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  26/06/2005 - 17h55
Bota tropeça no Figueira, perde liderança e a paz

MBPress
No Rio de Janeiro

O Botafogo perdeu a liderança do Campeonato Brasileiro ao ser derrotado pelo Figueirense por 1 a 0, neste domingo, no Rio. O gol da vitória foi marcado Marquinhos Paraná. A Ponte Preta, que venceu o Juventude no sábado, é a nova líder da competição.

Com o resultado, o time carioca também perdeu seu primeiro jogo em casa (onde até então tinha 100% de aproveitamento) e continua com os mesmos 18 pontos na tabela, dois atrás da Ponte Preta. Já o Figueirense foi a nove e deixou na zona do rebaixamento.
TENSÃO EXTRA-CAMPO
Depois de fazer péssimas campanhas nas últimas temporadas, o Botafogo finalmente engrenou dentro das quatro linhas neste Brasileiro após muitos anos. Entretanto, justamente quando o time conseguiu se arrumar, os problemas extra-campo já começam a ameaçar o sucesso da equipe.

Todo mês os jogadores convivem com problema nos salários, que atualmente, estão atrasados em seis dias. Além disso, os atletas também estão se sentindo isolados no relacionamento com a diretoria. O presidente do clube, Bebeto de Freitas, centraliza praticamente todas as funções no clube, que não possui um vice de futebol, por exemplo. Mas o dirigente está com dengue, e por isso, não aparece no clube há duas semanas.

Desta forma, os jogadores ficam sem ter com quem conversar para dar satisfações sobre os problemas, principalmente os relacionados ao atraso de salários. Por enquanto, não há previsão de pagamento.

Os dirigentes que às vezes comparecem aos treinos para fazer o elo entro jogadores e diretoria são o vice-presidente geral, Mário Sérgio Pinheiro, o diretor de marketing, Jeferson Melo, e o gerente de futebol, Luiz Matter. Entretanto, suas tarefas administrativas o impedem de ter um contato diário com os jogadores.

Enquanto isso, quem tem "segurado o rojão" é o técnico Paulo César Gusmão, que, segundo informações que circulam pelo clube, ainda não recebeu salário nestes quase três meses em que está no comando da equipe. O treinador já admitiu estar se sentindo sobrecarregado e seu relacionamento com os dirigentes já dá claros sinais de desgaste.

No coletivo de sexta-feira, por exemplo, o vice-presidente do Botafogo, Mário Sérgio Pinheiro, e o gerente de futebol, Luiz Matter, estiveram presentes. Entretanto, PC e os dirigentes não se cumprimentaram e sequer trocaram uma palavra durante as quase duas horas em que compartilharam o mesmo espaço.

O Botafogo sentiu as saídas de dois jogadores importantes, que deixaram o campo ainda no primeiro tempo por contusão. O lateral-direito César Prates, principal esperança de gols nas cobranças de falta, e o volante Jonilson, fundamental na marcação no meio-de-campo, tiveram que ser substituídos por Joílson e Juca (respectivamente). Isso atrapalhou o esquema de jogo da equipe, que não conseguiu se encontrar durante o confronto.

Esta foi a segunda derrota consecutiva do Botafogo neste Brasileiro. No domingo passado, a equipe perdeu para o time misto do São Paulo por 1 a 0, no Morumbi. A seqüência de resultados negativos e a perda da liderança foram ruins para o clube da Estrela Solitária sob vários aspectos.

Em primeiro lugar, o resultado pode alimentar o clima de tensão que se instalou em General Severiano durante a semana. Há um temor de que os problemas extra-campo, como o atraso de salários dos jogadores e os sinais de desgaste entre a diretoria e o técnico Paulo César Gusmão possam prejudicar o rendimento da equipe em campo. Leia mais ao lado.

Além disso, esta partida marcou a reestréia do goleiro Max com a camisa 1 alvinegra. Ele reassumiu a condição de titular com a transferência de Jefferson para o futebol turco. Ainda sem ritmo de jogo, Max não teve uma atuação que lhe desse mais confiança para se manter no time. Curiosamente, a estréia de Max com a camisa do Botafogo também foi contra o Figueirense, em 2002, mas naquela ocasião os cariocas venceram por 3 a 0.

