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  12/10/2005 - 23h25
Brasil vence no adeus e fecha eliminatórias com ego no alto

Evandro César Lopes
Enviado especial do UOL
Em Belém (PA)

Classificação antecipada. Melhor ataque. Craques no banco. Artilheiro da competição. Vitória mesmo com atuação sonolenta. E, enfim, e no fim, líder. A seleção brasileira não poderia acabar de maneira mais satisfatória as eliminatórias sul-americanas.

Reuters
Ronaldo comemora fim do jejum de gols e termina como artilheiro das eliminatórias
Nesta quarta-feira, em meio à "beatificação" que sofreu em Belém (PA), o Brasil venceu a Venezuela por 3 a 0 na última rodada do qualificatório e, com a derrota da Argentina para o Uruguai, acabou na liderança da competição, com 34 pontos, o mesmo número dos argentinos. Mas, graças ao seu melhor saldo de gols, ficou com o "título" do torneio.

Se os objetivos coletivos foram cumpridos no qualificatório mais longo disputado pelo time nacional - a estréia ocorreu em setembro de 2003, e se arrastou por 18 jogos em ida e volta -, o time de Carlos Alberto Parreira também mostrou brilho individual na caminhada para a sua classificação mais tranqüila em 20 anos.

Com o gol nesta quarta, Ronaldo colocou fim ao incômodo jejum de seis jogos sem marcar pela seleção. O último gol do "Fenômeno" com a camisa amarela havia sido contra a própria Venezuela, na goleada por 5 a 2, em 9 de outubro de 2004. Com o gol no Mangueirão, o atacante do Real Madrid acabou a competição como artilheiro isolado, com 10 gols.

"Espero que não volte a ter um jejum desses", brincou Ronaldo ao final da partida. O atacante sinalizou que a comemoração dos gols - os artilheiros da noite receberam tapas na cabeça - foi uma ironia aos protestos contra as coreografias mais bem-humoradas. "Falaram tanto das nossas comemorações que agora quem faz gol apanha aqui", afirmou à TV Globo.

Mas não pára no "Fenômeno". Parceiro preferido de Parreira para jogar ao lado de Ronaldo, Adriano deu mais uma mostra do quanto é confiável. Autor dos gols mais decisivos da atual gestão do treinador, o "Imperador" abriu o placar no Mangueirão quando o jogo já se arrastava pela sua primeira meia hora.

De segunda opção a Ronaldinho Gaúcho na rodada inaugural do qualificatório, o meia-atacante do Milan, da Itália, hoje joga ao lado do melhor do mundo em 2004 na seleção após ter forçado a aposentadoria de Rivaldo no time nacional.

Agora, jogo oficial da seleção brasileira apenas na Copa do Mundo, na qual o time pentacampeão irá estrear provavelmente no dia 13 de junho do ano que vem.

Até lá, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) planeja oferecer ao técnico Carlos Alberto Parreira quatro amistosos que fechar o grupo que tentará o hexacampeonato. Todos fora do Brasil, o que faz do duelo desta quarta o último no país até, no mínimo, agosto do ano que vem. O primeiro deles será em novembro, contra os Emirados Árabes Unidos, no país asiático. A entidade máxima do futebol nacional ainda tenta agendar mais um amistoso para novembro.

No próximo ano, o Brasil usará a única data Fifa disponível (semana de 28 de fevereiro a 1º de março) para realizar um amistoso na Europa. Irá repetir a fórmula quando já estiver concentrado no Velho Mundo na preparação tática e técnica para o Mundial - apenas os exames médicos deverão ser feitos na Granja Comary, em Teresópolis, local de treino e concentração da seleção.

Antonio Gauderio
Adriano comemora o primeiro gol contra a Venezuela; "mãozinha" para Ronaldo
O jogo
Numa eliminatória de tantas mudanças, até os intocáveis laterais ganharam sombra. Na direita, Cicinho sinaliza que já convenceu Parreira de que pode ser o sucessor de Cafu. Na esquerda, Gilberto e Gustavo Nery têm forçado Roberto Carlos e reviver seus melhores dias. Tanto que partiu dos pés do lateral a primeira tentativa do Brasil em abrir o marcador.

Aos três minutos, Roberto Carlos fez lançamento pelo chão. Ronaldo dominou e tentou bater, mas a bola desviou na zaga.

