Sabe o que é 'plataforma orgásmica'? Ela dá as cartas na hora do sexo

Heloísa Noronha
Colaboração para Universa*
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O estudo das fases do ciclo de resposta sexual, percurso que abrange o surgimento do desejo até a fase pós-orgasmo, começou em 1897, quando o médico e psicólogo Havelock Ellis (1859-1939) analisou e descreveu as etapas como tumescência, caracterizada pela vasocongestão dos órgãos genitais e detumescência, descrita como descarga da energia acumulada.

Entre as décadas de 1950 e 1960, a dupla de ginecologistas norte-americanos Master & Johnson descobriu como funciona a fisiologia do orgasmo. Conforme suas descobertas, a resposta sexual - tanto masculina quando feminina - agruparia quatro fases:

Excitação;

Platô;

Orgásmica;

Resolução.

Em 1979, no entanto, a sexóloga austríaca Helen Kaplan (1929-1995) sugeriu um modelo trifásico da resposta sexual - desejo, excitação e fase orgásmica - que depois evoluiu para desejo, excitação, orgasmo e resolução.

Desenrolar do prazer

Embora hoje em dia o termo platô não seja usado por alguns especialistas, que entendem que ele já faz parte do estágio da excitação, na prática ele significa uma espécie de "plataforma orgásmica" que estabilizaria o nível de tesão. A fase de platô é compreendida como a manutenção e a continuidade do passo anterior, de excitação.

Nesse sentido, o platô é muito importante para o desenrolar do envolvimento sexual e o desenvolvimento do desejo durante a relação. Seria equivalente ao momento das preliminares, em que os corpos começam a sofrer alterações como a ereção, nos homens, e a lubrificação e o intumescimento do clitóris, nas mulheres.

Como muitas mulheres não atingem o orgasmo apenas com a penetração, esse é o momento certo para mais estímulos — sexo oral, carícias direcionadas no clitóris e estimulo no ponto G são mais que bem-vindos. No entanto, deve-se lembrar que o maior órgão sexual humano é a pele. Esta pode ser estimulada de várias maneiras, em vários locais e com variável intensidade. Portanto, a preliminar mais excitante para cada mulher depende muito do gosto pessoal.

Sex toys também podem ser bons aliados na fase do platô — que, como também é vivenciada durante a masturbação, pode ganhar um reforço extra com o uso de vibradores, bullets e sugadores de clitóris.

Respiração e presença

Uma das melhores formas para retardar a ação dessa plataforma orgásmica — e, assim, curtir o cada segundo do sexo com maior intensidade — é prestar atenção na respiração. Conforme ela for ficando acelerada, é fundamental tentar controlá-la e respirar com mais calma, sem tanta afobação, prestando atenção na expiração e na inspiração.

Para isso, outra dica é que estar 100% presente na transa, com a mente livre de estresse e preocupações. Afinal, quando estamos conectados com uma situação, o corpo percebe e responde melhor aos diferentes estímulos.

Assim, é possível se entregar com mais intensidade ao prazer e identificar quando ele fica mais intenso e quando diminui para depois aumentar novamente, até acontecer o clímax.

Fontes: Arnaldo Barbieri Filho, psiquiatra, sexólogo e diretor do IES (Instituto de Estudos da Sexualidade), de Ribeirão Preto (SP); Breno Rosostolato, psicólogo, educador sexual e cofundador do projeto de imersão para casais LovePlan; e Tiago Brumatti, terapeuta tântrico de São Paulo (SP)

*Com matéria publicada em 14/03/2020