| 18/08/2004 - 18h34 Brasil não 'dá bola' para Lula e goleia Haiti por 6 a 0 Por Rodrigo Bertolotto Enviado especial Em Porto Príncipe (Haiti) Não foi bem como o presidente Lula esperava, mas o Brasil fez a sua parte no "Jogo da Paz" e, com facilidade, venceu o Haiti por 6 a 0 no amistoso realizado nesta quarta-feira à tarde, no estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe, no Haiti.
Em campo, a política foi deixada de lado e os jogadores brasileiros não deram ouvidos à "diplomacia da bola" pedida pelo presidente brasileiro, que não gostaria de ver a seleção marcar tantos gols no adversário.
| | Com jogadas de pura habilidade, Ronaldinho marcou três gols contra o Haiti | No entanto, se aproveitando do fraco futebol apresentado pelo Haiti, 95º colocado no ranking da Fifa, os jogadores brasileiros chegaram ao placar sem esforço, apesar do incentivo prometido pelo primeiro-ministro, Gerard Latortue.
O mandatário ofereceu US$ 1.000 para quem marcasse um gol na seleção brasileira -o valor é uma verdadeira 'fortuna' para qualquer atleta haitiano.
Foi a terceira vitória do Brasil contra os haitianos na história. No primeiro confronto, 9 a 1 nos Jogos Pan-Americanos de Chicago, em 1959. Na segunda partida, o Brasil pegou mais leve e venceu 'apenas' por 4 a 0, em amistoso realizado em Brasília, em 1974, com gols de Edu, Marinho Chagas, Paulo César Caju e Rivelino.
Os noventa e tantos minutos de bola rolando fizeram o povo haitiano -apaixonado por futebol, especialmente pelo brasileiro- esquecer a grave crise política que assola o país, que com 80% de miseráveis e 50% de analfabetos é o mais pobre da América.
A etapa inicial foi fácil para os brasileiros, que utilizaram chuteiras de futebol society devido ao gramado sintético. A seleção fez três gols, sendo dois (o primeiro e o terceiro) do meio-campista Roger, do Fluminense.
No entanto, quem fez a torcida vibrar foi o atacante Ronaldinho Gaúcho, do Barcelona. Em um lance genial, ele se livrou de cinco marcadores (incluindo o goleiro adversário) e deixou a sua marca.
No segundo tempo, mesmo com um ritmo um pouco mais lento devido, principalmente, ao calor que fez em Porto Príncipe, o Brasil fechou o placar: Ronaldinho Gaúcho (2), o melhor jogador em campo, e Nilmar, que havia entrado no lugar de Ronaldo.
O jogo Incentivado pela torcida, que vibrava a cada toque na bola, a equipe do Haiti começou pressionando os brasileiros, marcando a saída de bola e tentando mostrar serviço. Nos três primeiros minutos de jogo, o Brasil não saiu de seu campo de defesa.
O primeiro grande momento da partida aconteceu aos 6min. Depois de bate-rebate na área, após uma saída errada da defesa haitiana, Beletti tocou para Roger na entrada da área. O meia do Fluminense chutou em cima da zaga adversário, no rebote Ronaldinho Gaúcho tentou, mas também foi travado. A bola ainda sobrou para Beletti, livre na direita, que chutou para fora.
O Haiti arriscou o primeiro chute apenas aos 12min, com Cherie. Ele recebeu a bola fora da área, mas seu chute saiu à direita do goleiro Júlio César.
A partir daí, a seleção brasileira começou a se soltar em campo. Aos 16min, Ronaldo fez fila, se livrou de três marcadores e, da entrada da área, acertou a trave de Max. Um minuto depois, Ronaldo, novamente, só que agora pela esquerda, arriscou e a bola passou à direita do goleiro haitiano. Não demorou muito para o gol sair. Aos 19min, Beletti dominou pela direita e tocou para Roger, que fez o porta-luz para Ronaldo. O atacante tocou novamente para Roger, que, dentro da área, dominou e fez o giro para cima do zagueiro do Haiti, encobrindo o goleiro Max.