O primeiro tropeço em casa também coloca em xeque o esquema 3-5-2. Esta foi a primeira vez neste Brasileiro que o time entrou em campo com esta formação tática, que chegou a ser utilizada no segundo tempo da partida contra o São Paulo. Como previsto pelo técnico PC Gusmão, os laterais César Prates e Bill apoiaram bastante o ataque, mas o resultado negativo pode atrapalhar a consolidação do sistema e do zagueiro Émerson no time titular.

O jogo contra o Figueirense também marcou o reencontro do time do Botafogo com a sua torcida no estádio Luso-Brasileiro depois que parte do público vaiou a equipe na última partida disputada no local, contra o Juventude. O resultado inesperado fez com que, mais uma vez, parte dos alvinegros protestassem, e o relacionamento entre time e torcida em casa, que era apontado como um dos fatores responsáveis pela boa campanha, já começa a ficar conturbado.

Com tudo isso, o Botafogo não deverá ter a tranqüilidade esperada para se preparar para o seu próximo compromisso neste Brasileiro, no domingo que vem, contra o Palmeiras, em São Paulo. Já o Figueirense encara o Cruzeiro, em Florianópolis, no mesmo dia.

O jogo
O Figueirense quase abriu o placar logo aos 7min num desentendimento da defesa do Botafogo. Numa bola lançada pelo alto para a entrada da grande área do time carioca, o zagueiro Émerson cabeceou para trás e quase encobriu o goleiro Max, que saiu do gol sem avisar. A bola passou próxima ao travessão.

A defesa do Botafogo dava sinais de desatenção e deu outro susto aos 24min. Numa cobrança de escanteio da direita, Cléber subiu mais alto do que a zaga carioca e cabeceou próximo ao travessão de Max.

Depois disso, o nível técnico da partida caiu muito e os times pouco ameaçaram. O próximo lance de perigo só aconteceu aos 48min, quando Alex Alves cobrou falta da entrada da grande área, pela direita, mas a bola foi no meio do gol e Edson Bastos segurou firme no alto.

O Botafogo voltou um pouco melhor para o segundo tempo e quase abriu o placar aos 5min. Alex Alves cobrou falta da meia esquerda e acertou a trave direita de Edson Bastos. O lance acendeu a torcida, que começou a incentivar mais o time.

Dois minutos depois, o mesmo Alex Alves deu outro susto no Figueirense. Ele recebeu a bola na meia direita e chutou do bico da grande área, mas a bola foi na rede pelo lado de fora.

O Figueirense respondeu aos 11min. Edmundo tocou para Marquinhos Paraná, que estava livre na meia esquerda. Ele invadiu a grande área e chutou cruzado, mas a bola passou à esquerda de Max.

O time visitante continuava atacando e chegou de novo aos 23min. Bebeto lançou Marquinhos Paraná em profundidade na ponta esquerda, que cruzou rasteiro para o interior da grande área. Paulo Sérgio pegou de primeira, mas a bola passou por cima do travessão.

De tanto insistir, o Figueirense abriu o placar aos 32min. Marquinhos Paraná recebeu passe de Edmundo pela esquerda, passou por Juca e tocou por cima de Max na saída do goleiro.

O Botafogo buscou o empate até o final, mas não teve forças para superar a marcação do Figueirense, que segurou bem o resultado.

BOTAFOGO
Max; Rafael Marques, Émerson e Scheidt; César Prates (Joílson), Jonilson (Juca), Túlio, Almir e Bill; Alex Alves e Caio (Marcelinho)
Técnico: Paulo César Gusmão

FIGUEIRENSE
Edson Bastos; Paulo Sérgio, Cléber, Bebeto e Michel Bastos (Fernandes); Carlos Alberto, Flávio, Bilu e Marquinhos Paraná (Eloy); Alexandre (Adriano) e Edmundo
Técnico: Marco Aurélio Moreira

Local: estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Leonardo Gaciba (RS)
Assistentes: Sérgio Cordeiro Filho e Paulo Ricardo da Silva (ambos do RS)
Cartões amarelos: Michel Bastos (F), Flávio (F), Juca (B) e Bill (B)
Gol: Marquinhos Paraná, aos 32min do segundo tempo

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