"Passa lá em casa Jesus" entrou, no início de maio, na lista semanal das dez músicas mais tocadas do YouTube no Brasil, à frente de hits de Ana Castela e Ivete Sangalo.
O sucesso gospel mudou a vida de Kailane Frauches, 20. Ela é destaque de uma geração que canta louvor com voz grave de adulto e sagacidade digital de adolescente.
São 58 milhões de plays do hit no YouTube: "Há pouco tempo eu gravava no meio do mato", conta.
"Acredito que Deus deu um sopro nesse algoritmo. Os vídeos começaram a viralizar de forma que eu não imaginava?, disse.
A nova estrela cristã canta desde os 3 anos, com apoio do pai, mecânico de bicicleta, e da mãe, empregada doméstica.
Há dois anos, Kailane gravava vídeos cantando, enquanto passeava na zona rural de Xerém, distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
"Sou nascida e criada na Assembleia de Deus. Com 3 anos fazia karaokê evangélico. Subia na varanda de casa e cantava Fernanda Brum e Damares", conta.
Durante a pandemia, Kailane pedia para a mãe filmá-la cantando. No fim de maio, a cantora embarcou em sua primeira viagem ao exterior, para se apresentar em Massachusetts.
O hit de Kailane é fruto de insistência pessoal, mas também de uma virada na indústria gospel brasileira.
O mercado cristão sofreu menos com a pirataria de músicas que derrubou a indústria secular no início dos anos 2000.
Por isso, demorou a largar os CDs e, finalmente, investir numa nova realidade: serviços digitais como YouTube e Spotify, que cresceram.
Kailane entrou no elenco da Todah, gravadora gospel de São Paulo que cresceu com foco em artistas novos e em vídeos no YouTube, com mais de 3,2 bilhões de plays no site.
A empresa é focada no pentecostal, vertente popular do gospel. Os ritmos vêm do forró e do sertanejo. As letras têm imagens bíblicas fortes e os vocais são intensos, teatrais.