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  25/09/2006 - 13h13
Agronegócio vê touro ganhar força no futebol do MT

Danilo Valentini, especial para o Pelé.Net

SÃO PAULO - Uma substituição de impacto está sendo preparada no futebol mato-grossense: patrocinado e presidido pelo principal executivo do grupo que mais produz soja no mundo, o nunca campeão União de Rondonópolis passará a ser administrado ainda em 2006 pelo proprietário do mais premiado e valorizado touro da raça Nelore do Brasil, o Panagpur, de 16 anos.

O PELÉ DA RAÇA NELORE
Crédito
Considerado por quatro vezes como o maior reprodutor do país, hexacampeão de exposição da raça Nelore e com 'herdeiros' espalhados por Estados Unidos e América do Sul, o touro Panagpur pode impulsionar investimentos ao União Esporte Clube .

"O Panagpur leva o nome de Rondonópolis e do Mato Grosso para a América Latina inteira. Tenho orgulho disso, e é claro que podendo vamos ajudar, fazendo meus investimentos e proporcionando alegria à população", diz Francisco Castro, o Chico da Paulicéia.

Fã número 1 do animal, o fazendeiro trata Panagpur como craque. O touro vive em uma propriedade especializada em coleta de sêmen, em Sertãozinho, no interior de São Paulo.

"Discutir touro nelore é a mesma coisa que discutir sobre quem foi melhor jogador de futebol. O Panagpur é o Pelé, mas também tem muito touro Maradona, Zico e Ronaldinho Gaúcho".

O touro, porém, não deve virar, pelo menos a princípio, o garoto-propaganda do clube que o fazendeiro passará a administrar. "Por hora não temos essa intenção, o marketing do Panagpur é dirigido aos pecuaristas. Mas tudo pode acontecer", diz Chico.
Clube surgido em 1973 na região que anos mais tarde se tornaria referência na produção do grão e dono da maior média de público do Estado nos últimos dois campeonatos estaduais, mesmo levando apenas 5 mil pessoas ao 'Luterão' (Engenheiro Lutero Lopes), o União Esporte Clube tem a transição de poder e o seu novo -e ambicioso- plano de administração já com prazo definidos.

Marcada para o dia 7 de outubro, a eleição não deve apresentar surpresas e consagrar a vitória do único candidato que apareceu até agora, o fazendeiro Francisco Olavo Pugliesi de Castro, aliado e indicado pelo atual mandatário do clube, o executivo Pedro Jacyr, que é presidente do Grupo Amaggi, gigantesca companhia formada por André Maggi, pai do atual governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, conhecido informalmente como 'O Rei da Soja'.

Conhecido como Chico da Paulicéia -nome de sua fazenda-, o virtual novo administrador do União de Rondonópolis herda um clube que vive de uma teia de patrocinadores que transitam pelo mesmo meio de atuação, o agronegócio, e consciente que o status de ser dono do touro que já produziu 350 mil doses de sêmen -gerando não menos do que 200 mil bezerros- pode atrair outras empresas dispostas a encampar a sua idéia, que é "formar uma equipe altamente competitiva" e que "logo seja conhecida em nível nacional".

Estampando o nome do Grupo Amaggi na camisa e com apoio financeiro de multi-nacionais do porte de Monsanto (herbicidas e biotecnologia) e John Deere (maquinário agrícola), o clube pretende usar cada vez mais o agronegócio como peça de marketing.

"Rondonópolis já é ponto de referência do agronegócio nacional, e tem de ter uma equipe de renome, e essa equipe é o União", afirma Chico da Paulicéia, ávido por manter o perfil de investimentos da equipe. "Tenho meus fornecedores, sou cliente de grandes empresas pecuárias e vou buscar, no mínimo, apoio para o União. Se não for na camiseta, algum patrocínio deve vir da parte pecuária", adianta o fazendeiro, que repete postura do futuro antecessor e se nega a divulgar valores.

Responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros, segundo dados de 2004 do Ministério da Agricultura, o agronegócio tem no Mato Grosso e, especificamente, em Rondonópolis, a sua sede. E para viabilizar marca, 'vender' a cidade e buscar retorno com negociações rápidas, o União virou uma grande ferramenta.

"O dinheiro do agronegócio gira em Rondonópolis com mais avidez, e é natural que o retorno seja para equipes daqui", diz o empresário, que vai tentar dar ao clube o seu primeiro título em mais de 33 anos de história e uma série de vice-campeonatos estaduais.

Clube-empresa

Otimista com a estrutura deixada por seu antecessor, Chico tem como metas a finalização de um centro de treinamentos que já conta com dois campos oficiais e "requer muito dinheiro" para ganhar outros dois, centro médico e alojamento para 60 jogadores, como declarou Pedro Jacyr. O custo total seria de R$ 2 milhões. Além de caçar uma conquista para o clube, que nos últimos tempos teve de conviver com a ascensão do Vila Aurora, campeão mato-grossense de 2005.

"Vou manter o mesmo grupo de apoio (de empresários) ao União e investir nos atletas. O trabalho feito até agora foi muito bom, formamos grandes equipes e só por obra do destino não se sagrou campeão", diz Chico, que vislumbra obter sucesso na Série C de 2008. "É mais plausível do que conseguir em 2007, porque o futebol do Mato Grosso está crescendo e vai continuar crescendo".

O fazendeiro, porém, pondera. "Uma grande equipe não vive só de estrelas. Não pretendo fazer do União de Rondonópolis o Real Madrid do Mato Grosso", ironiza Chico, citando o elenco de galácticos da equipe espanhola, que conquistou seu último título na temporada 2002-03.

Abatido por não ter dado ao clube o inédito título, o executivo Pedro Jacyr tenta conter a decepção. "Não teve nada que marcou negativamente, mas não consegui atender à expectativa do torcedor, que era uma conquista, nem construir toda estrutura do CT".

Mas, mesmo fora do comando, com participação indireta na direção do União, Pedro Jacyr continua com planos ambiciosos para o clube. "Já coloquei para a próxima diretoria que é preciso o União fazer parceria, constituir empresa e buscar cotistas, que se comprometeriam a concluir o CT e explorariam as categorias de base do clube".

O executivo, porém, faz de tudo para desatrelar seu papel de dirigente ao cargo de presidente do Grupo Amaggi, que registra exportações anuais de soja, farelo e óleo que se aproximam de 2,8 milhões de toneladas.

"Não quero deixar vínculo com a empresa, que prima pela imparcialidade e não torce para ninguém. É o dirigente que tem sua preferência e a empresa só tem de avaliar o seu retorno", diz Pedro Jacyr, que reitera que o Amaggi fez publicidade na camisa de outras nove equipes no último campeonato estadual e que vê como grande risco para o União de Rondonópolis a demora para ganhar um título, o que poderia prejudicar os planos de investimento segmentado do agronegócio.

"Mesmo não tendo conquistado título, agregamos essa gente, porque quem avalia o retorno é eles, e é claro que os patrocinadores gostariam de ver o time melhor, e pode acontecer de se cansarem mais cedo ou mais tarde", avalia Pedro Jacyr, que pretende passar o comando total da administração do clube a Chico da Paulicéia até o começo de dezembro.


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