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  12/05/2005 - 09h02
Polêmico e ator de cinema, Cantona leva futebol de areia à França

Ricardo Zanei
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Dentro de campo, sua carreira foi marcada por jogadas geniais e problemas de indisciplina. Fora dele, foi um cara mais tranqüilo, mas sempre mantendo as opiniões fortes. "Bon vivant", polêmico e até ator de cinema, Eric Cantona tem mais um predicado em sua trajetória no futebol. Após encerrar a carreira nos gramados, ele descobriu o futebol de areia. E se tornou o maior incentivador da modalidade na França.

Reuters 
Cantona, à esquerda, participa de jogo entre França e Espanha no Rio de Janeiro
"Depois que encerrei minha carreira, tive contato com esse novo esporte e me interessei. O futebol de areia ainda é tratado como uma descoberta na Europa, e também é assim na França", revelou Cantona, que é o técnico da seleção que disputa o Mundial da Fifa e responsável pela organização de torneios no país.

"A França tem um bom time. Eles estão crescendo cada vez mais. Só este ano, o Cantona nos levou três vezes para jogar por lá", confirmou o técnico da seleção brasileira, Índio.

Para Cantona, a dificuldade encontrada em jogar o futebol de areia foi outro atrativo que o aproximou da modalidade. "Comparo com Fórmula 1 e rali. Os dois são automobilismo, mas são esportes diferentes. O rali tem um terreno ondulado como o futebol de areia, enquanto a F-1 tem uma superfície lisa, como o futebol", comentou o francês.

Cantona, nascido a 24 de junho de 1966, viveu os dois lados da carreira no futebol. Colecionou títulos e fãs, e muitas confusões. Seu talento ficou comprovado em 1988, quando levou a França ao título europeu sub-21. Mas, por causa de seus problemas, como chutar bolas em torcedores que o xingavam, pisar no rosto de um companheiro de equipe em um treino, e chamar, em pleno julgamento, os membros do comitê disciplinar francês de "idiota" (um por um), entre outros, sua passagem no futebol francês foi marcada pela irregularidade.

Atuou por Auxerre, Matiques, Olympique de Marselha, Bordeaux, Montpellier e Nimes e anunciou o fim de sua carreira em 1990, com apenas 24 anos. No entanto, ficou apenas alguns meses longe dos gramados e acertou com o Sheffield Wednesday. A ida para a Inglaterra marcou o renascimento de Cantona para o futebol.

As boas apresentações o levaram para o Leeds United e, em seguida, para o time que seria responsável pelas suas maiores glórias, o Manchester United. Logo caiu nas graças da torcida, que o chamava de "Eric, the King" ("Eric, o Rei") e, em uma votação em meados de 2000, Cantona foi escolhido o melhor jogador da história do clube, superando os lendários Bobby Charlton e George Best.

Mesmo na Inglaterra, as polêmicas continuaram. A mais famosa delas aconteceu no dia 25 de janeiro de 1995, no duelo contra o Crystal Palace. Ele foi xingado pelo torcedor Matthew Simmons e o agrediu com uma "voadora", sendo suspenso por oito meses. Ironicamente, no início deste ano, a torcida do Manchester chegou a organização uma "comemoração" pelos 10 anos da agressão, mas o ato foi impedido pela polícia.

Após o término do Campeonato Inglês 1996-1997, Cantona, então com 30 anos, anunciou sua aposentadoria e, em seguida, teve contato com o futebol de areia. No ano seguinte, já disputava torneios defendendo a seleção francesa. Em 2001, sua volta aos gramados foi cogitada, mas, em entrevista à "France Football", ele disse que os interesses fora dos campos estavam matando o esporte. E que era mais divertido atuar na areia.

No começo, Cantona e seu irmão mais novo Joël, hoje seu assistente na seleção, recrutavam ex-jogadores para jogar pelo time nacional. Desde 2002, a equipe é formada por especialistas, como Didie Samoun, um dos mais talentosos do elenco.

"Nosso time é experiente, joga junto há dois, três anos. E eu tenho aprendido muito com os jogadores", comentou Cantona, que está inscrito com a camisa 7, mas ainda não estreou no Mundial. "Sou o técnico, e sinto que tenho que me segurar um pouco para não entrar em quadra. A intenção é de não jogar, mas, se for preciso, eu entro."

Em meio ao futebol de areia, Cantona achou um tempo para se entreter no cinema. O francês já atuou em mais de 10 filmes, vivendo papéis ou interpretando ele próprio. Dois deles, "Une belle histoire" e "La Vie est à nous!", estão em fase de pós-produção e devem estrear ainda este ano.

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