! Irmão de Ronaldinho monta o Porto Alegre FC - 09/02/2006 - Pelé.Net - Revista
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  09/02/2006 - 08h54
Irmão de Ronaldinho monta o Porto Alegre FC

Nico Noronha, do Pelé.Net

PORTO ALEGRE - O bebê deu seu primeiro passo na tarde calorenta desta quarta-feira, no gramado recém aparado do estádio localizado no bairro Lami, a 30km do centro da capital gaúcha. O recém-nascido apenas empatou em 1x1 com o Garibaldi, em sua estréia, partida válida pelo Campeonato Gaúcho da Série B. Resultado nada preocupante. Os primeiros movimentos de uma criança sempre são imprecisos, frágeis. O passo foi dado pelo Porto Alegre Futebol Clube, a mais nova associação de futebol da cidade, que fez sua primeira apresentação oficial.

O pai do Porto Alegre é Roberto de Assis Moreira, o ex-jogador do Grêmio Assis, hoje procurador e orientador de seu irmão mais novo, Ronaldo Moreira, o Ronaldinho Gaúcho. Com a conta bancária mostrando alguma folga para investimentos, Assis comprou uma associação esportiva que estava, desde a metade do ano passado, desativada, o Lami Futebol Clube, e às pressas montou uma estrutura que, acredita, fará aquela região distante e pouca habitada da principal cidade gaúcha, chamar a atenção através de um time de futebol.

Arquivo Particular 
Amaury é o treinador designado por Assis para tomar conta do time estretante
O treinador convocado por Assis nesse começo é também ex-jogador, Amauri Knevitz, que jogou no Inter nos anos 70 e posteriormente circulou, entre outros, pelo Atlético-PR, Náutico e Vitória. Abandonou os gramados em 1996 e transformou-se em técnico, inicialmente como auxiliar de Pedro Rocha, no Inter. Depois foi campeão da Série C nacional pelo Malutron e conheceu o país todo, comandando times como o Nacional de Manaus, o Grêmio Inhumense de Goiás e o Sampaio Correa do Maranhão.

O começo, no meio do matagal
Amauri, 46 anos, chegou ao Porto Alegre no dia 9 do mês de janeiro, para o começo dos trabalhos e, na primeira tentativa de comandar um treinamento, dirigiu-se para o campo ao lado do preparador físico Cyro Leaes, mas... Decepção total. Ervas daninhas tomavam conta do campo de jogo, sem falar no matagal que circundava o estádio. O trabalho foi cancelado.

Um mês depois, a situação já é totalmente diferente. O solo ainda é irregular, mas o gramado sobre ele está bonito, superior à maioria dos estádios do interior do Estado, o matagal foi cortado, os muros foram pintados de branco, tijolos estão sendo colocados cuidadosamente para criar um espaço para os veículos de comunicação e, na manhã desta quarta-feira, horas antes do jogo que começaria às 16h30, quando a reportagem do Pelé.Net chegou ao local, um funcionário pintava com carinho na parede externa o nome "Porto Alegre Futebol Clube".

Cerca de 50 metros longe dali, os jogadores estavam concentrados, ansiosos pela primeira apresentação, ao mesmo tempo em que observavam o trabalho de uma dezena de esforçados operários. O sobrado de dois andares onde haviam passado à noite possui 10 suítes, cada uma com dois beliches, TV em todas elas, ventilador de teto, e no andar térreo uma sala de jogos, para distrair.

O sobrado é pintado de amarelo. Uma das cores do clube recém nascido, embora, no dia do jogo, nem mesmo a comissão técnica tivesse certeza disso. "Amarelo, azul, vermelho e preto", disse Amauri, quando perguntado sobre as cores que seu time iria vestir. Mas, em seguida, mirou o preparador Leaes ao seu lado é perguntou: "É isso mesmo?"

Nenhum sabia com certeza, afinal as camisetas, jamais utilizadas, não haviam chegado ainda. Já o Lami, antecessor do Porto Alegre, que teve vida curta, de 2003 a 2005, vestia branco, azul, verde e amarelo.

Acesso ao estádio é difícil
O caminho até o estádio, para quem quiser assistir jogos do Porto Alegre é complicado. Estrada Edgar Pires de Castro, nº 11.600. Chega-se lá após cruzar uma série de bairros em direção à zona sul, como Teresópolis, Nonoai, Cavalhada, Vila Nova e, finalmente, a uma região onde predominam estradas sinuosas e pouco habitadas.