Aos 11min, Kaká abriu pela direita e tocou pelo Adriano. O atacante acionou Ronaldo, que se livrou do marcador e chutou de esquerda, fraco, nas mãos de Dudamel. Cinco minutos depois, Zé Roberto lançou Roberto Carlos. O lateral cruzou e Adriano ganhou do zagueiro, mas mandou sobre o travessão.

Aos 22min, Cafu arrancu pela direita e achou Adriano livre. O "Imperador" teve até tempo e espaço de escolher o canto. O fez. Mas escolheu exatamente onde estava Dudamel. No contra-ataque, Maldonado passou por Lúcio e, sem ângulo, chutou para defesa de Dida.

Três minutos depois, Adriano roubou bola na intermediária e lançou Ronaldo. O jogador do Real, bem marcado, não conseguiu chegar a tempo de evitar o domínio do goleiro Venezuelano.

Aos 28min, Adriano não errou. Ele recebeu lançamento de Kaká pelo alto, dominou com a bola esquerda e chutou na saída de Dudamel. Foi o sexto gol do "Imperador" nas eliminatórias.

O ritmo do Brasil caiu, tanto que o principal lance do gol até os 40min foi obra da Venezuela. Em cobrança de falta, Arango acertou bicicleta numa sobra de bola. Dida não segurou e Adriano, que ajudava na marcação, afastou a bola. A sonolência foi criticada por Parreira no intervalo.

"Acho que a gente tem condições de jogar melhor", declarou à TV Globo o treinador, que pediu "mais vibração, mais velocidade". Kaká apontou a forte marcação venezuelana como razão da falta de criatividade. "Estamos procurando espaços, o time deles está fechadinho", disse o jogador do Milan.

EFE
Jogadores comemoram gol de Ronaldo; classificação mais tranquila em duas décadas
O Brasil voltou para o segundo tempo sem alterações. O que reforçou o pedido por Robinho da arquibancada. Que, por sua vez, foi sufocada pelo, enfim, primeiro gol de Ronaldo na seleção em seis partidas.

Aos seis minutos, Ronaldinho Gaúcho fez lançamento preciso para Adriano. Mesmo dentro da área e na frente de Dudamel, o "Imperador" tocou de lado para o seu mentor, que cortou um zagueiro e o goleiro venezuelano para marcar seu 10ºgol no qualificatório.

O jogo caiu em nova sonolência, mas já com o Brasil em nova condição - o Uruguai abrira o marcador contra a Argentina e dava à seleção a liderança das eliminatórias -, quando Roberto Carlos, aos 16min, acertou em cobrança de falta o terceiro gol do Brasil.

Em seguida, para dar algum objetivo à partida, Parreira colocou em campo Alex e Robinho nos lugares de Adriano e Ronaldinho Gaúcho, respectivamente. O primeiro tem a meta de garantir presença no grupo que vai à Copa do Mundo; o segundo, de que pode ser titular.

Mas quem assustou foi a Venezuela. Aos 25min, Torrealba, que acabara de entrar, arriscou da intermediária e obrigou Dida a mandar a bola para escanteio. O Brasil respondeu com Robinho. O driblador passou por dois adversários pela esquerda e cruzou para trás. Kaká, livre, não conseguiu dominar.

O Brasil chegou a anotar um quarto gol, com Kaká, mas o árbitro havia anotado falta anterior em Ronaldo. Robinho também teve sua chance. Ele recebeu lançamento de Alex e, já dentro da área, chutou esquerda do gol de Dudamel.

BRASIL
Dida, Cafu, Juan, Lucio e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto (Juninho Pernambucano), Kaká e Ronaldinho Gaúcho (Robinho); Adriano (Alex) e Ronaldo
Técnico: Carlos Alberto Parreira

VENEZUELA
Dudamel, Pacheco, Hernández, Rey e Cichero, Jiménez, Vielma, Páez (Gonzalez) , Arango, Urdaneta (Rojas) e Maldonado (Torrealba)
Técnico: Richard Paez

Local: estádio Mangueirão, em Belém (PA)
Público: 47 mil pessoas
Árbitro: Héctor Baldassi
Gol: Adriano, aos 28min do primeiro tempo; Ronaldo, aos 6min, e Roberto Carlos, aos 16min do segundo tempo
Cartões amarelos: Ronaldinho (BRA), Vielma (VEN)

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