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  06/02/2007 - 10h01
À procura de novo time, Jamelli se divide entre café e bola

Bruno Thadeu, especial para o Pelé.Net

SANTOS - O meia-atacante Jamelli, 32, preferiu não esperar encerrar a carreira nos gramados para iniciar outra atividade, ao contrário da grande maioria dos atletas, e investiu em um projeto paralelo e distinto do universo do futebol: ele administra desde o início do ano uma cafeteria em Santos, no nobre bairro do Gonzaga.

JAMELLI, ENTRE A BOLA E O CAFÉ
Arquivo/Folha Imagem
Meia Jamelli vibra após gol em sua breve passagem pelo Corinthians durante 2003
Divulgação
Jamelli posa com a camisa do Shimizu, clube que defendeu no Japão em 2004
Bruno Thadeu/UOL
Hoje, Jamelli comanda sua franquia de café em região nobre da cidade de Santos
Apesar de comandar um ramo que em nada se relaciona aos campos, o jogador enfatiza que seu ciclo no futebol ainda não terminou. Houve apenas uma pausa; Jamelli não atua profissionalmente desde o início do ano passado, quando sofreu um sério problema no joelho em sua passagem pelo Atlético-MG.

"O pessoal acaba me vendo na cafeteria e pensa que eu encerrei a carreira. Mas quero avisar que eu ainda tenho muito a jogar e que dei um tempo porque tive uma séria contusão no ano passado. Estou totalmente recuperado e conversando com clubes para participar deste Paulistão já para as próximas rodadas", esclarece Jamelli, enquanto servia um café à reportagem.

Neste período afastado da bola, o experiente meia aproveitou para concluir a faculdade de Gestão de Esportes e conseguir o registro para treinar equipes de futebol. Jamelli ainda não sabe em qual função pretende assumir após terminar a carreira.

"O pensamento do público de que eu havia largado o futebol aumentou depois que eu obtive a carteira para exercer a função de treinador e ter cursado faculdade. Fiz várias coisas fora do campo e investi nesses cursos para ter maior qualificação na área esportiva. Quem sabe eu vire treinador, diretor de clube ou mesmo empresário de atletas", acenou.

De simples cliente de uma ilustre rede de cafés, Jamelli decidiu ir adiante e adquiriu uma franquia. A cafeteria do jogador funciona 24 horas por dia e oferece também almoço, sopa, e lanches.

"Achei interessante abrir uma franquia porque eu e minha mulher sempre fomos clientes. Já tínhamos noção do serviço prestado pela marca. O jogador precisa pensar em seu futuro pós-futebol bem antes de encerrar a carreira para que não fique sem rumo, como muitos por aí. Na verdade, quem manda aqui é minha esposa. Eu sou apenas o garoto-propaganda", brinca Jamelli, que passou por dois meses de curso antes de inaugurar o local.

FORA DO FUTEBOL, MEIA JAMELLI VIRA TRIATLETA
Para manter a forma física enquanto negocia seu retorno ao futebol, Jamelli encontrou no triatlo a melhor maneira de seguir em dia com a balança. A modalidade reúne corrida a pé (10 km), nado (1,5 km) e ciclismo (40 km). O atleta, inclusive, foi um dos competidores do 16º Triatlo Internacional de Santos, realizado em 4 de fevereiro.

O interesse pelo triatlo ocorreu após conselho de um amigo. "Eu corria e pedalava diariamente pela orla. Daí, um colega sugeriu para que eu fizesse triatlo, pois só estava faltando a natação no meu treinamento. Achei legal fazer esses exercícios como uma forma de manter meu condicionamento em dia".

