! Inter encerra estigma e conquista a Libertadores - 17/08/2006 - UOL Esporte - Futebol
UOL EsporteUOL Esporte
UOL BUSCA


  17/08/2006 - 00h00
Inter encerra estigma e conquista a Libertadores

Marcius Azevedo
Enviado especial do Pelé.Net
Em Porto Alegre

IMAGENS DA DECISÃO
Folha Imagem
Torcida lotou o Beira-Rio

Reuters
São-paulinos também deram apoio à sua equipe

Folha Imagem
Inter fez mandinga no gol

EFE
Rogério Ceni falha e solta a bola dentro da área

Reuters
Fernandão aproveita o erro...

Reuters
... e comemora o 1º gol

Reuters
Fabão empata o jogo

Folha Imagem
Tinga marca de cabeça

AFP
Lenílson empata outra vez

Folha Imagem
Fernandão ergue a taça

Acabaram as brincadeiras dos rivais gremistas. O Internacional, enfim, virou internacional. Diante de um Beira-Rio totalmente lotado, o time gaúcho foi pressionado pelo São Paulo, campeão da Copa Libertadores e do Mundial no ano passado. No entanto, a despeito da falta de experiência, a equipe da casa conseguiu se segurar, empatou por 2 a 2 (Fernandão e Tinga anotaram os gols mandantes e Fabão e Lenílson determinaram a igualdade para a equipe tricolor) e afastou os seus fantasmas. Assim, conquistou o título pela primeira vez em sua história e transformou esta quarta-feira na data mais importante desde sua fundação, no dia 4 de abril de 1909.

"Cara, é complicado demais você conviver com essa imagem de chegar e nunca conquistar nada. Foi assim que a gente foi tratado durante muito tempo aqui no Rio Grande do Sul, mas o Internacional deu a volta por cima. Chega de ser taxado como time perdedor", comemorou o meia Alex, aliviado, depois da conquista. "Esse clube era grande demais para não ter um título assim. Não era justo e nós conseguimos entrar para a história da equipe. Foi uma justiça a toda a estrutura do Internacional", concordou o zagueiro Fabiano Eller.

A redenção do Internacional foi acompanhada por uma vitória pessoal do técnico Abel Braga. Depois de perder duas decisões da Copa do Brasil (uma para o Santo André com o Flamengo e outra para o Paulista com o Fluminense) e uma do Campeonato Gaúcho (para o rival Grêmio), todas como mandante, o comandante se recuperou e conquistou o título.

"Eu sempre perguntava se não ia chegar um dia em que Deus olharia para mim e me abençoaria assim. Um dia em que ele faria como fez com o Romário, olharia e diria que eu sou o cara. E depois disso tudo eu consegui continuar trabalhando. O resultado está aí, com essa conquista maravilhosa. O Internacional merece tudo isso, até por todo o trabalho que fez", enalteceu o comandante colorado, que treinava o time gaúcho que foi eliminado nas semifinais da Copa Libertadores em 1989.

Mais incisivo, o volante Tinga ressaltou a participação de Abel Braga para a conquista do Internacional: "Apesar das derrotas que ele teve na carreira, ninguém nunca questionou a qualidade dele. E depois dessa taça, acho que ele merece uma estátua no Beira-Rio".

A emoção de Abel Braga, chorando no gramado do Beira-Rio, foi o principal retrato da redenção do Internacional. A equipe gaúcha disputou a segunda decisão da Libertadores em sua história e se recuperou da derrota para o Nacional do Uruguai em 1980. "Estávamos engasgados. Todo torcedor sabe quanto essa conquista era necessária para a nossa história e nós conseguimos colocar o nome do clube no lugar de direito", festejou o atacante Rafael Sobis, torcedor confesso do time de Porto Alegre.

Para chegar ao primeiro triunfo continental de sua história, o Internacional teve como arma fundamental o estádio Beira-Rio. O time gaúcho disputou sete partidas como mandante na competição e acumulou cinco vitórias e dois empates.

Assim, os gaúchos vêem o apogeu de uma equipe que começou a ser formada em 2002. Naquele ano, depois de quase ter sido rebaixada no Campeonato Brasileiro da temporada anterior (terminou na 21ª colocação de uma competição com 26 clubes e só escapou do descenso na última rodada), os gaúchos iniciaram o trabalho que culminou com a taça desta quarta. O curioso é que o técnico responsável pela equipe colorada no começo da trajetória era justamente Muricy Ramalho, atualmente no São Paulo.

O São Paulo, aliás, perdeu a chance de aumentar sua soberania entre os brasileiros na América do Sul. O time paulista havia conquistado a Copa Libertadores no ano passado e alcançou a decisão do torneio pela sexta vez em sua história. A derrota, no entanto, impediu o time tricolor de conquistar o título pela quarta vez.

A derrocada do São Paulo neste ano foi representada por uma falha de seu maior ícone. Capitão e maior ídolo do atual elenco, o goleiro Rogério Ceni não segurou um cruzamento aos 29min do primeiro tempo e permitiu o gol marcado por Fernandão, que abriu o placar no Beira-Rio.

 INTER X SÃO PAULO 
16Faltas cometidas19
3Finalizações certas8
3Finalizações erradas11
110Passes certos290
60Passes errados66
24Dribles18
"Infelizmente, nem sempre você consegue acertar. O futebol é assim e ninguém trabalha para que as coisas não funcionem. Mas eu assumo a minha parcela de culpa por essa derrota. Queríamos muito o título e sabemos que a nossa torcida merece, mas enfrentamos uma grande equipe e o Inter está de parabéns", comentou, cabisbaixo, o goleiro Rogério Ceni.

O desânimo do camisa 1 do São Paulo aconteceu simultaneamente a uma intensa festa do Internacional. Enquanto os jogadores colorados comemoravam no gramado do Beira-Rio, a torcida permaneceu nas arquibancadas para enaltecer a maior conquista da história do clube gaúcho, que vai disputar o Mundial de clubes da Fifa no fim desta temporada.

INTERNACIONAL
Clemer; Índio, Fabiano Eller e Bolívar; Ceará, Edinho, Tinga, Alex (Michel) e Jorge Wagner; Fernandão e Rafael Sobis (Ediglê)
Técnico: Abel Braga

SÃO PAULO
Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Edcarlos (Alex Dias); Souza, Mineiro, Richarlyson (Thiago), Danilo (Lenílson) e Júnior; Leandro e Aloísio
Técnico: Muricy Ramalho

Local: estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Árbitro: Horacio Elizondo (Argentina)
Auxiliares: Rodolfo Otero e Darío García (ambos da Argentina)
Cartões amarelos: Fernandão (I), Jorge Wagner (I), Aloísio (S), Tinga (I) (2), Bolívar (I), Alex (I), Edinho (I)
Cartão vermelho: Tinga (I)
Gols: Fernandão, aos 29min do primeiro tempo; Fabão, aos 6min, Tinga, aos 20min, Lenílson, aos 40min do segundo tempo

Leia mais

Veja também


ÚLTIMAS NOTÍCIAS
03/09/2007
Mais Notícias