À margem delas placas chamam a atenção, revelando o comércio que predomina na área. "Aqui, venda de cabritos, ovelhas e carneiros", diz uma. "Hotelaria para cavalos", diz outra. Não há maiores concentrações urbanas e, por isso, será difícil o time ter número bom de torcedores em suas apresentações. "Hoje, no primeiro jogo, os familiares dos atletas serão a nossa torcida", comentou o técnico Amauri.

Ao mesmo tempo em que fazia a previsão pessimista sobre a presença de torcedores, um dos operários riscava sobre a bilheteria, o valor do ingresso: R$ 8.

Almir, 36 anos, a estrela do grupo
O grupo de jogadores do Porto Alegre conta com 30 nomes. O mais conhecido deles é o veterano atacante Almir, que começou no Grêmio, defendeu o Santos e o Internacional, entre outros grandes clubes. Está com 36 anos e, com sua experiência bem que poderia ser o capitão e líder do time. "Mas ele, apesar de ser um bom exemplo para todos, é muito calado, não tem o perfil para capitão", acrescenta o técnico.

Até chegar à definição desses 30 atletas, Amauri e o preparador físico Cyro Leaes analisaram 80 jogadores que se apresentaram, a maioria deles fora do mercado, em busca de uma nova chance, ou jovens começando a carreira. Leaes, diante do que lhe chegou às mãos, aponta uma dificuldade, além do fato de ter tido pouco tempo para preparar fisicamente o grupo: "Temos jogadores experientes, na faixa dos 30 anos ou mais, e jovens de 20 ou pouco menos. A média dá 25, o que é o ideal, mas é uma falsa média".

Arilson, meia que foi campeão da Libertadores da América pelo Grêmio em 1995 e que chegou até a ser convocado para Seleção Brasileira naquele seu melhor momento, até se apresentou ao Porto Alegre, mas acabou não acertando, por motivos desconhecidos. "Ele não ficou porque... vocês sabem, ele tem muita coisa a resolver", disse, politicamente, o treinador Amauri, provavelmente referindo-se ao histórico complicado do polêmico jogador e às exigências que teria feito para defender o time.

Sem Arilson, a equipe que deu o pontapé inicial na vida do Porto Alegre neste 8 de fevereiro de 2006 tem Fernando, um goleiro de 22 anos que estava no Brasil de Pelotas; Jackson na lateral-direita, jogador que há anos o Inter buscou no CSA de Alagoas como grande promessa, mas acabou não ficando do Beira-Rio; uma zaga forte, com defensores experientes como Rodrigo e D'Marcellus - filho de Escurinho, cracaço do Inter nos anos 70 -; e na lateral-esquerda Tinga, esse um atleta nascido ali na região onde está erguido o estádio e que logicamente nada tem a ver com o atual atleta do Colorado.

Do meio para frente a equipe se completa com um volante carioca conhecido como Baiano; Tales, ex-Londrina; Miranda, ex-Portuguesa carioca; e Longarai, que os integrantes da comissão técnica afirmam vagamente ter vindo "do interior de Goiás". O ataque é o exemplo da mescla que foi possível neste primeiro passo do novo clube: Almir, com seus 36, e o jovem Andrezinho, de 20.

O resultado foi 1x1 com o Garibaldi, e o gol do Porto Alegre foi marcado exatamente por Almir, em cobrança de pênalti. Empate em casa nunca é bom, mas foi só o começo. O time ainda é um bebê. Sucesso para ele a partir de agora.

Assis, o dono, acompanhou a estréia
Roberto de Assis Moreira, que investiu, comprou o Lami e o transformou em Porto Alegre Futebol Clube, estava atento aos primeiros passos do clube, ao lado de amigos de total confiança que elegeu para ajudá-lo a administrar o novo negócio. Poderia estar na Europa, tratando de coisas importantíssimas, principalmente da carreira do melhor jogador do mundo, o irmão Ronaldinho Gaúcho, mas veio à capital gaúcha.

No futuro, o projeto iniciado neste 2006 prevê revelação de atletas que poderão render bons valores, e também desenvolver uma caminhada rumo à primeira divisão estadual. Assis sempre foi o organizador dos negócios da família Moreira. Atleta talentoso, apontado como uma das maiores revelações do Grêmio no final dos anos 80 e começo dos 90, foi campeão da Copa do Brasil de 1989, inclusive fazendo gol na final daquela competição, no 2x1 sobre o Sport Recife.

Os valores que investiu no Porto Alegre são uma incógnita e os jogadores que estão defendendo a equipe neste começo recebem quantias que estão proibidas de serem reveladas.


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