| | 05/05/2004 - 17h26
Demitida, Georgette Vidor ataca presidente do Flamengo Da Redação
Em São Paulo
A técnica Georgette Vidor foi demitida na última terça-feira do Flamengo. Nesta quarta, ela atacou o presidente do clube, Márcio Braga, responsável por sua saída. Segundo ela, o presidente está adotando uma política que irá gerar o abandono do clube.
 | | | Prata de Daniele no Mundial de 2001 foi ponto alto da relação com a treinadora |
"Não sofro apenas porque foram vinte anos da minha vida inteiramente dedicados ao clube e à formação de pelo menos três gerações de ginastas campeãs. Sofro porque vejo na atitude do presidente do Flamengo a capitulação frente a uma política de abandono dos clubes e de não reconhecimento do valioso trabalho de formação de atletas que eles sempre fizeram e continuam fazendo, apesar de todas as adversidades", disse a treinadora, em comunicado oficial.
Georgette era supervisora geral de ginástica olímpica e trampolim acrobático e técnica-chefe da equipe principal feminina. Uma das profissionais mais reconhecidas da ginástica brasileira, ela trabalhava no clube desde 1985. Nesse tempo, formou várias atletas que estiveram entre as melhores do país, como Luisa Parente, que disputou as Olimpíadas de Barcelona-1992, e Daniele Hypólito, que disputou os Jogos de Sydney-2000 e ainda conquistou uma medalha de prata no mundial de Ghent, em 2001, nos exercícios de solo.
O motivo para a demissão, segundo o presidente Márcio Braga, foram os diversos problemas de relacionamento da treinadora com sua equipe. Georgette tem um relacionamento delicado com a Confederação Brasileira de Ginástica, tendo, inclusive, criticado a atual administração algumas vezes.
Outro problema aconteceu com a principal atleta do clube, Daniele Hypólito. Durante a etapa da Copa do Mundo de ginástica do Rio de Janeiro, em março, ela afirmou que a atleta deveria voltar a treinar em Curitiba, com o resto da seleção brasileira. Além disso, Braga considerou falta de poder de Georgette o fato de os aparelhos doados pelo Comitê Olímpico Brasileiro comprados para a Copa do Mundo não terem ficado no Flamengo.
Além de trabalhar com ginástica, Georgette é deputada estadual no Rio de Janeiro.
Confira na íntegra o comunicado de Georgette Vidor:
"Eu briguei pela Ginástica Olímpica do Flamengo e pelo Flamengo até onde não pude, que foi dentro do próprio Flamengo. É uma prerrogativa inquestionável do presidente Márcio Braga me demitir e é inegável que isso me traz um grande sofrimento. Não sofro apenas porque foram vinte anos da minha vida inteiramente dedicados ao clube e à formação de pelo menos três gerações de ginastas campeãs - sofro porque vejo na atitude do presidente do Flamengo a capitulação frente a uma política de abandono dos clubes e de não reconhecimento do valioso trabalho de formação de atletas que eles sempre fizeram e continuam fazendo, apesar de todas as adversidades. Sofro porque essa política não enxerga a função social mais profunda dos clubes e coloca em risco o futuro de diversos projetos de inclusão da juventude das comunidades de baixa renda, feitos por meio de convênios ou parcerias com os clubes e que têm neles a maior possibilidade de viabilizar tais ações.
A vida continua e seguirei em frente, não apenas como parlamentar que trabalha pelas pessoas com deficiência, pelo Esporte como fator de inclusão social e pela melhor qualidade de vida possível para as pessoas idosas. Em pouco mais de um ano de mandato consegui fazer com que mais de mil crianças que nunca tiveram a oportunidade de praticar esporte algum, hoje pratiquem ginástica olímpica. E é por isso que também continuarei trabalhando na minha profissão de técnica de ginástica olímpica, agora formando ginastas nas comunidades de baixa renda." |
