| | 03/12/2004 - 10h06
Nos pênaltis, Brasil perde da Espanha na semi do Mundial Da Redação
Em São Paulo  | | | Enquanto Neto caminha contrariado, espanhóis comemoram vitória nos pênaltis |
Após um jogo nervoso e decidido apenas nas penalidades, o Brasil está fora da disputa pelo título do Mundial de futsal, disputado em Taiwan. No tempo normal, houve empate por 2 a 2 contra a Espanha. A igualdade persistiu na prorrogação e, nos pênaltis, os atuais campeões venceram por 5 a 4 e ficaram com a vaga. Pela primeira vez na história o Brasil não disputa a final de um Mundial.
O primeiro tempo foi marcado pela pressão brasileira, que bombardeou o gol defendido por Luis Amado. Além das boas defesas do goleiro, a trave parou o ataque nacional.
Na segunda etapa, os gols saíram, mas o equilíbrio continuou. A Espanha saiu na frente, o Brasil empatou e virou, mas os europeus igualaram o placar.
O panorama do jogo não mudou na prorrogação e, com o 2 a 2, a decisão dos finalistas foi para as penalidades. Índio e Neto desperdiçaram para o Brasil, enquanto apenas Kike perdeu para a Espanha.
Para o técnico espanhol, Javier Lozano, o resultado fez justiça ao que apresentaram as duas equipes na partida. "O jogo teve tudo que uma boa partida de futsal pode ter - emoção, qualidade técnica e paixão. A partida foi muito equilibrada, mas acho que merecemos vencer. Os pênaltis são uma loteria, mas acredito que venceu o melhor", sentenciou o treinador.
Já o técnico brasileiro Fernando Coelho, o Ferretti, acredita que seu time perdeu porque não soube aproveitar as chances que criou. "O problema hoje foi que não transformamos em gol as chances que tivemos. Gostei da nossa defesa e criamos muitas chances de vencer o jogo, mas os gols não vieram", lamentou.
A seleção brasileira chegou à semifinal como favorita. O time comandado por Ferretti, estava invicto, com seis vitórias, 38 gols marcados (melhor ataque) e oito sofridos antes da partida contra os espanhóis.
A derrota fez com que o Brasil perdesse a chance de chegar à sua sexta conquista do Mundial. O time foi campeão em 1982, 1985, 1989 (ainda organizado pela Fifusa, Federação Internacional de Futsal), 1992 e 1996 (já pela Fifa).
| MUNDIAL DE FUTSAL | | Ano/Local | Campeão | Vice | | 1982/São Paulo | Brasil | Paraguai | | 1985/Espanha | Brasil | Espanha | | 1988/Austrália | Paraguai | Brasil | | 1989/Holanda | Brasil | Holanda | | 1992/Hong Kong | Brasil | EUA | | 1996/Espanha | Brasil | Espanha | | 2000/Guatemala | Espanha | Brasil | |
A equipe chegou ainda a outras duas finais, perdendo o título em 1988, para o Paraguai, em torneio disputado na Austrália, e na última edição do Mundial, na Guatemala, em 2000, quando os espanhóis venceram de virada por 4 a 3.
No entanto, é a primeira vez que cai na semi. E, pelo segundo Mundial consecutivo, os espanhóis são os responsáveis pela derrocada brasileira.
Esta foi a quinta partida entre Brasil e Espanha na história dos Mundiais. Antes do jogo em Taiwan, os brasileiros levavam vantagem, com três vitórias contra apenas uma derrota.
Tensão e derrota
A partida começou nervosa e equilibrada. Aos 3min, o Brasil criou a sua primeira chance. Falcão soltou a bomba do meio da quadra. O goleiro Luis Amado apenas olhou a bola tocar na sua trave esquerda e depois na direita antes de sair.
O lance fez com que a seleção espanhola se retraísse na defesa. Com isso, o time brasileiro apertou a marcação e passou a pressionar os atuais campeões mundiais.
