"O Dublê" é menos um filme e mais uma celebração. Claro, o diretor David Leitch ("Atômica", "Trem-Bala") já provou que sabe dosar ação e comédia.
Aqui, ele coloca um par de astros transbordando charme a serviço de uma trama exagerada, absurda e que nem sempre faz sentido.
O barato, contudo, é usar a ficção para aplaudir a turma que de fato rala nos bastidores.
Antes de se tornar uma aposta segura no comando de grandes espetáculos em Hollywood, Leitch pagava os boletos como dublê.
Adaptar a série "Duro da Queda", ambientada nesse mundo e que formou caráter de muita gente nos anos 1980, foi uma escolha natural.
Ao longo dos episódios, Lee Majors dava expediente como Colt Seavers, dublê que, entre um filme e outro, engordava a renda como caçador de recompensas.
A versão para o cinema mantém Seavers à frente, mas abraça uma trama que mergulha ainda mais nos bastidores de um candidato a blockbuster.
Aqui, o herói é defendido por Ryan Gosling, aproveitando a fase bacana de "Barbie" como um dínamo de charme.
Após sofrer um acidente no set, Seavers sai do radar, deixando seu flerte com uma colega de trabalho, Jody Moreno (Emily Blunt), a ver navios.
Um ano e meio depois, tendo abandonado a profissão, Seavers é convocado para a Austrália para trabalhar justamente na estreia de Jody como diretora.
Fagulhas pipocam no reencontro, mas Gail logo revela ao dublê sua verdadeira "missão": encontrar Ryder, que desapareceu ao se encrencar com uma turma casca-grossa, e salvar a produção.
A trama, um trelelê de dúzias de surpresas, reviravoltas e personagens que entram e saem sem muita cerimônia, é o que menos importa.
"O Dublê" tem dois elementos cruciais a seu favor. O primeiro é o truque do filme dentro do filme, o que abre espaço para dúzias de referências e piadas espertas.
O segundo, como não seria diferente, é a química irresistível da dupla Ryan Gosling e Emily Blunt.