Mesmo bem avaliados, 3 governadores tentam reeleição e perdem no 1º turno
Do UOL, em Brasília
-
Arte/UOL
Da esq. para a dir.: Zé Filho, Casagrande e Cardoso não foram reeleitos governadores em seus Estados
Neste ano, três governadores que disputavam a reeleição -- Renato Casagrande (PSB) no Espírito Santo, Zé Filho (PMDB) no Piauí e Sandoval Cardoso (SD) no Tocantins perderam a disputa já no primeiro turno. O que surpreende é que, nestes Estados, os governadores tinham uma boa avaliação de seus governos, mas isso não evitou a derrota nas urnas.
No Espírito Santo, Casagrande sempre se manteve em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Apesar disso, seu governo era considerado ótimo ou bom por 35% das pessoas ouvidas pelo Ibope, 38% achavam regular e apenas 23% consideravam ruim ou péssimo em pesquisa divulgada em 3 de outubro, dois dias antes da derrota para Paulo Hartung (PMDB) no primeiro turno.
Na última pesquisa, Casagrande tinha a preferência de 30% dos eleitores. O governador também figurava em segundo no índice de rejeição, que era de 30%. Hartung possuía a maior taxa, com 42%.
No pleito do primeiro turno, Casagrande conquistou 751.293 votos, que corresponde a 39,34% do eleitorado do Estado. "Quero terminar bem a minha avaliação, vamos terminar bem esse meu mandato de governador. A gente não pode ficar ansioso e angustiado. É da democracia você ver disputas. Disputamos e não tivemos sucesso no pleito, respeitamos a maioria do povo capixaba seguindo em frente e seguindo a vida", disse o governador ao UOL após reunião do PSB em Brasília.
Zé Filho e Cardoso foram procurados pelo UOL para comentar a derrota nas urnas, mas não responderam aos pedidos de entrevista.
Eleições 2014 no Espírito Santo
Piauí
O governador Zé Filho (PMDB) perdeu o cargo para Wellington Dias (PT). Pesquisa Ibope de 2 de outubro mostrava o governador com apenas 29% dos votos no segundo lugar, ele sempre manteve essa tendência de colocação durante a campanha.
Seu governo, entretanto, é bem avaliado. Pesquisa Ibope de 10 de setembro apontou que 34% das pessoas ouvidas consideram a administração de Zé Filho ótima ou boa. Avaliam como regular 35% e ruim ou péssima, 17%.
A rejeição do governador também não era a maior do Estado: 29% dos eleitores afirmaram que não votariam em Zé Filho de jeito nenhum. O candidato eleito Wellington Dias tinha o maior índice, 55%.
Na disputa do primeiro turno, o governador chegou em segundo lugar na preferência de 33,25% dos eleitores, com 555.201 votos.
Ao reconhecer a derrota para Dias, Zé Filho afirmou ao site "Cidade Verde" que vai entregar o Piauí "melhor do que recebeu". "Nós vamos continuar até 31 de dezembro governando o Estado. Vamos entregar para o governador eleito um Estado muito melhor do que estava", afirmou Zé Filho. O governador também afirmou respeitar a decisão das urnas. "Foi isso que o povo do Piauí quis. Não tem mais o que se questionar. O povo é soberano".
Eleições 2014 no Piauí
Tocantins
Sandoval Cardoso (SD) também tentou a reeleição e foi derrotado já no primeiro turno. Terminou em segundo lugar, com 44,72% da escolha dos eleitores e 314.392 votos. Foi vencido por Marcelo Miranda (PMDB).
Cardoso é o único entre os governadores derrotados que não foi eleito diretamente pela população. O político foi eleito pelos deputados estaduais do Tocantins em maio deste ano. Cardoso era deputado da Assembleia Legislativa do Tocantins e foi escolhido pelos parlamentares quando o Estado ficou sem governante após o então governador Siqueira Campos (PSDB) e o vice João Oliveira (DEM) renunciarem para tentar cargos nas eleições deste ano.
Apesar do curto mandato, Cardoso era bem avaliado na reta final antes do primeiro turno. Segundo pesquisa Ibope divulgada em 29 de setembro, 45% consideravam seu governo ótimo ou bom, 26% regular, 20% ruim ou péssimo. Ele era rejeitado por 22% dos eleitores ouvidos pelo instituto. Mas no Tocantins há uma curiosidade, 26% dos eleitores afirmaram não saber em quem não votariam de jeito nenhum, é a maior taxa de rejeição.
Ao comentar a derrota, Cardoso afirmou ao portal de notícias G1 que respeita o resultado. "Bola pra frente, temos três meses de trabalho ainda à frente do governo", disse. O governador disse também que aceita a decisão do eleitor. "Talvez eu não tenha conseguido passar às pessoas o que eu sou, quem eu sou, o que quero fazer pelo Tocantins, o que eu estou fazendo pelo Tocantins. O tempo de campanha é muito rápido, eu não era conhecido no Estado todo", declarou.
No Distrito Federal, governo mal avaliado
Entre os governadores candidatos à reeleição derrotados, a exceção em relação a avaliação é Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, que tinha alta rejeição e baixa popularidade. O governador foi procurado para comentar o desempenho nas urnas, mas não respondeu às solicitações de entrevista da reportagem.
De acordo com uma pesquisa do Datafolha de 2 de outubro, 39% das pessoas ouvidas consideravam o governo do petista ruim ou péssimo; 36%, regular; e 23%, ótimo ou bom. A pesquisa mostrava Agnelo em terceiro lugar na preferencia do eleitorado, com 20% das intenções de voto. A rejeição do governador também era a mais alta entre os candidatos do DF. Entre os eleitores consultados pelo Datafolha, 51% afirmaram não votar em Agnelo de jeito nenhum.
Agnelo terminou em terceiro lugar com apenas 20,07% da escolha do eleitorado e ficou fora da disputa pelo segundo turno do DF, que será entre Rollemberg (PSB) e Frejat (PR). O petista conseguiu 307.500 votos.
Ao explicar derrota, Agnelo disse que o baixo desempenho nas urnas ocorreu pelos ataques que sofreu. "Fomos perseguidos desde o primeiro dia, e apesar de tudo isso a população votou na gente. Estou com a consciência e meu coração tranquilos pelo trabalho que fizemos. Nós entregaremos a cidade muito melhor do que recebi. Desejo pleno sucesso para quem ganhar a eleição. Vamos continuar entregando os trabalhos e as obras até o final do ano", declarou à Agência Brasil após a apuração dos votos que o deixou em terceiro lugar.
Para Agnelo, seu governo pretendia fazer mudanças estruturais. "É natural que os resultados apareçam mais para a frente. Mas sem dúvida, a implacável perseguição que o governo sofreu é um dos motivos [da derrota]".