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  17/03/2006 - 13h16
Saad projeta volta aos gramados após 13 anos

Augusto Zaupa, especial para o Pelé.Net

SÃO PAULO - Longe do futebol profissional masculino há 13 anos por brigas políticas em São Caetano do Sul, o Saad Esporte Cube pretende voltar a disputar o Campeonato Paulista em 2007. Atualmente a agremiação possui apenas a equipe feminina, que conta com cinco atletas da seleção brasileira que conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004.

As atividades do time que teve craques como Dorval, Coutinho e o folclórico Rui Ramos --que defendeu a seleção japonesa e participa da comissão técnica do Tokyo Verdy--, se encerraram em 1989 quando o empresário e fundador do clube, Felício José Saad, se recusou a entregar a administração do clube ao ex-prefeito de São Caetano do Sul, Luiz Tortorello.

A história também é relatada no site da prefeitura do município. "Após uma frustrada tentativa de alteração do nome do Saad Esporte Clube, esportistas da cidade, coordenados por Jayme Tortorello e sob a liderança do, então, prefeito municipal Luiz Tortorello, resolveram fundar a Associação Desportiva São Caetano. Um velho sonho de todos os esportistas da cidade". Trata-se do Azulão. O político morreu em dezembro de 2004 por insuficiência respiratória em decorrência de infecção pulmonar.

De acordo com Romeu Carvalho de Castro, atual presidente da equipe, o Saad tinha acordo com a prefeitura para usufruir do estádio Lauro Gomes. Mas o trato foi desfeito quando Tortorello foi eleito e resolveu criar um time com o nome da cidade. O político pretendia assumir a administração do clube, fundado em 1961, e injetar dinheiro público, o que não agradou Felício, que também faleceu por causa de uma parada cardíaca, em outubro de 2005.

SUPERANDO ROMÁRIO

Apesar do número de gols anotados na carreira estar aquém do astro Romário, a atacante Michael Jackson supera o vascaíno na idade. A jogadora está com 42 anos, dois a mais que o Baixinho.

"Não tenho o mesmo faro de gol dele, mas estou à frente dele na idade", brincou. "Apesar de já ter passado dos 40 anos, ainda tenho muito pique para jogar, estou numa ótima condição física e batendo um bolão", completou a jogadora, que luta há 23 anos contra a falta de verba no futebol feminino.

"Já disputei três Copas do Mundo e uma Olimpíada, e mesmo assim não consigo viver apenas do futebol. Montei uma escolinha de futebol na minha cidade, Valença (RJ), para retirar um dinheiro a mais e viver bem", desabafou.
"Isso foi um tremendo erro porque cortaram as relações que o Saad tinha com a torcida. O ex-prefeito queria mudar o nome do Saad e aproveitar que estávamos em uma divisão intermediária no Paulista, o que iria facilitar para conseguir patrocinadores. Por causa disso, nos transferimos para Águas de Lindóia e jogamos os campeonatos de 91 e 92 por lá. Mas por causa da falta de apoio, resolvemos pedir licenciamento no masculino à Federação Paulista em 1993", disse Castro.

Passada a briga nos bastidores, o objetivo do lendário time é fechar com patrocinadores até o mês de setembro para voltar a disputar a quarta divisão do Paulistão na próxima temporada.

"Quando acharmos um parceiro ideal, vamos oficializar a parceira. A idéia inicial é nos classificarmos à série A3 em dois anos e chegar à primeira divisão em 2011", analisou Castro, que sonha em ter o apoio do ex-jogador Carlos Alberto Torres, tricampeão mundial em 1970.

"Ele não jogou no Saad, mas temos um bom relacionamento. Para conseguirmos dinheiro, pretendemos negociar o vínculo dos novos talentos com clubes do exterior e fazer amistosos fora. E aí que entra o Carlos Alberto Torres. Ele vai nos ajudar a colocar os garotos no futebol árabe por ter um relacionamento íntimo com eles. Mas vamos educar esses jogadores a entender a cultura de lá de fora para terem sucesso", disse. "As transferências também irão auxiliar a equipe feminina, na qual temos custos de R$ 45 mil por mês, mas o ideal seria elevar isso para R$ 60 mil", completou o mandatário.

LUTA FORA DO CAMPO
Depois de barrar o avanço das adversárias por 17 anos na seleção brasileira, a zagueira Marisa, 39, dribla as dificuldades de estar do dia a dia trabalhando em uma banca de frutas. Ela, que já passou pelo futebol chinês, norte-americano, italiano e argentino, está à procura de um clube.

"Para não ficar dependendo de pai e mãe e ganhar o meu dinheiro, abri uma barraca de frutas aqui no Rio [localizada na rua Santo Expedito, no bairro Magalhães Bastos] há quase um ano. Não tenho vergonha disso, pois é um trabalho como outro qualquer", disse a jogadora, que usou a braçadeira de capitã do Brasil por 12 anos.

A defensora, que ainda espera por uma oferta para atuar na temporada 2006, também trabalha com 400 crianças em um projeto da Prefeitura do Rio. Ela pretende colocar no futuro alguns de seus atletas no Saad.
O projeto de retorno agrada a Coutinho, que foi campeão do mundo pela seleção brasileira na Copa do Mundo do Chile-1962. Ele defendeu o Saad em 73, quando estava prestes a se aposentar. "Acho legal muito legal, nunca deveria ter parado. Mas, infelizmente time pequeno não tem muito apoio, este é o problema. Se pedirem a minha ajuda, vou dar toda força nesta volta", disse.

Companheiro no time daquele ano, Dorval também elogiou os planos de volta aos gramados. "Foi uma boa passagem. Estava parando de jogar, mas fiquei feliz em defender o time ao lado do Coutinho e do Joel. O Saad merece todo o apoio", comentou o ex-santista.

Enquanto o sonho não é realizado, Castro segue suando para manter o time feminino, que tem em seu elenco 15 jogadoras que tiveram passagem pela seleção. Entre as mais conhecidas estão Michael Jackson, Roseli e Formiga. As duas últimas conquistaram a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, junto com a goleira Andréia, a zagueira Tânia Maranhão e a atacantes Maycon, que também estão no elenco do Saad.

O clube disputará o Torneio Rio-SP feminino, que acontece entre os dias 20 e 29 de março, nas cidades de Americana e Nova Odessa. O Saad está no Grupo B, ao lado do Trindade-RJ, Motorola/Jaguariúna-SP e Campo Grande-RJ. Na outra chave estão Araraquara-SP, CEPE-Caxias/RJ, Rio Branco de Americana-SP e Comercial-RJ.

"Criamos uma ligação afetiva muito grande. Mesmo jogando fora de casa, conseguimos levar cerca de 1.000 pessoas a cada partida. Mas mesmo assim, ainda não temos o apoio ideal. Manter um time de futebol feminino no Brasil é uma luta sem fim. Além do apoio da prefeitura de Águas de Lindóia, o fluxo de caixa é mantido porque conseguimos marcar amistosos fora do país, principalmente nos EUA. Queremos dar uma situação confortável para as atletas, pois muitas já tiveram um passado sofrido", desabafou o dirigente.

Mas apesar do Saad já ter agendado data para colocar o time masculino em campo, o clube pode ficar sem sede nos próximos meses. Isso porque o time exige mais infra-estrutura para seguir em Águas de Lindóia. "Recebemos ajuda nas acomodações, estádio e transporte. Mas precisamos de mais investimento, principalmente na área de alimentação. Se não ficarmos na cidade, já temos ofertas de outros municípios", disse Castro.


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