Três minutos depois, o Brasil quase voltou a balançar as redes. Numa bola atrasada erradamente da defesa adversária, de Germain, o goleiro Max quase soltou a bola nos pés de Ronaldo. Mas o time haitiano se recompôs a tempo.
Aos 26min, Gabbardi cobrou falta de longa distância e o flamenguista Júlio César não teve dificuldades para fazer a defesa.
O Brasil jogava fácil. Aos 32min, Ronaldinho Gaúcho, em jogada genial, ampliou para a seleção. Ele recebeu a bola na intermediária de Ronaldo, driblou cinco haitianos, inclusive o goleiro, e tocou fácil para o fundo das redes: 2 a 0. A comemoração teve direito à sambada do atleta. Aos haitianos não restaram outra reação, a não ser aplaudir.
O terceiro gol saiu aos 41min. Ronaldo retomou a bola no meio-campo para o Brasil e driblou o único zagueiro que ainda ajudava na defesa haitiana. O atacante brasileiro partiu em velocidade rumo à área e quando todos esperam o seu gol, Ronaldo tocou à esquerda para Roger, sem marcação, fazer o terceiro da seleção, o segundo dele no jogo.
No segundo tempo, com um ritmo um pouco mais lento de ambas as equipes, quem chegou ao gol adversário primeiro foi o Haiti. Aos 5min, Fleury levou a melhor na disputa com o goleiro Júlio César pela direita, dominou, mas demorou muito para tentar surpreender o goleiro brasileiro, que já havia voltado ao gol.
O Brasil voltava com quatro modificações. Cris no lugar de Juan, Renato substituindo Gilberto Silva, Magrão no lugar de Edu e Nilmar na vaga de Ronaldo.
| | Ronaldo deu bons passes e chutou bola na trave, mas não marcou o seu | A seleção só decidiu arriscar um chute aos 15min, com Roger Foi a última participação do atleta, que na seqüência saiu para a entrada de Pedrinho. Parreira também colocou Fernando Henrique em substituição a Júlio César e Adriano no lugar de Roberto Carlos. A seleção chegou ao quarto gol com Ronaldinho Gaúcho cobrando falta da entrada da área, pela esquerda, aos 21min. Era o segundo gol dele na partida. O chute do atacante foi colocado, mas a bola passou pela barreira e enganou o goleiro do Haiti, pingando na frente do atleta.
Aos 36min, Ronaldinho, novamente, fez o quinto do Brasil. Juninho Pernambucano, em cobrança de falta pela direita, rolou bola para a entrada da área e, de primeira, Ronaldinho chutou forte para marcar o seu terceiro gol no jogo.
Nilmar, aos 40min, fez o sexto, após tabelar com Ronaldinho Gaúcho, sair em velocidade e tocar na saída do goleiro haitiano.
HAITI Max (Gabart); Thelanor, Germain (Jacques), Gabbardi e Bourcicaut (Stephane); Guillaune, Bourdot (Barthelmy), Gilles (Telamour) e Romulut (Mones), Fleury (Francis) e Desir (Herold) Técnico: Carlo Marzelin
BRASIL Júlio César (Fernando Henrique); Belletti, Juan (Cris), Roque Júnior e Roberto Carlos (Adriano); Juninho Pernambucano, Gilberto Silva (Renato), Edu (Magrão) e Roger (Pedrinho); Ronaldinho e Ronaldo (Nilmar) Técnico: Carlos Alberto Parreira
Local: estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe (Haiti) Árbitro: Paulo César de Oliveira (BRA) Cartões amarelos: Roger (BRA) Gols: Roger, aos 19min, Ronaldinho Gaúcho, aos 32min, Roger, aos 41min do primeiro tempo; Ronaldinho Gaúcho, aos 21min e aos 36min, Nilmar, aos 40min do segundo tempo.
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