Conhecido por ser uma das modalidades das mais desgastantes, o triatlo ainda "é muito mais fácil perto do futebol", avalia Jamelli. "O triatlo te exige bastante, mas considero o ritmo no futebol muito mais puxado. No triatlo você põe aquele ritmo e vai embora. No futebol não tem isso, porque você não está sozinho par decidir sua estratégia, como no triatlo. Tem o cara que te atrapalha para chutar a bola e tudo pode mudar em apenas uma simples jogada", comparou.
Sua última aparição no futebol aconteceu no Atlético-MG, no ano passado. Jamelli sequer estreou pelo clube mineiro já que uma infecção bacteriana no joelho o impediu de defender a equipe. O meia era a maior aposta do Atlético rumo à elite do Brasileirão. Jamelli, porém, acertou sua saída do clube meses antes do triunfo mineiro. Ficou de março a junho no time de Minas.

"Fui contratado pelo Atlético especialmente para trazer o clube à primeira divisão e possuía um dos maiores salários do elenco. Infelizmente, tive uma infecção no joelho, contraída em contato com bactérias no gramado, e teria que ficar mais de três meses parado. Eu sempre honrei os clubes por onde passei, mas não pude fazer o mesmo no Atlético devido à lesão. Achei uma enorme injustiça receber do clube sem jogar, e injustiça também com os jogadores, que ganhavam menos e estavam lá batalhando pelo time. Pedi para sair para não manchar minha imagem. A diretoria compreendeu meu gesto e saí pela 'porta da frente' do Atlético", explica Jamelli.

Definitivamente recuperado, Jamelli, entretanto, estabeleceu uma condição para retornar aos gramados: o clube não deve ficar muito distante do Estado de São Paulo, a não ser que haja uma oferta bastante interessante. Com o intuito de fincar raízes no litoral paulista e não prejudicar os estudos dos filhos, ele deve rechaçar uma proposta vinda da Coréia.

"Botei como meta jogar em um clube por aqui. Tenho três filhos que estão na fase de colégio e não seria interessante nesta fase fazer as malas novamente. Recebi propostas de alguns clubes de São Paulo, mas não achei interessante. E os clubes que me interessariam ainda não me procuraram. A idéia era ir, no máximo, até Campinas. Isso vale para os clubes grandes ou quem sabe um São Caetano, Santo André, Ponte Preta, até mesmo Juventus. Eu mesmo cuido da minha carreira e já tenho uns contatos iniciados. Preciso apenas de uma semana de treinamento para readquirir ritmo", informou o meia.

Um dos clubes que fizeram contato foi o Santos, porém, as conversas não evoluíram. "Entrei em contato com o Vanderlei e tenho excelente relacionamento com o [presidente] Marcelo Teixeira, mas o Santos já tem atletas com idade avançada, como o Antônio Carlos, o Zé Roberto, o que tornou mais difícil", conta.

Expressinho e Santos de 95
Integrante de uma geração de atletas formados no São Paulo no começo dos anos 90, Jamelli comemora o sucesso dos integrantes do 'expressinho' tricolor, composto por atletas recém-alçados ao profissional, que hoje são jogadores renomados, entre os quais Rogério Ceni, André Luiz e Juninho Paulista.

"O time principal do São Paulo fazia excursões, e o expressinho não só soube representar, como conquistou títulos. O mais interessante de tudo é que praticamente todo aquele time, que tinha o Muricy como treinador, conseguiu carreiras vitoriosas adiante", disse Jamelli, campeão da Copa Conmebol de 94 ao eliminar, na semifinal, o time titular do Corinthians, equipe que o contratou em 2003, em passagem apagada.

Pelo Santos, Jamelli celebra a participação alvinegra no Brasileiro-95, cujo título foi perdido para o Botafogo em uma atuação contestada do árbitro Márcio Rezende de Freitas, que anulou gol legítimo do Santos e validou gol irregular do botafoguense Túlio.

"Já é passado. Não deixou traumas, até porque até hoje não só os santistas, mas os torcedores de Corinthians, São Paulo e Palmeiras, me param na rua para reconhecer que o time foi prejudicado na final e que não merecia perder daquela maneira", destacou Jamelli.


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