lados. Houve um exagero dos candidatos nas irregularidades de propaganda eleitoral e denúncias. Muitas redundaram em representações, mas muitas não eram fatos, eram apenas factoides", disse.
Apesar das acusações, o procurador aposta que não haverá incidentes neste domingo. "Embora esteja uma tensão alta, esperamos um dia bastante tranquilo, pois as medidas adotadas foram boas. Mas estamos mandando procuradores da capital para interior", afirmou.
Medo nas ruas
Além da tensão eleitoral, São Luís vive também um clima de medo pelos ataques a ônibus ocorridos nos últimos dias.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública reforçou o efetivo neste domingo, com 6.700 homens trabalhando em todo o Estado. Além disso, 26 cidades –entre elas São Luís-- também terão apoio de tropas federais, autorizadas pelo TSE.
Desde quinta-feira, a polícia diz ter realizado blitz em vários pontos da cidade, abordando ônibus e fazendo a revista de todos.