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  24/04/2007 - 09h04
Juarez, ex-Grêmio, faz campanha pela saúde dos idosos

Nico Noronha, do Pelé.Net

PORTO ALEGRE - No final da manhã desta segunda-feira, dia 23, um senhor de 78 anos se mostrava à vontade, sorridente e orgulhoso, vestindo mais uma vez a camiseta do Grêmio. A mesma tricolor, com listras verticais em azul, preto e branco, com a qual entrou para a história do clube e do futebol gaúcho como um dos mais raçudos e eficientes centroavantes já vistos nos gramados gaúchos. Nome do artilheiro: Juarez Teixeira. Apelidos: "Leão do Olímpico" e "O Tanque".

Ao contrário dos enlouquecidos torcedores que gritavam nas arquibancadas do Estádio Olímpico a cada gol que marcava nas já distantes décadas de 50 e 60 do século passado, nesta manhã ensolarada de abril os aplausos para Juarez vinham de uma comportada platéia composta, em sua maioria, por senhores e senhoras de idade já avançada. O gol de Juarez, dessa feita, foi o engajamento na campanha de vacinação de idosos contra a gripe, que objetiva atender mais de 120 mil gaúchos com 60 anos ou mais.

Divulgação 
Aos 78 anos, Juarez (d) dá exemplo na campanha de vacinação de idosos contra a gripe, que conta também com outros craques
"O Grêmio me convocou mais uma vez - a pedido dos órgãos de saúde de Porto Alegre e do Estado -, e eu fico muito feliz quando isso acontece", declarou Juarez, a instantes de iniciar uma série de fotografias relacionadas à campanha e de receber um agradecimento do Secretário de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, Osmar Terra.

Também integrados à campanha, outros três craques do passado, os colorados Larry e Elton; além de Milton Kuelle, parceiro de Juarez no Grêmio que era quase imbatível naquele período em que atuaram lado a lado.

Seis títulos em sete anos de Grêmio
O catarinense Juarez chegou a Porto Alegre em 1955 e assumiu a função de centroavante do Grêmio a partir do Campeonato Gaúcho de 1956. Foi campeão na temporada de estréia, repetiu a dose em 57, 58, 59. 60 e 62. Seis títulos em sete temporadas. Os colorados se apavoravam só dever aquela força da natureza entrando em campo com o fardamento tricolor do maior rival.

Parar Juarez era uma missão difícil, um tormento para os defensores do Inter. A violência não era suficiente. Parece que quanto mais batiam, mais ele se entregava à tarefa de buscar a rede inimiga. "Foi naqueles clássicos contra o Inter que surgiu o apelido de 'Tanque', algo que veio ao natural, da boca do povo, não houve ninguém em especial que me começou a me tratar daquele jeito", lembra o artilheiro.

Mas se tivesse que optar por um dos seus dois codinomes de guerra, o velho goleador não teria dúvidas em escolher a segunda opção. "Ah, não dá para comparar, eu sempre gostei muito mais de ser chamado de 'Leão do Olímpico', com toda certeza".

O Leão chegou a Porto Alegre após ter se destacado em seu estado, Santa Catarina, onde vencera o Estadual de 1954, defendendo o Caxias, da cidade de Joinville. Na chegada, os dirigentes gremistas tentaram fazer com ele um contrato longo, de dois anos, mas Juarez rejeitou. "Fiz questão de que fosse só por uma temporada e depois sim, caso gostassem mesmo de mim, faria um contrato maior".

Pois demonstrou tanta qualidade que ficou até 1962, saindo do Grêmio já com 34 anos, para viver uma experiência no exterior, defendendo por uma temporada o Newell's Old Boys, da Argentina.

O artilheiro não gostava de futebol na juventude".
O curioso da trajetória de Juarez Teixeira, que foi incluído entre os 11 melhores jogadores da história do Grêmio numa edição especial da revista Placar editada no ano 2000, é que na juventude nem gostava de jogar futebol. Acabou ingressando na profissão devido a outros interesses, como contou ao Pelé.Net em meio um largo sorriso e sob o olhar atento da companheira de 58 anos, Dona Paulina, catarinense de Blumenau, como ele.

"Eu tinha 18 anos, estava servindo o exército e havia um sargento que insistia para que eu fosse jogar no time do quartel, o que não queria. Então ele começou a me prometer folgas, disse que eu não iria mais tirar serviço e acabou assim me convencendo", lembra o Leão do Olímpico.

E depois daquele ingresso quase forçado no universo do futebol, Juarez não parou mais. Foi defender o Palmeiras de Blumenau, o Olímpico, também da cidade catarinense, passou pelo Jabaquara-SP, Ferroviário-PR, Caxias de Joinville e então chegou ao Grêmio, já quase um veterano, pois tinha então 27 anos. Mas a aposta na experiência do atleta que, devido à sua compleição física parecia mesmo um tanque - nem tanto pela altura, mas sim pelo corpo atarracado, puro músculo.

Após abandonar o futebol, tendo como último clube o Bagé, já em 1964, Juarez adotou Porto Alegre como cidade onde passaria a morar após a aposentadoria. Sua ligação com o Grêmio seguiu forte e permanece até hoje. É conselheiro do clube, atende pedidos para ajudar em campanhas ou eventos junto à comunidade com freqüência, e vai a todos os jogos do time atual, desde que realizados nos finais de semana.

"De noite não dá para ir, pois as partidas começam cada vez mais tarde, às vezes às 10 e não posso deixar a esposa sozinha em casa", explica, mais uma vez trocando um olhar de cumplicidade com Dona Paulina. Com ela teve duas filhas, a advogada Selma e a professora Mabel. Essas, por sua vez, lhe deram netos. "Quantos mesmo?" pergunta Juarez, socorrendo-se da parceira eterna. "São seis", responde ela, balançando a cabeça, como que numa velada crítica ao esquecimento do marido.

Há algumas semanas, foi homenageado pela Federação Gaúcha de Futebol, no meio do gramado do Estádio Olímpico, recebendo um troféu como um dos maiores jogadores da história da competição. "Não sei porque me escolheram", avaliou, demonstrando surpresa e como se não soubesse o valor de seus feitos pelo Grêmio.

Um "leão" modesto.


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