! Tardelli se diz regenerado e descarta recaída - 07/02/2005 - Pelé.Net - Revista
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  07/02/2005 - 11h28
Tardelli se diz regenerado e descarta recaída

Marcius Azevedo, especial para o Pelé.Net

SÃO PAULO - Polêmica quase sempre foi sinônimo de Diego Tardelli no São Paulo. O atacante, que apareceu para o futebol no dia 9 de julho de 2003 ao entrar no segundo tempo do confronto contra o Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro, sempre teve mais destaque pelo que produzia fora de campo e não dentro das quatro linhas.

Foram muitas confusões que culminaram até com o seu afastamento pelo então técnico Cuca no ano passado, quando treinou um período com os juniores do clube no CT de Barueri. O exílio, aliado à chegada de Emerson Leão, fizeram o jogador mudar. E quase dois anos após sua estréia pelo profissional, o são-paulino, enfim, acredita que agora está tranqüilo apenas para jogar futebol.

"Caiu minha ficha. Tinha que mudar e mudei", contou Tardelli, que é o artilheiro da equipe na temporada e no Campeonato Paulista, com seis gols, ao lado de Finazzi, do América. "Estou feliz e consciente que preciso continuar assim".

O atacante, além de corrigir os problemas extra-campo, também mudou em campo. Antes chamado de indolente, o jogador está jogando coletivamente e ajudando na marcação. Tudo obra do técnico Leão. "Não pode dar brecha com ele", comentou. "Muita gente que está fora vê. A torcida percebe que o jogador está ajudando na marcação, está mostrando raça. E, para ficar no time, isso é importante. Eu estou gostando de marcar, roubar bolas...", completou.

Confira os principais momentos da entrevista do artilheiro são-paulino.

Pelé.Net - Você está realmente regenerado?
Diego Tardelli -
Estou sim. Caiu minha ficha mesmo. Estou mais maduro, mais tranqüilo. Bem consciente do que está se passando, da fase que estou vivendo. Está dando tudo certo, sem críticas. Os elogios estão vindo tanto do lado de fora quando de dentro. E isso é muito importante.

Pelé.Net - Se pudesse voltar no tempo, você mudaria alguma coisa?
Diego Tardelli -
Arrependo-me de não ter vindo aqui (CCT da Barra Funda) para me concentrar dois dias antes como o Cuca pediu. Era só eu que tinha que concentrar. Não achei justo. Acho que todos deveriam vir. Depois daquilo, eu acabei indo para Barueri, treinar com os juniores.

Pelé.Net - Foi quando você foi ao show do Fábio Júnior?
Diego Tardelli -
Sim. Nós íamos nos concentrar no sábado e não na sexta-feira. Ele me pediu para concentrar na sexta, às 22h, porque eu cheguei ao treino cinco minutos atrasado. Só que aqui, quando os outros jogadores chegavam atrasados, descontavam apenas do salário. E seria diferente apenas comigo. Peguei e fui para casa. Aí lembrei que já tinha comprado três ingressos e fui para o show. No outro dia, o Cuca já me pediu para nem entrar no CCT da Barra Funda.

Pelé.Net - O período de 'exílio' entre os juniores fez você acordar?
Diego Tardelli -
Comecei a pensar onde eu estava, onde tinha ido parar. Lá não era meu lugar. Demorei muito para chegar até aqui. Mas foi bastante positivo. Aprendi muito com o professor Cilinho. Ele me passou confiança para eu voltar bem e, hoje, voltei bem e estou realizando o meu melhor futebol.

Pelé.Net - Você foi mesmo comemorar o título da Copa São Paulo de Juniores com os jogadores do Corinthians, que haviam derrotado o São Paulo na final, em 2004?
Diego Tardelli -
Da maneira que falaram parece que acabou o jogo e eu fui com o pessoal do Corinthians comemorar. Mas, na realidade, eu fui com o time do São Paulo para uma churrascaria. O presidente Marcelo Portugal Gouvêa estava junto. Após o almoço, eu e um amigo da minha cidade (Santa Bárbara D'Oeste) fomos para um barzinho. Ficamos lá mais de duas horas e, depois disso, chegaram o Abuda e o Élton (jogadores do Corinthians) e sentaram em outra mesa. Aí fui apenas dar os parabéns para eles e, neste momento, tinha um torcedor do São Paulo presente, que inventou toda uma história.

