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  02/06/2004 - 23h40
Brasil "contraria" Parreira e, com três gols de Ronaldo, bate Argentina

Daniel Tozzi e Régis Andaku
Enviados especiais do UOL
Em Belo Horizonte

Fernando Lacerda
Espec

Toque de bola, ritmo cadenciado, jogo de equipe, paciência. O futebol pregado pelo treinador Carlos Alberto Parreira foi ignorado na noite desta quarta-feira, em Belo Horizonte. Quem não deu para ser ignorado foi Ronaldo. Chamado de "gordo" antes da partida na capital mineira, o atacante marcou os três gols na vitória por 3 a 1 sobre os argentinos.

Com um jogo rápido, beirando o impaciente na maior parte do tempo, a seleção brasileira conseguiu, com a vitória, no estádio do Mineirão, assumir a liderança das eliminatórias da Copa. Os três gols convertidos por Ronaldo saíram em jogadas individuais em que ele próprio acabou derrubado. O lateral Sorín fez o gol argentino.

Flávio Flórido/Folha Imagem 
Ronaldo comemora gol de pênalti do Brasil com seu companheiro Kaká
O astro do Real Madrid brilhou no palco que o consagrou há 11 anos. Revelado pelo Cruzeiro, em 1993, o atacante foi negociado com o PSV (Holanda) por US$ 6 milhões. À época franzino, o goleador foi o destaque do Campeonato Brasileiro daquele ano.

A vitória colocou o Brasil no topo da tabela de classificação para a Copa de 2006, com 12 pontos. A Argentina estacionou nos 11. O Paraguai tem 10.

O próximo compromisso brasileiro será diante do Chile, domingo (dia 6), em Santiago. Os adversários, que na terça-feira venceram a Venezuela por 1 a 0, somam dez pontos.

A vitória interrompeu a seqüência de empates do Brasil nas eliminatórias, que havia ficado no 1 a 1 com o Peru, 3 a 3 com o Uruguai e 0 a 0 com o Paraguai. Nos dois últimos amistosos, empate com a França (0 a 0) e goleada sobre Catalunha (5 a 2).

O tropeço do time de Marcelo Bielsa pôs fim à invencibilidade argentina no qualificatório. A seleção azul e branca não perdia havia 17 partidas. Era a maior série invicta dos 'hermanos', que foram derrotados pela última vez no primeiro turno das eliminatórias passadas, justamente para o Brasil: 3 x 1 no Morumbi.

E, segundo dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a vitória selou o desempate entre as principais seleções do continente. Eram 33 vitórias para cada lado e 25 empates.

Jogo
O hino nacional brasileiro, interpretado por Milton Nascimento e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, com acompanhamento da Banda de Música da Polícia Militar de Minas Gerais e do conjunto afro Berimbrown, embalou a torcida no início da partida.

Jogando com velocidade, as seleções se lançaram ao ataque. Logo aos 5min, Luís Fabiano arrancou pela esquerda, livrou-se da marcação, mas errou ao tocar a bola. A Argentina respondeu com Sorín, aos 8min. O ex-lateral do Cruzeiro invadiu a área e foi travado antes do passe. Crespo, sozinho, esperava a bola.

Sem Ronaldinho Gaúcho, Kaká era o responsável pela armação do time, que não contou ainda com Lúcio (machucado) e Gilberto Silva (suspenso). Bielsa também não pôde escalar desde início o seu principal armador: Aimar. Riquelme e D'Alessandro, os reservas imediatos, foram cortados.

AFP 
Ronaldo sofre pênalti que ele mesmo cobrou para marcar o 1º gol da seleção
O primeiro gol aconteceu aos 16min. Em jogada individual de Ronaldo, o Fenômeno foi derrubado dentro da área. Pênalti. O atacante converteu, mas o árbitro Oscar Ruiz anotou invasão dos brasileiros e mandou voltar. Ofegante, o jogador do Real Madrid chutou praticamente no meio do gol.

Os torcedores que lotavam o Mineirão e cantavam músicas da baiana Ivete Sangalo - a musa da Copa de 2002 -, interromperam a festa a partir dos 15min. A Argentina passou a pressionar o Brasil e por pouco não empatou com Crespo, aos 17min. Dida impediu a finalização do artilheiro.