Aos 12min, novamente Falcão finalizou com perigo. O ala encontrou espaço e chutou forte. A bola desviou na zaga e explodiu no travessão.
A Espanha pouco incomodava o gol de Franklin mas, aos 19min, assustou. Julio recebeu dentro da área pela esquerda e bateu em cima do goleiro brasileiro.
Logo no início da segunda etapa, os espanhóis abriram o placar. Aos 3min, Andreu avançou pela direita, driblou Neto e chutou forte, cruzado, no ângulo esquerdo do gol brasileiro.
No minuto seguinte, Falcão fez grande jogada individual e driblou praticamente o time inteiro da Espanha. Mesmo cercado por três jogadores, ele tentou o chute no canto esquerdo, mas a bola saiu rente à trave.
Três minutos depois, a Espanha saía para o ataque quando Neto roubou a bola no meio da quadra. O fixo tocou para Falcão, que rolou para Pablo, livre, dentro da área. O artilheiro da última Liga Futsal não teve trabalho para empatar a partida.
O 1 a 1 fez com que o jogo ficasse truncado. A Espanha marcava forte e tentava criar chances nos contragolpes. Novamente em uma roubada de bola, o Brasil chegou à virada. Aos 15min, Falcão evitou contra-ataque e tocou para Simi. O pivô recebeu e, de pé esquerdo, chutou cruzado, sem chance para o goleiro Luis Amado.
 | | | As chances brasileiras morreram nas mãos do goleiro espanhol Luis Amado |
O Brasil mal teve tempo de comemorar o gol. Em lance pela direita, o brasileiro naturalizado Marcelo chutou sem muita força, mas a bola desviou em Schumacher e acabou com as chances de defesa de Franklin.
Com o empate em dois gols, a decisão da vaga na final foi para a prorrogação. Os primeiros 5min foram de muita tensão, com os dois times evitando se expor no ataque.
A chance mais clara saiu aos 2min do segundo tempo. Em contragolpe, Falcão tocou para Euler, que dominou e bateu rasteiro no canto esquerdo. O mesmo Falcão tentou o carrinho para desviar para o gol, mas chegou atrasado na jogada.
A nova igualdade levou a decisão para os pênaltis. Na primeira cobrança, Franklin pegou chute de Kike no canto direito. Simi, em chute no alto, colocou o Brasil em vantagem. Torras empatou, mas Euler, com uma bomba no meio do gol, marcou 2 a 1.
Julio converteu para a Espanha mas, na seqüência, Índio bateu em cima de Luis Amado. Limones e Falcão também marcaram, decretando novo empate. O experiente Javi Rodríguez colocou no canto direito e marcou 4 a 3 para a Espanha, mas Schumacher novamente igualou, deixando a decisão para as cobranças intercaladas.
Andreu bateu com força no canto direito e fez 5 a 4 para a Espanha. Sobrou para Neto decidir. O fixo carimbou o travessão e acabou com as esperanças brasileiras de chegar à final.
BRASIL
Franklin; Neto, Euler, Simi e Falcão, depois Schumacher, Índio, Pablo e Vânder Carioca
Técnico: Fernando Coelho
ESPANHA
Luis Amado; Julio, Orol, Javi Rodríguez e Marcelo, depois Torras, Fran Serrejon, Limones, Kike e Andreu
Técnico: Javier Lozano
Data: 03/12/2004 (sexta-feira)
Local: National Taiwan University New Gymnasium, em Taipé (Taiwan)
Árbitro principal: Nestor Valiente (Paraguai)
Cartões amarelos: Índio (B), Fran Serrejon (E)
Gols: Andreu, aos 3min, Pablo, aos 6min, Simi, aos 15min, Marcelo, aos 15min do segundo tempo
Pênaltis: Simi, Euler, Falcão, Schumacher (B), Torras, Julio, Limones, Javi Rodríguez, Andreu (E)
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Falcão culpa Espanha e "loteria" por derrota no Mundial 
