Boleiros debatem movimento para mudanças no futebol; veja repercussão

Marcelo Sayão/EFE
Osvaldo de Oliveira, treinador do Botafogo: Eu sou solidário aos atletas. Quem sente na pele deve se manifestar, sim. Jogador sofre muito com isso. Além de ser inegável a queda no nível da competição, da qualidade do espetáculo,l que é prejudicada. A inserção da Copa do Mundo espreme ainda mais o calendário. Não tem tempo de treinar, preparar. Reflete nos jogos. Foi a rodada que menos se marcou gols no Brasileiro. Não é à toa. Quem tem melhores elencos, pode contratar, resiste mais. Quem não tem sofre mais.
Joel Rodrigues/Frame
Romário, ex-jogador e deputado federal: Este levante contra a CBF por parte dos atletas era algo inimaginável até bem pouco tempo. Sorte que eles acordaram a tempo. O que na prática estes jogadores estão comprovando é que o venho dizendo há muito tempo: a CBF não está preocupada com futebol, a única preocupação desta entidade é encher as burras de dinheiro. É por este motivo, inclusive, que estamos assistindo nosso futebol descer ladeira abaixo.
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Fernando Prass, goleiro do Palmeiras: É uma coisa que já vem com atraso de muitos anos. É impossível você colocar um calendário como o do ano que vem e não levantar questões. É uma coisa totalmente fora do aceitável. Não dá tempo para preparar, para jogar, para treinar. Todo mundo perde. Torcedor vai ao estádio e não vê qualidade técnica. Vocês da televisão vão vender um produto sem atrativo. É um primeiro passo que foi dado e tenho muita esperança de que evolua
Alceu Atherino / site oficial do Avaí
Enio Gomes, diretor do Avaí: Estamos estudando antes de definir os objetivos e as metas, precisamos fazer análises, mas nossa intenção já era essa. Não temos condições de enfrentar uma competição com todos os jogadores. Não tem condições fazer uma pré-temporada de uma semana, dez dias. A ideia era disputar as cinco primeiras rodadas com o grupo de jogadores com idade menor para fazer uma pré-temporada de 20, talvez 30 dias.
Ricardo Saibun/ SantosFC
Zinho, gerente de futebol do Santos: A iniciativa é muito boa. Acho que os atletas têm uma força muito maior do que qualquer dirigente, e a união deles é fundamental para que o calendário se adeque ao que eles querem, pois são eles que estão em campo e proporcionam o espetáculo.
JOKA MADRUGA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Alex, meia do Coritiba: Se as pessoas olharem para isso, sem a visão do clube, vão ver que é algo ruim para todos os clubes e atletas. Acredito que os regionais deveriam ser classificatórios e vistos de outra maneira. Regulamentos, datas, isso tudo pode ser discutido. O calendário da CBF já não bate com o da Federação Paranaense, por exemplo.
Fernando Cazaes/Photocamera
Edinho, volante do Fluminense: Eles fecharam esse manifesto durante o final de semana e meu celular estava desligado. O Rafael Sóbis é mais próximo desse pessoal e acabou entrando, por exemplo. Acredito que o Fred vai entrar, e a maioria dos jogadores vão estar participando, sim. Eu joguei fora do pais, na Itália. Fiz uma pré-temporada de 50 dias. Realmente essa preparação é melhor fora do pais. Aqui dura no máximo 15 dias. É uma coisa que tem que melhorar, somos seres humanos. Tem que haver um planejamento melhor para que o espetáculo melhore.
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Gilberto Silva, jogador do Atlético-MG: Eu julgo este movimento dos atletas fundamental para o futebol brasileiro. Muitos acontecimentos de bastidores não são colocados em público por receio de represália e crítica. Muitos atletas sofrem com isso, individualmente. Acredito que o Sindicato veio fortalecer a classe. O objetivo não é brigar com entidades, clubes, ou outros. Nosso empenho é buscar melhorias no futebol e trazer situações que até então não eram nem discutidas para o bem do esporte.
Bruno Cantini/Site do Atlético-MG
Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético-MG: Eles estão no direito deles de manifestarem. São os mais envolvidos nesta questão e dão a opinião, nada mais natural.
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Renato Gaúcho, treinador do Grêmio: A reclamação dos jogadores busca o melhor para classe. A CBF busca o melhor para ela. Cada parte tem suas razões. O correto é sentar e conversar para chegar a um denominador comum. O que não pode é só uma parte ficar feliz, levar vantagem. Os jogadores se desgastam muito, e acabam sendo criticados. Se fala em altos salários, mas eles também são seres humanos.
Bruno Cantini/Site do Atlético-MG
Marcos Rocha, lateral do Atlético-MG: Queremos que possa ter os 30 dias de folga, como aconteceu ano passado. Com a Copa do Mundo vai ter um jogo em cima do outro, este ano já esta sendo desgastante, um jogo atrás do outro, não dando tempo de ficar com a família. Então, espero que a gente tenha o mesmo período de férias.
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Anderson, zagueiro do Fluminense: Não foram todos os jogadores que entraram no manifesto. Vamos ter representantes. Não sei se o Fred vai entrar, mas estamos bem representados. A CBF tem que nos ouvir. Tem que haver essa troca, o que a gente tem que propor e a dizer. Temos que ter cabeça no lugar, saber o que vamos falar nesse momento. Cada um tem suas próprias razões. Vamos buscar um equilíbrio.
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Carlos Miguel Aidar, candidato a presidência do São Paulo: Achei ótimo. Sou absolutamente favorável. Em um ano extremamente atípico como 2014, com uma Copa do Mundo no Brasil, é preciso repensar o calendário todo. Seria preciso, excepcionalmente em 2014, conversar para não ter estaduais, para fazer só o Brasileirão, com uma parada durante a Copa. Ou então diminuir a forma de disputa do Brasileirão, se bem que não podemos mudar com menos de dois anos de antecedência. Mas em caráter excepcional, poderia repensar. Acho muito interessante. Cinco dias de pré-temporada não existe. É irracional.
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Tite, técnico do Corinthians: Toda manifestação, venha de onde vier, sendo em benefício do esporte, para que a gente tenha um esporte melhor, mais saudável, sempre vai ter a minha aprovação. Independentemente da vaidade. Esse manifesto tem também o meu apoio sim
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Raimundo Queiroz, diretor de futebol do Vitória: Não tenho uma posição formada, não li nada a respeito disso. Acho que os jogadores do nosso clube não foram procurados. Prefiro não me manifestar a respeito
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Léo Moura, lateral do Flamengo: Essa situação do calendário brasileiro tem que mudar, quero acreditar que mudanças serão feitas. Quem faz o espetáculo somos nós, são os jogadores que entram em campo e proporcionam ao expectador o evento que eles querem assistir. Com o número de partidas que a CBF quer implantar na próxima temporada fica impossível exibir um rendimento de alto nível durante todo o ano. Acho importante e válido esse movimento dos atletas por um calendário que respeite a saúde dos atletas do futebol brasileiro
Alexandre Vidal/Fla Imagem
Jayme Almeida, técnico interino do Flamengo: Fica claro, mais uma vez, que os atletas foram deixados de lado. Falo isso em termos de saúde, preparação, tudo. Isso é uma falta de respeito. Tem mais de seis anos que o Brasil foi escolhido como sede da Copa e só pensaram nisso agora? É uma brincadeira de mau gosto. Estão colocando um calendário no peito das pessoas. É uma imposição. Poderiam ter estruturado isso antes. Essa conta vai estourar nas mãos de jogadores, não tem jeito. Aí o jogador não vai bem no Estadual, não se prepara, e vai receber críticas.