Sete minutos depois, Mascherano aproveitou cobrança de escanteio e desviou para o fundo das redes brasileiras. A arbitragem, porém, anulou o gol. Alegou que a bola saiu durante o chute. Aos 28min, Crespo cabeceou por cima da meta.

Bem marcado, Kaká pouco criou e o Brasil sentiu. Ameaçou em lances esporádicos com Luís Fabiano (que não alcançou a bola aos 25min, após cruzamento de Cafu) e Roberto Carlos (de falta, aos 32min).

O torcedor mineiro, impaciente, pediu a entrada de Alex, destaque do Cruzeiro. Para piorar, Zé Roberto recebeu cartão amarelo e não enfrentará o Chile no próximo domingo, em Santiago.

A Argentina, que aos 34min trocou Delgado (machucado) por Rosales, ainda na etapa inicial, ainda ameaçou com Sorín e Kily González. "O jogo não está bom. Eles pressionam muito", advertiu Ronaldo, antes de descer para o vestiário.

O panorama do clássico não mudou no segundo tempo. O Brasil, pouco criativo, reclamou de um pênalti logo a 1min - Samuel puxou a camisa de Ronaldo. Os arqui-rivais arriscavam, mas sem a mesma objetividade.
Em dois chutes de Ronaldo, da entrada da área (7min e 12min), a seleção de Carlos Alberto Parreira 'acordou' os torcedores. Os tiros, no entanto, passaram longe da meta de Caballero.

Na tentativa de conseguir o empate, Bielsa sacou Rosales e Lucho Gonzáles. Entraram Saviola e Aimar (que reclamava de dores antes do jogo), respectivamente. Não funcionou.

Explorando os contra-ataques, os pentacampeões chegaram ao segundo gol de forma idêntica ao primeiro. Aos 22min, em arrancada de Ronaldo, Mascherano cometeu a falta. O defensor, que já havia recebido o amarelo, não foi expulso. O camisa 9, alheio à decisão do árbitro, cobrou com categoria e ampliou o placar. "Êo, êo, o Ronaldo e um terror!", entoou o Mineirão.

A torcida, então, aproveitou para gritar 'olé' a cada toque do Brasil. Aos 26min, Edmílson roubou a bola e serviu Roberto Carlos, que disparou com violência. Passou muito perto.

Flávio Flórido/Folha Imagem 
Ronaldo comemora terceiro gol brasileiro com Júlio Baptista, Edmílson e Edu
Valente, a Argentina tentou descontar. E conseguiu com Sorín, aos 34min. O jogador do Paris Sain Germain finalizou após cruzamento pela direita. Aos 44min, o camisa 10 Luís Fabiano, depois do toque de Júlio Baptista, cabeceou em cima de Caballero.

Mas a noite era mesmo do Fenômeno. Esperto, o goleador entrou na área, deixou a perna e sofreu a terceira penalidade. Conclusão: 3 x 1 Brasil e o sexto gol do astro no qualificatório. "Ele continua sendo aquele jogador que faz a diferença", destacou Parreira.

BRASIL 3 x 1 ARGENTINA

Brasil
Dida; Cafu, Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos; Edmílson, Juninho Pernambucano (Júlio Baptista), Zé Roberto e Kaká (Alex); Luís Fabiano (Edu) e Ronaldo
Técnico: Carlos Alberto Parreira

Argentina
Caballero; Samuel; Quiroga e Heinze; Zanetti, Mascherano e Sorín; Lucho González (Aimar); Delgado (Rosales / Saviola), Crespo e Kily González
Técnico: Marcelo Bielsa

Árbitro: Oscar Ruíz (COL)
Auxiliares: Eduardo Botero (COL) e Carlos Sierra (COL)
Local: estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão), em Belo Horizonte
Horário: 21h45 (horário de Brasília)
Cartões amarelos: Zé Roberto, Kaká (B); Mascherano, Zanetti, Aimar (A)
Gol: Ronaldo (P), aos 16min do primeiro tempo; Ronaldo (P), aos 22min e 50min do segundo tempo.

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