Pelé.Net - E o apartamento... Você ficou mesmo sem pagar o aluguel?
Diego Tardelli -
Foi uma época que eu estava brigado com o meu ex-empresário (Luiz Taveira). Ele era quem pagava o aluguel do meu apartamento. Ele atrasou dois meses, e a dona do imóvel quis aparecer e acabou me prejudicando. Fiquei um tempo aqui no CCT e, hoje, estou morando no bairro Perdizes.

Pelé.Net - É verdade que já existia uma indisposição do Cuca para com você antes mesmo dele assumir o São Paulo? Tem uma história de chuteira...
Diego Tardelli -
Em Curitiba, teve um jogo beneficente e eu nem iria jogar. Me chamaram na arquibancada, mas eu não tinha chuteira e o Cuca me emprestou. A chuteira estava apertada e eu liguei para o meu irmão trazer outra. Quando a minha chuteira chegou, eu deixei a dele de lado. Alguém pegou e, até hoje, ele deve achar que eu peguei. Eu acho que ele não deve gostar de mim por isso.

Pelé.Net - O Cuca não tinha confiança em você?
Diego Tardelli -
Ele sempre teve receio de me colocar nas partidas. Não tinha confiança em mim e eu muito menos de entrar em campo e apresentar o meu futebol.

Pelé.Net - A chegada do técnico Emerson Leão foi fundamental para a mudança?
Diego Tardelli -
Eu fiquei feliz quando soube que o São Paulo tinha contratado o Leão. Quando eu ainda estava em Barueri, ele foi o primeiro treinador (estava no Santos) que após tudo que aconteceu queria trabalhar comigo, me ajudar. Por isso, eu ganhei em esperança quando ele chegou. O Leão me ajudou muito e continua ajudando. Vou sempre ser grato ao Leão por estar assim hoje.

Pelé.Net - O que o Leão fez para te ajudar fora de campo?
Diego Tardelli -
Ele trouxe o Abílio Diniz (dono do Grupo Pão de Açúcar) aqui para conversar comigo. Me deu o livro dele. Fiquei sabendo das experiências de vida dele e, daí pra frente, tudo deu certo.

Pelé.Net - Só o Leão te ajudou nesta transição?
Diego Tardelli -
Eu também me ajudei. Ninguém poderia me ajudar a não ser eu. Eu coloquei isso na cabeça e procurei fazer tudo da melhor maneira possível.

Pelé.Net - Você acredita que com essa mudança salvou sua carreira?
Diego Tardelli -
Tenho certeza disso.

Pelé.Net - Mas o Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do clube, disse recentemente "que você estava bem porque tinha estado concentrado no CCT há 15 dias e quando o cachorro sai na rua pode voltar com pulgas". Você corre o risco de sofrer uma recaída?
Diego Tardelli -
Pode me deixar aqui, na rua, que me futebol será o mesmo. O Marco é sempre engraçadinho. Ele até veio me pedir desculpas, falando que não foi bem isso. Disse que era brincadeira, mas é uma brincadeira que me queimou bastante. Mas, agora, não tem mais pulga, carrapato. É só alegria. Tenho que aproveitar essa fase.

Pelé.Net - Então, quais são os objetivos para o futuro?
Diego Tardelli -
Agora, eu estou pensando apenas em coisas boas. Quero ser campeão, afinal ainda não tenho nenhum título. Quero brigar pela artilharia. Ser campeão Paulista, da Libertadores, Brasileiro. Penso só em ganhar, jogar bem e estar sempre bem.

Pelé.Net - E o Luizão? Ele está querendo jogar...
Diego Tardelli -
Aí é com o Leão. Se eu não estiver bem, ele poderá entrar no meu lugar. Eu tenho que procurar fazer o melhor. Não vou dar brecha para ele. O Luizão é um amigo também. A gente sempre conversa. Ele me passa várias instruções. Eu conheço o Luizão faz tempo.

Pelé.Net - Até aqui, você não está dando mesmo chance. É o artilheiro do time, e está fazendo gol de tudo quanto é jeito, seja de cabeça, pé esquerdo, pé direito, longe, perto...
Diego Tardelli -
Marcar gol é o mais importante. A bola precisa estar lá dentro, não importa como.


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