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  09/06/2005 - 11h41
Ponte se firma na revelação de atacantes

Carlos Augusto Ferrari, da MBPress, especial para o Pelé.Net

CAMPINAS - Revelar grandes atacantes sempre foi papel do Guarani no futebol de Campinas. Nos últimos anos, porém, a crise que se instalou no estádio Brinco de Ouro transferiu a função para o gramado do estádio Moisés Lucarelli.

Se os rivais estacionaram em Luizão no início dos anos 90 e lutam para encontrar um camisa 9 na atual temporada, a Ponte Preta vem conseguindo manter o retrospecto de ter a todo ano um novo "homem-gol" de qualidade para disputar os principais torneios do país.

Desde o surgimento de Chicão, que disputou as Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, a Ponte Preta não vive um momento tão bom quando o assunto é atacante. Se Roger, atual artilheiro do Brasileirão com cinco gols e negociado com o São Paulo, é o exemplo mais recente, a história mostra que o torcedor da Macaca teve muito o que comemorar nas últimas temporadas.

A fase "descobridora de talentos" começou em 1996, ano da chegada de Luís Fabiano, até então só Fabiano, ao Majestoso. Herói do time de juniores vice-campeão da Copa São Paulo de 1998, o avante não demorou muito para se firmar na equipe e acabou deixando o clube em 2000, negociado com o Rennes, da França.

Na mesma época, a Alvinegra descobriu um novo jogador que, pouco depois, entraria para a história: Washington. Depois de uma passagem apagada pelo Majestoso dois anos antes, o atacante, enfim, se encontrou e virou o ponto referencial de uma torcida que aclamava por títulos após 100 anos de jejum.

Ainda em 2000, Washington foi o quinto artilheiro do Brasileirão ao marcar 16 gols, ficando quatro atrás de Dill, do Goiás, e Magno Alves, do Fluminense. No ano seguinte, ele balançou as redes 18 vezes, dois a menos que Romário, do Vasco.

O atacante, no entanto, também não ficaria por muito tempo em Campinas. Seduzido por uma proposta do Fenerbahçe, da Turquia, o jogador acabou negociado por cerca de US$ 5 milhões. Em 2004, pelo Atlético-PR, Washington bateria o recorde de gols em uma mesma edição do Nacional ao fazer 34 gols, superando Dimba, do Goiás, que em 2003, anotou 31.

A produção de atacantes, porém, não terminou. Apostando em mudanças, a diretoria foi buscar Fabrício Carvalho no União Barbarense. Muito questionado pelos torcedores, o atleta ficou apenas uma temporada no Majestoso e, em seguida, se transferiu para o São Caetano, onde marcou 18 gols no Brasileiro do ano passado. O Azulão também é o atual paradeiro de Jean, revelado pela Ponte e que teve passagem pelo Tricolor do Morumbi.

Pela mesma situação passou Lucas. Revelado nas categorias de base do clube, o jogador fez pouco sucesso, mas vem se destacando no futebol francês após rápida passagem pela Portuguesa. Na última temporada, ele marcou 11 gols e foi o principal nome do Ajaccio, ex-clube de Marcelinho Carioca.

No ano passado, aliás, foi a vez de Weldon brilhar com a camisa da Ponte. Desconhecido do grande público, o jogador comandou a equipe durante boa parte da Série A e marcou oito gols. O avante, contudo, deixou Campinas antes do término do torneio para defender o Al-Nasr, dos Emirados Árabes Unidos. Agora, defendendo o Cruzeiro, ele já tem três tentos no Nacional-05.

"Tenho um carinho muito grande pela Ponte Preta. Foi um time que me deu chances e me ajudou muito. Recebi uma proposta muito boa do exterior e não tinha como rejeitar", afirmou Weldon, negociado por cerca de US$ 800 mil. Deste valor, aproximadamente 30% ficaram com o clube paulista.

Em 2005, foi a vez de Roger, de apenas 20 anos, vestir a camisa 9. Com 14 gols na temporada (nove no Paulista e cinco no Brasileiro), o atacante despertou o interesse de outros clubes e também foi vendido rapidamente. Deixou a Macaca, dona de 45% do seu vínculo, por US$ 1,2 milhão com destino ao Morumbi.

Apesar de conviver constantemente com bons "matadores", a torcida da Ponte não deixa por menos qualquer deslize. Sempre vaiado nos jogos em Campinas, Roger chegou a chamar alguns torcedores de babacas durante o Campeonato Paulista. Isso sem contar os mesmos problemas enfrentados por Luís Fabiano, Washington e Fabrício Carvalho.

"A torcida tem o direito de pegar no pé quando acha que o time não está rendendo bem. Mas eu estava fazendo meu trabalho e me esforçando bastante. Não guardo mágoa alguma por causa daquilo. A Ponte Preta é o time do meu coração", afirmou o avante.

Diretoria aposta em planejamento
A contratação de bons atacantes não é fruto do acaso. Pelo menos é o que afirmam alguns diretores. Segundo o supervisor de futebol Ronaldo de Jesus, o ex-jogador Ronaldão, os atletas passaram por um rigoroso processo de avaliação antes de assinarem contrato.

"Procuramos analisar o perfil dos jogadores para saber se eles vão se encaixar no que a Ponte Preta tem a oferecer. Nós apostamos no Roger, que era um jogador que vinha tendo chances com o Abel Braga (em 2003). O Weldon era um outro desconhecido, mas que nós sabíamos que tinha muita qualidade", garantiu.

A estruturação, porém, não garante vida longa aos atletas no clube. De acordo com o dirigente, propostas melhores e de clubes de maior expressão acabam seduzindo os jogadores.

"A Ponte Preta necessita de dinheiro e não tem como competir com o exterior e até mesmo com clubes brasileiros", acrescentou.

Para Ronaldão, uma forma dos clubes conseguirem lucrar com venda de jogadores é fazendo contratos longos. "Dessa forma, você acaba colocando uma multa e segura o atleta por um bom período. Caso contrário, eles ficam livres rapidamente", completou.

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