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  05/05/2005 - 11h30
Grêmio: nove técnicos em menos de dois anos

Do Pelé.Net

PORTO ALEGRE - Não resta a menor dúvida de que a decadência sofrida pelo Grêmio nos últimos anos pode ser explicada através de inúmeros fatores. Um deles, no entanto, é a falta de convicção por parte dos dirigentes nos trabalhos dos técnicos que passaram pelo estádio Olímpico, em Porto Alegre. Em menos de dois anos, o clube teve nove comandantes diferentes.

Até 3 de junho de 2003, o Tricolor era orientado por Tite. Este abandonou o cargo após quase dois anos e meio (havia assumido ainda em janeiro de 2001). Em 173 compromissos oficiais, o profissional havia obtido 85 vitórias, 44 empates e 44 derrotas (57,61% de aproveitamento).

A partir daí, praticamente nenhum outro treinador conseguiu permanecer por muito tempo no Grêmio. Foi como se uma verdadeira maldição tivesse se instalado nas dependências do Olímpico.

O substituto de Tite foi o uruguaio Dario Pereyra. Com uma tranqüilidade até mesmo excessiva, que em muitos momentos foi confundida com um sentimento de apatia, ele não conseguiu tirar a equipe da faixa de baixo da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro daquele ano. Como conseqüência, acabou sendo demitido no dia 21 de julho - menos de dois meses depois da sua contratação.

TÉCNICOS E APROVEITAMENTO
Tite - 57,61%
Dario Pereyra - 20,83%
Nestor Simionato - 16,67%
Adílson Batista - 50,06%
José Luiz Plein - 28,57%
Cuca - 30,30%
Cláudio Duarte - 16,67%
Hugo de León - 47,61%
* Mano Menezes - 33,33%
até 05/05/2005 *
Dario teve uma campanha extremamente fraca à frente do Tricolor. Em oito jogos, foram nada menos que cinco derrotas, contra dois empates e somente uma vitória - cinco pontos conquistados entre 24 possíveis (20,83% de média). "Acho que sou o profissional certo, mas na hora errada", admitiu o treinador, na sua despedida oficial da capital gaúcha.

Só que o torcedor gremista mal sabia o que iria acontecer logo adiante. O novo comandante da equipe, Nestor Simionatto, teve uma passagem ainda mais pífia pelo time.

Também em oito jogos, ele conquistou uma vitória e um empate, contra seis derrotas - quatro pontos em 24 possíveis (16,67% de aproveitamento).

Vale lembrar que Simionatto havia sido chamado em virtude do seu caráter motivador. Além disso, ele conhecia muito bem o futebol do Rio Grande do Sul, outro fator que deveria garantir ao Grêmio uma recuperação em um curto período. Ao contrário, o clube acabou se afundando ainda mais na zona de rebaixamento da competição nacional.

Em 2003, o Tricolor foi salvo somente pelo "Capitão América". Adílson Batista, que havia sido Campeão Libertadores no estádio Olímpico, como jogador, em 1995, conseguiu afastar os gaúchos da Segunda Divisão. A arrancada final no segundo turno do Brasileirão já era dada por muitos como praticamente impossível.

Mas a tradicional cultura das constantes trocas no comando da equipe não demorou muito para reaparecer no Grêmio. Bastou o time ser eliminado de maneira prematura do Estadual de 2004 para que o técnico perdesse o emprego. Em 4 de junho de 2004, ele foi demitido, com uma bagagem de 19 vitórias, 15 empates e 13 derrotas, em 47 jogos - 72 entre 141 pontos possíveis (51,06% de média).

Em seguida, o comando do Tricolor passou para as mãos de um outro especialista no futebol do Rio Grande do Sul: José Luiz Plein, que havia se destacado bastante pelo Glória, do município de Vacaria. Depois de alguns jogos, porém, a equipe do estádio Olímpico estava novamente ameaçada pelo fantasma do rebaixamento.

Pressionado em virtude de consecutivos tropeços, Plein pediu demissão em 9 de setembro daquele ano, exatamente três meses e um dia após assumir o cargo. Em 21 jogos, foram apenas quatro vitórias, seis empates e 11 derrotas - 18 em um total de 63 pontos (28,57% de média).

Ao se despedir dos repórteres que cobriam diariamente o clube, o treinador demonstrou uma enorme sinceridade. "Não consigo nem dormir. Estava realmente frustrado. Não conseguia mais mobilizar o grupo, não havia condições para buscar a reação", declarou José Luiz Plein, naquela época.

Mais uma vez recorrendo a ex-atletas (estes identificados com a torcida), a direção do Grêmio nomeou Cuca como o seu novo "salvador da pátria". No currículo, o profissional tinha uma surpreendente arrancada com o Goiás, da zona de rebaixamento para as primeiras posições da tabela, na temporada de 2003.

Mas Alex Stival (o nome verdadeiro do treinador) não repetiu o sucesso. Surpreendentemente, aliás, ele ameaçou deixar o Olímpico quase a cada derrota sofrida. Esta circunstância acabou se concretizando realmente logo em seguida, no dia 27 de outubro. A derrota de 2 x 0 diante do Cruzeiro, em Belo Horizonte, havia sido a sua sétima à frente da equipe. Em 11 partidas, ao todo, foram somente três vitórias e um empate - dez em um total de 33 pontos (aproveitamento de 30,3%).

Quando Cláudio Duarte, o sétimo técnico do presidente Flávio Obino, assumiu o Tricolor, praticamente não havia muito o que fazer. O clube já estava condenado à Série B. Com um elenco que já estava se desfazendo, em oito compromissos, o profissional teve uma vitória, um empate e seis derrotas - quatro entre 24 pontos possíveis (16,67% de média). Foi com ele que o campeão do mundo de 1983 voltou a viver o inferno da Segundona.

Em 2005, finalmente, Paulo Odone passou a desempenhar a função de presidente do Grêmio. No momento da posse, o "cartola" disse que apostaria com muita convicção no trabalho do uruguaio Hugo de León. A grande missão do técnico seria reconduzir a equipe de volta à chamada elite do futebol nacional.

Estranhamente, entretanto, essa postura de convicção se desfez antes mesmo do Tricolor estrear na Série B (mais precisamente no dia 21 de abril). Bastou a eliminação do Campeonato Gaúcho e a goleada de 3 x 0 sofrida diante do Fluminense, pela Copa do Brasil, para que o técnico fosse sumariamente demitido. Em 21 jogos, De León obteve oito vitórias, seis empates e sete derrotas - 30 entre 63 pontos possíveis (47,61% de aproveitamento).

"Infelizmente, o único burro que existe no futebol é o treinador. O técnico parece que é sempre o único culpado pelos resultados ruins de uma equipe. Isso aí é uma coisa que precisa ser mudada. O Hugo de León estava apenas começando um trabalho, com um time que recém estava sendo formado. Ele mal teve oportunidade para trabalhar", declarou o atual comandante do Internacional, Muricy Ramalho, que chegou a passar por cima da enorme rivalidade entre os dois clubes para defender o seu colega de profissão.

Agora o Grêmio está nas mãos de Mano Menezes, ex-Caxias. Se a falta de convicção dos dirigentes seguir inalterada, não se sabe até quando. Em dois compromissos oficiais no cargo, o técnico conquistou uma vitória (4 x 3 sobre o Avaí) e duas derrotas (2 x 1 diante do Gama e 1 x 0 contra o Fluminense) - 33,33% de média.


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