Maioria no eleitorado, mulheres viram alvo de presidenciáveis na reta final
Marcelo Freire*
Do UOL, em São Paulo
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Montagem Marcelo Freire/UOL/Divulgação
22.10.2014 - Em SP, voluntárias do PSDB fazem campanha para Aécio; em Duque de Caxias (RJ), Dilma encontra com mulheres e militantes
No mesmo dia em que Dilma Rousseff (PT) organizou uma carreata em homenagem às mulheres no centro de Duque de Caxias (RJ), o PSDB mobiliza em 16 Estados o ato "Todas com Aécio por um Brasil Melhor", concentrando voluntárias para conversar com eleitores nas ruas. Nesta quarta-feira (22), a atenção que os presidenciáveis deram à ala feminina, representante de 52% do eleitorado, não ocorreu por acaso.
Pesquisa Datafolha realizada na terça-feira (21) mostrou a presidente e candidata à reeleição conta com 47% de intenção de votos entre as mulheres, contra 41% de Aécio. Há duas semanas, outra pesquisa Datafolha indicava cenário diferente: 46% das eleitoras planejavam votar no tucano e 42% preferiam Dilma.
A inversão colaborou para a ultrapassagem numérica de Dilma em intenções de voto no Datafolha, apesar do cenário de empate técnico em todas as pesquisas realizadas no segundo turno. Em 8 e 9 de outubro, Aécio tinha 46% dos votos totais (incluindo brancos, nulos e indecisos) contra 44% de Dilma; agora, a petista conta com 47%, enquanto Aécio oscilou para 43%. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos.
A pesquisa de hoje também indicou que 6% das mulheres ainda não sabem em quem votar, enquanto somente 3% do eleitorado masculino se coloca como indeciso. A dedicação das campanhas, no entanto, vai além dos números.
O confronto agressivo entre Dilma e Aécio principalmente no debate UOL/SBT/Jovem Pan de quinta passada (16) --amenizado no confronto de três dias depois, no encontro promovido pela Record-- rendeu acusações dos dois lados. Em propaganda na TV, a campanha petista disse que Aécio tinha dificuldade em respeitar as mulheres, lembrando outra discussão do tucano em debates, ainda no primeiro turno, com Luciana Genro (PSOL).
A propaganda do PT foi suspensa pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que retirou quatro minutos de inserções de TV da coligação de Dilma por entender que a peça feria a nova orientação do tribunal, de permitir a veiculação apenas de propagandas "de cunho propositivo". Antes disso, no entanto, Dilma e o ex-presidente Lula reiteraram a acusação feita na TV.
Campanha presidencial 2014
No centro de SP, mulheres se dividem
Na Praça da República, centro de São Paulo, a mobilização feminina do PSDB atraiu cerca de 30 voluntários e militantes, majoritariamente mulheres, nesta quarta. Elas procuraram conversar com eleitores e buscar os votos dos indecisos. Ao lado, disputando o espaço em frente à secretaria da Educação, aproximadamente dez militantes petistas, ligados a sindicatos de bancos, faziam campanha para Dilma.
Entre as eleitoras de Aécio, não havia ressalvas em relação ao comportamento do tucano com Dilma ou Luciana Genro nos debates. "Não achei ele agressivo. Falou que ela [Dilma] é 'leviana', e ela é leviana mesmo. Acho que as pessoas se incomodam com a mentira", opinou a empresária Sandra Motta, 56, entre uma e outra conversa com pessoas que cruzavam a praça.
"A agressividade nunca parte do PSDB. Parte do PT, com ofensas pessoais desagradáveis e muitas inverdades. Acho que ele [Aécio] recebeu muitos 'tapas', e devolveu um", acrescentou a jornalista Lucia Sauerbronn, 60, voluntária da campanha do tucano.
Já a administradora Eliana Ada, também de 60 anos, discordou. Após conversar com as voluntárias do PSDB e levar uma cartela de adesivos que continham uma rosa azul e o número 45 --"vou sugerir para a campanha da Dilma fazer uma assim, só que vermelha", explicou à reportagem--, ela declarou voto na candidata à reeleição. E criticou o tucano.
"É nítida a agressividade dele. É grosso, mete o dedo na cara, chama as mulheres de leviana. Isso é ofensivo para mim enquanto mulher. Ele tem postura de moleque irresponsável, e as mulheres não gostam disso num homem", argumentou Ada.
No Rio, Dilma fala em combater a violência contra a mulher
Na carreata em Duque de Caxias, Dilma discursou sobre a defesa dos direitos das mulheres. "Tem uma outra coisa que eu quero assumir. Nós não vamos mais aceitar a violência contra a mulher (…) a presidenta da República é uma mulher e nós não vamos mais permitir que isso aconteça", disse a candidata.
*Com colaboração de Leandro Prazeres