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  23/12/2004 - 11h35
Fluminense-galáctico não brilhou em 2004

Daniel Villaça, do Pelé.Net

RIO DE JANEIRO - O início do ano de 2004 foi o mais promissor do Fluminense nas últimas duas décadas. Porém, a cada derrota, empate frustrante e, às vezes, até mesmo após as vitórias, os problemas de relacionamento entre os astros da equipe derrubaram o time, que terminou a temporada sem títulos, contentando-se com uma modesta classificação para a Copa Sul-Americana.

Mas, não há como negar que a contratação de Edmundo, Ramon e Roger, para se juntarem a Romário, causou um frissom e praticamente acendeu o fogo do Campeonato Carioca. Azar para o Tricolor, que perdeu duas vezes para o Flamengo e acabou amargando o vice-campeonato da Taça Guanabara.

O resultado disso foi a saída do técnico Valdyr Espinosa, que pediu demissão após o empate de 0 x 0 com o Botafogo, na estréia na Taça Rio. O treinador saiu insatisfeito com a diretoria, que já estaria em contato com Vanderlei Luxemburgo, recém-saído do Cruzeiro.

"Notei que depois da derrota na final da Taça Guanabara, as pessoas já não me olhavam no olho e não quero trabalhar num ambiente assim", reclamou Espinosa.

A guerra das vaidades

Dois jogos depois, começava a era Ricardo Gomes, já com uma goleada sofrida por 4 x 0 para o Vasco. A partir de então, o novo treinador instituiu que os quatro medalhões só poderiam atuar juntos quando estivessem em forma. As regalias de Romário já não eram bem aceitas. Edmundo e Ramon, que viviam as voltas com lesões, também não vinham sendo utilizados.

Pouco a pouco, começaram os problemas. O primeiro foi Edmundo, que se irritou ao ser substituído constantemente. Ele chegou a dizer que não jogaria mais com Ricardo Gomes e cobrou da diretoria: "Ou ele, ou eu". O treinador exigiu uma retratação pública e o Animal continuou no clube.

Depois, foi Ramon, que ameaçou ir para o Corinthians por não estar sendo utilizado. Novamente, situação contornada pela diretoria. Depois de ser novamente vice-campeão na Taça Rio, o Tricolor viu o sonho do título estadual ir por água abaixo, assim como o da Copa do Brasil, ao perder para o Grêmio por 4 x 1, nas oitavas-de-final. E com uma campanha irregular no Brasileiro, sobrou para Gomes, que acabou demitido após empate de 1 x 1 com o Paysandu, no Maracanã.

Gama entra no 'ônibus'

Com a saída de Ricardo Gomes, Alexandre Gama assumiu interinamente, até que outro treinador fosse contratado. Mas todos os profissionais tentados recusaram convite do tricolor, entre eles, o próprio Abel Braga (novo treinador), PC Gusmão e Muricy Ramalho.

E após a vitória por 1 x 0 sobre o São Paulo, a diretoria resolveu apostar em Gama. O ex-auxiliar, foi corajoso e, em parte, seguiu a linha de Ricardo Gomes, só escalando os medalhões, quando estes estivessem em forma. Desta vez, sobrou para Romário. O Baixinho, que havia feito apenas cinco gols no Brasileiro foi barrado, embora o treinador teimasse em não usar esse termo. De qualquer forma, o time chegou a conquistar quatro vitórias seguidas e a estar a apenas dez pontos dos líderes e até sonhava com o título e, na pior das hipóteses, buscar uma vaga na Libertadores.

Entre outros motivos, Gama alegava a constante ausência de Romário no clube. Até que a gota d'água, foi uma declaração do treinador ao ser perguntado se o Baixinho havia sido de fato o melhor do mundo após a Era Pelé. "Acho que não. Vejo o Zico na frente dele e o Ronaldo ainda pode perfeitamente superá-lo".

O fato aconteceu às vésperas do jogo contra o Goiás e a resposta do Baixinho caiu como uma bomba: "Ele é um m..., que nunca ganhou nada. Subiu no ônibus agora e já quer sentar na janela", disparou.

O clima nas Laranjeiras ficou insustentável, mas o presidente David Fischel tentou consertar, pedindo a Gama que escalasse Romário contra o Goiás, no Maracanã. Resultado, 4 x 1 para os goianos. No dia seguinte, após muitas reuniões, o contrato de Romário foi rescindido.

Sem o Baixinho, o Tricolor voltou a ter altos e baixos e manteve-se durante muito tempo na décima colocação na tabela. Foi então que começaram mais problemas. Desta vez, com Roger. O apoiador, que até então vinha sendo o destaque do time na competição, começou a cair de rendimento, em grande parte pelo término do seu namoro com a modelo Adriane Galisteu.

O fato é que Roger não se empenhava nos treinamentos e vivia às voltas com lesões, que em muitos casos o departamento médico do clube não confirmava. A gota d'água foi a péssima exibição do apoiador na derrota para o Figueirense. Dali por diante, Gama resolveu barrá-lo. Obviamente, Roger não aceitou e a diretoria resolveu dispensá-lo. Logo depois, Edmundo deu entrevista coletiva na qual admitiu ter problemas de relacionamento com ele desde que Roger havia voltado do Benfica.

Curiosamente, a partir da saída do apoiador, o Tricolor não perdeu mais, tendo vencido três jogos seguidos e empatado na última rodada com o palmeiras, assegurando uma vaga na Copa Sul-Americana.

Em seu último ano de mandato, o presidente David Fischel admitiu que o ano não correspondeu às expectativas. "Montamos um time de astros, jogadores experientes, mas não deu certo. Foram muitos problemas de lesões e de relacionamento", lamentou.

De qualquer forma, para 2005, Roberto Horcades, que tomou posse no último dia 15 de dezembro, já pretende formar um outro grande time, desta vez, comandado por Petkovic. Edmundo e Ramon deverão seguir o caminho de Roger e Romário e a prata-da-casa, com Antônio Carlos, Diego e Rodrigo Tiuí deverá ter ainda mais espaço.


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