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  18/04/2006 - 15h19
Alex Rossi, o indomável, hoje atua em rodeios

Nico Noronha

PORTO ALEGRE - Cacequi é uma cidade pequena do Interior gaúcho, 15 mil habitantes, localizada a 412km da capital Porto Alegre. Numa fazenda distante 6km do centro urbano, mora um de seus mais ilustres habitantes, o ex-jogador de futebol Alex Rossi, lá nascido em 1968, e que depois de correr o mundo marcando gols e ganhando algum dinheiro, retornou à terrinha natal. Hoje, além de cuidar da fazenda, mantém a forma física participando de rodeios, cavalgando e participando de provas denominadas "tiros de laço".

Alex, que na próxima semana completará 38 anos, foi um andarilho do futebol e viveu seus melhores momentos no Internacional, onde foi campeão gaúcho em 1991, tendo sido o grande herói dos vermelhos naquela temporada; e no Cerro Portenho, do Paraguai, onde conquistou o campeonato nacional de 1992, num time que tinha o amigo Valdir Espinosa como treinador.

"Corri o mundo e vivi grandes momentos, mas não foi nada fácil como pode parecer", disse ele ao Pelé.Net, através de um celular que por vezes perdia o sinal, tamanha a distância da localidade onde mora das torres de transmissão da empresa de telefonia.

E de fato ele correu o mundo, pois depois de se tornar profissional, defendeu nove clubes brasileiros, além de ter jogado na Espanha, no Peru, na Argentina e no Paraguai. Uma caminhada no universo do futebol extremamente agitada, totalmente oposta à tranqüilidade campeira que é sua rotina neste novo século.

Herói do Inter começou no Grêmio
As dificuldades maiores foram no começo da carreira, logo após ter deixado a sua Cacequi para atuar nas categorias de base do Grêmio. Criado no campo, teve dificuldades de adaptação à cidade grande e, além disso, era o que o pai José e a mãe Enedina denominavam de "guri inquieto". Tanto que o Grêmio, apesar de ver potencial no menino, o liberou logo para tentar seguir carreira no Rio de Janeiro, no Fluminense.

"Lá também não deu certo e me mandaram de volta para o Rio Grande", lembra ele, sobre um momento que poderia ter sido um fim prematuro. Mas destacou-se no Internacional da cidade de Santa Maria, na região central do Estado, e lá foi buscado pelo grande Inter de Porto Alegre, em 1990.

E foi no Beira-Rio, no ano seguinte, que tudo começou a mudar. Escalado surpreendentemente como titular no primeiro jogo da final gaúcha daquela temporada, transformou-se em herói. Fez o único gol da partida e comemorou de uma forma enlouquecida. Puxou a camiseta vermelha sobre a cabeça e, sem a visão, já que os olhos ficaram cobertos, correu rumo à torcida e voou sobre as placas de publicidade, num salto improvável e perigoso.

Aquela final foi disputadíssima. O Grêmio ganhou o segundo jogo, por 2x0, mas devido à melhor campanha na competição o Inter foi para a terceira e decisiva partida com a vantagem do empate. Alex outra vez foi fundamental. O Grêmio, na reta final do Gauchão trouxera de volta seu maior ídolo, Renato Portaluppi, apostando que seria ele o fator de desequilíbrio. Mas o atacante colorado armou uma confusão, provocou, fez falta em Renato, esse revidou, se empurraram e ambos acabaram expulsos. O jogo acabou 0x0 e o Inter foi o campeão.

"Touro Indomável", o apelidaram
Alex Sandro Rossi, após aquele desempenho, passou a ser conhecido no Rio Grande como "Touro Indomável". Disseram, inclusive, que teria jogado sob uso de doping as finais do Estadual, o que ele considera uma grande injustiça que lhe fizeram.

"Não sei direito como surgiu aquela história, pois nem fui sorteado para o exame antidoping. O Célio Silva e o Simão é que foram chamados. Acho que foi pelo fato de que naquela jogo em que fiz o gol, passei mal e vomitei no vestiário", comenta o atacante.

Na verdade, diz ele, ter problemas desse tipo foram uma constante em sua carreira. "Em 92, quando fomos campeões paraguaios, eu fiz o gol da semifinal, no 1x0 sobre o Olímpia, e vomitei no gramado antes mesmo do jogo acabar", recorda.

Depois de ser campeão nacional no Paraguai se transferiu para o Rosário Central da Argentina, andou pelo Universitário do Peru, defendeu o Osauña da Espanha e então voltou para o Brasil, onde se tornou um cigano, atuando em diversos clubes, entre eles o Corinthians, onde ficou apenas alguns meses. "Mas ainda ganhei um 'Ramón Carranza', em 1997", conta, com orgulho.

Ele diz que ainda poderia jogar
O encerramento da carreira profissional foi em 2003, no Tupi-MG, quando estava com 35 anos. Ele considera que até foi precipitada a decisão. "Estou me sentindo muito bem. Mantenho a forma jogando 'peladas' com os amigos e participando de rodeios, em provas como o tiro de laço", revela, a respeito de suas lides campeiras.

Com convicção, diz que ainda poderia estar jogando futebol. "Se hoje me dessem o treinamento daqueles de uma pré-temporada, entraria voando em campo". Mas isso não tem maiores possibilidades de ocorrer e quem deve vestir a camisa do Inter nos próximos dias é seu filho Pedro, de 16 anos. "Na próxima semana vou a Porto Alegre levar ele, pois vai jogar nas categorias de base", informa, com orgulho.

Pedro é o mais velho dos três filhos, frutos do seu primeiro casamento. Gerou, ainda, Sandro, que está com 12, e Bruno, de 3. Atualmente vive com Márcia, e ao lado dela, na fazenda, à distância, acompanhará a caminhada do primogênito. "Aqui na fazenda sempre há muito o que fazer", explica, justificando a necessidade de lá permanecer.

A casa é grande e, além dele e da esposa, abriga os pais, o irmão Juliano e a mana Luciana. Vivem do arrendamento de terras que ele ajudou a adquirir em suas andanças pelo mundo, quando era um "touro indomável".


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