A sinceridade de Paulo Autuori

Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco
Em menos de um mês de Vasco, o técnico Paulo Autuori já coleciona episódios que chamam atenção pela sinceridade. Ele foi o primeiro a cravar a venda de Dedé, criticou postura de treinadores ultrapassados e cobrou salários em dia, por exemplo.
Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco
Muito se especulava sobre a saída de Dedé, mas Paulo Autuori foi o primeiro personagem vascaíno que falou abertamente sobre o adeus do zagueiro até o meio do ano. "Ele sai no meio do ano. Você só se complica ao tentar esconder as coisas. Temos que suportar as pressões. É um prazer trabalhar com o Dedé. O tipo de zagueiro que garante atrás quando a equipe ataca e não tem receio de ficar no mano a mano. Vou aproveitar ao máximo a presença dele nesse período".
Vinicius Castro/ UOL Esporte
O comandante não poupa críticas ao protagonismo da classe dos técnicos desde que foi contratado e vê profissionais ultrapassados em um momento delicado do futebol brasileiro. "O protagonismo do técnico de futebol me irrita muito. Os protagonistas são os jogadores e os torcedores. Vou brigar contra isso. É uma coisa absurda. Está na hora de acabar com essa arrogância da nossa classe. Nenhum profissional, por mais vitorioso que seja, pode se achar maior do que a instituição. Nossos técnicos pararam no tempo e estão ultrapassados".
Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco
Autuori deixou claro que a condição envolvendo o pagamento dos salários em dia foi posta na mesa antes de aceitar dirigir o Vasco. "Isso não pode acontecer. Qualquer outro clube atrasa e falam isso, acham normal. O Vasco é um deles, não é novidade. Isso tem que acabar. Muita gente entra para administrar o clube e enxugar a folha. Fazem uma coisa responsável, os resultados não acontecem e já querem contratar jogador sem condições de pagar. Temos que seguir a linha, mas é preciso coragem. Não aceitaria se fosse para continuar na mesma situação. Confiei nas pessoas quando topei vir para cá. Vou ser muito exigente em relação a isso".
Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco
Assim que soube do protesto ?público zero? planejado pelas torcidas organizadas, Paulo Autuori criticou a iniciativa e saiu em defesa dos jogadores. "Escuto isso sempre. Mudou alguma coisa? Resolveram os problemas financeiros do clube? Claro que não. Você não pode chamar o jogador de mercenário. Como o atleta é mercenário se está jogando sem receber? Isso é uma incoerência. É fácil falar quando está lá em cima. Eu quero ver como se comporta uma pessoa estando três meses sem receber e com sua família atrás".
Vinicius Castro/ UOL Esporte
Torcedor de arquibancada do Vasco na infância, Autuori fez questão de assumir a paixão pelo clube e encantou dirigentes e fãs. "Optei por uma coisa chamada tradição e história. Já entrei muitas vezes nesse estádio em outras situações. Coisa de torcedor. Não tenho motivo para esconder isso. Trabalhei no Flamengo e no Botafogo. Não tive problema. Agora é diferente e sei que não sou nada perto da grandeza do Vasco".
Vinicius Castro/ UOL Esporte
A necessidade de contratar reforços foi logo admitida pelo treinador. O comandante vascaíno deixou claro que o time atual está abaixo do esperado para a disputa do Campeonato Brasileiro. "Sabemos que necessitamos de reforços para disputar o Campeonato Brasileiro. Isso não é novidade para ninguém. Com o que temos à disposição ainda não é possível. Mas, antes disso, precisamos regularizar as situações dos que se encontram no clube e contratar dentro da nossa filosofia de jogo".
Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco
Paulo Autuori condenou o esquema 3-5-2 desde a chegada ao Vasco. Ele bateu o martelo. O Cruzmaltino só atua no 4-4-2. No máximo, com variação para o esquema 4-3-3. "Acho que o 3-5-2 é um dos grandes vilões do futebol. O meia precisa chegar. É uma carência geral. Não se forma jogador com o 3-5-2. O 4-4-2 é a melhor maneira de trabalhar. Falo isso hoje e podem me cobrar. O modelo de jogo do Vasco é esse. Está definido".
Vinicius Castro/ UOL Esporte
Uma das exigências de Paulo Autuori para acertar com o Vasco foi a liberdade para participar das categorias de base. Ele considera importante a integração entre todas as etapas do departamendo de futebol. "Isso é uma coisa fundamental. E também cobrei quando fui contratado. Queria liberdade para reconstruir o futebol do clube. Atualmente, não atacam e nem defendem. Definimos as coisas e precisamos formar treinadores na base também. Vejo como importante a minha participação. Não faz sentido deixar de contribuir com o clube. Sou apenas uma engrenagem no processo".
Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco
Nos primeiros dias de Vasco, Autuori mostrou-se incomodado com a distância atual entre jornalistas e profissionais do futebol. Ele quer mudar a situação no comando do Vasco. "Saíamos para almoçar e conversar com os jornalistas. Era assim quando comecei. Hoje essa relação está cada vez mais distante. É uma coisa errada. A imprensa faz parte do espetáculo. Não é inimiga dos jogadores, nada disso. Quero o contato, essa aproximação é importante para uma convivência sadia".
Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco
Autuori veio para o Vasco e aceitou receber o menor salário entre os técnicos dos grandes clubes do Rio de Janeiro. A única exigência foi o fato da não existência de multa rescisória no compromisso. Por isso, as partes são livres para seguir o caminho em caso de incompatibilidade e quebra de acordos firmados na época da contratação. O salário do treinador é de R$ 250 mil por mês em São Januário.