! André se prepara para o ''3º recomeço'' no futebol - 22/08/2005 - Pelé.Net - Revista
UOL EsporteUOL Esporte
UOL BUSCA


  22/08/2005 - 15h44
André se prepara para o ''3º recomeço'' no futebol

Milton Júnior, Do Pelé.Net

PORTO ALEGRE - O goleiro do Internacional André Doring, aos 33 anos, prepara um novo retorno aos gramados. Confiante e motivado após enfrentar quatro meses de recuperação pela fratura do antebraço esquerdo sofrida na final do Gauchão, em abril, está pronto para voltar e anuncia que a meta é conquistar a camisa nº 1 do Inter. "O profissional que se contentar com uma situação de segundo plano, pega o chapéu e larga. Quem não tem ambição, acabou para o futebol", diz. Esta foi a terceira grave lesão que sofre o jogador. As outras duas foram defendendo o Cruzeiro.

Em entrevista ao Pelé.Net, André falou com euforia sobre seu renascimento, revelando o ânimo de um atleta em início de carreira e que está preparado para enfrentar novamente chutes, vôos, quedas, choques com os adversários e tudo o que mais vier. Para pegar o ritmo de jogo, tem participado neste mês de agosto de partidas defendendo o Inter B.

André quebrou o braço no dia em que o Inter ganhou o tetracampeonato gaúcho, contra o 15 de Novembro, em Campo Bom. O jogador era um dos melhores em campo, quando dividiu um lance com o atacante Jacques. O adversário, involuntariamente, pisou no seu braço, fraturando-o. Após o jogo, enquanto os companheiros comemoravam o título, o goleiro estava no hospital, passando por uma cirurgia para a colocação de placas e parafusos de titânio para auxiliar na fixação e na consolidação óssea.

"Estou tranqüilo, bem, feliz porque a recuperação foi rápida. Quando o médico liberou para pancada no chão, já me sentia em forma e era questão apenas de acostumar aos exercícios com bola e a perder o medo de cair", ressalta.

O medo, acrescenta, chegou a existir, mas agora está totalmente eliminado. "Não era nem receio de enfrentar as jogadas, acontece que no início, após a cirurgia, a parte óssea fica fragilizada e é necessário um período de adaptação para bater no local. Mas após 10 dias de trabalho eu já estava pronto", complementou André. Quanto ao condicionamento físico, garante que não chegou a ser alterado. "O que parou foi o braço. O corpo continuou em atividade", revelou, com um sorriso largo, brincando após vencer mais uma batalha na sua vida.

Daniel Boucinha 
André volta aos gramados após se recuperar de uma fratura no braço
O treinador de goleiros do Inter, Ilo Roxo, atesta a recuperação de André. Se precisar jogar, destaca que o obstinado atleta mostrará a qualidade de sempre. "O nosso trabalho é muito específico, então tem que ter cuidado, mas quando o atleta chega para treinar com a gente está pronto, pois já passou pelo condicionamento físico e a recuperação médica. O André atuou duas vezes pelo Inter B e já ficou na suplência de Clemer. Se precisar atuar terá nossa confiança", declarou.

"A vida não é um mar de rosas"

André foi revelado para o futebol pelo Inter em 1992 e participou da conquista da Copa do Brasil e do Campeonato Gaúcho daquele ano, como reserva do paraguaio Fernandez. O regional foi ganho, ainda, em 1994 e 1997, antes de deixar o clube e se transferir para o Cruzeiro.

Em Minas Gerais venceu o Mineiro, duas vezes, a Sul-Minas, a Copa do Brasil de 2000 e a tríplice coroa em 2003 (Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro). Foi no clube mineiro, também, que viveu o drama de duas sérias lesões, tanto que dos quatro anos em que esteve em Belo Horizonte, foram 16 meses longe dos gramados. A primeira delas ocorreu contra o São Paulo, em 2002, jogando pela Copa João Havelange. Na ocasião, torceu o joelho direito e rompeu o ligamento cruzado. A recuperação exigiu sete meses.

Curado, voltou a vestir a nº 1 da Raposa, jogou a Libertadores e quase todo o Brasileiro de 2001. Numa das últimas partidas, contra o Santos, na Vila Belmiro, outra grave lesão de joelho, agora o esquerdo e ficou nove meses em tratamento. Neste período, houve rejeição do organismo e a necessidade de fazer uma nova operação para retirada do material que o estava prejudicando.

Sobre a última lesão, guarda uma certa mágoa: "Deu a maior confusão num gol do Marcelinho Carioca. Eu saí da meta, saltei, e o adversário caiu sobre meu joelho. Acharam que eu estava simulando, deu rebote, não colocaram a bola para fora e acabaram marcando", recorda André.

"Mas não tenho frustração. Algumas coisas acontecem. Ganhar, perder, se machucar, são fatos da vida. Não se pode esperar que aconteçam apenas coisas boas, ninguém é hipócrita para pensar que a vida é um mar de rosas. Mas, quando se enfrenta umas dificuldades e retoma o caminho normal, você cresce e começa a dar valor por coisas que antes passava batido", comenta.

Taffarel, ídolo e amigo
O tetracampeão mundial Taffarel é o grande ídolo de André. "Além de meu amigo, aprendi muito com ele, que estava no profissional do Inter quando eu começava a carreira no clube", lembra.

Daniel Boucinha 
Torcedor e clube podem ficar tranqüilos que no gol o Inter está bem servido, diz
O estilo sóbrio, dispensando vôos espalhafatosos e desnecessários, as defesas seguras e o posicionamento do ex-nº 1 da Seleção Brasileira são linhas determinantes no trabalho desenvolvido pelos treinadores do Inter há uns 15 anos. "Esta filosofia é ideal para formar um bom goleiro", observa André.

Em 13 anos como profissional e muitos obstáculos superados, o goleiro diz que o futebol lhe trouxe muitas alegrias, mesmo que algumas efêmeras. Nas tortuosas caminhadas para superar as lesões, André destaca o lado positivo, as lições, e garante que foi na dificuldade que houve o seu crescimento profissional.

Porém é com felicidade e carinho que recorda o retorno para o Inter em 2004 e a presença efetiva na conquista do título. "Até por ser uma alegria recente, após ter ficado um tempo sem jogar, foi ter estado em toda a fase final do Campeonato Gaúcho e ajudado, bastante, para o Inter ser campeão", recorda.

Inter: tradição de ser escola de goleiros
André é um dos tantos jogadores forjados na tradicional escola colorada de goleiros. Uma escola que parece ter chegado ao seu melhor momento. Depois de emprestar Gilmar Rinaldi, Taffarel e André para a Seleção Brasileira, o Inter revela uma nova e fantástica safra de atletas com qualidade para vestir a camiseta n º 1 verde-amarela de todas as categorias: Anderson está na Sub-15, Luis Carlos na Sub-17, Muriel, na Sub-18, e Renan na Sub-20. Um feito espetacular.

No atual grupo de profissionais do clube, Além de André, formado no Beira-Rio e com seis convocações para Seleção em 1998, estão o experiente Clemer e mais Renan, Marcelo Boeck e Gustavo. Os últimos três ainda têm idade para jogar nos juniores, mas já estão no conjunto principal. Renan e Marcelo Boeck inclusive foram chamados neste ano para atuar no time titular após as lesões de Clemer e André e encantaram a torcida mostrando segurança e qualidade.

Marcelo atuou na partida final do Campeonato Gaúcho, após a lesão de André, e fez defesas importantes na prorrogação, ajudando o time a ser campeão. "Foi a partida da minha vida", lembra o goleiro, que também já serviu à seleção Sub-20.

O preparador do time profissional, Ilo Roxo, lembra que cada categoria dispõe de um treinador específico para a posição, com uma linha de trabalho que é aplicada desde as escolinhas até chegar aos profissionais. Esse método exige uma rotina de treino que visa a desenvolver a coordenação, o ritmo, o equilíbrio, a saída de gol e a reposição de bola com os pés. "Isso favorece muito, pois quando chegam aos profissionais estão praticamente prontos", observa Roxo.

"O torcedor e o clube podem ficar tranqüilos que no gol o Inter está bem servido pelos próximos 10 ou 15 anos", finaliza.


ÚLTIMAS NOTÍCIAS
03/09/2007
Mais Notícias