Alto índice de votos inválidos no RN e em AL foi resposta do eleitor
Aliny Gama
Do UOL, em Maceió
O Rio Grande do Norte teve na eleição de domingo (5) um índice de 30,45% de votos inválidos. Foi a maior taxa de votos brancos ou nulos registrada no país.
Segundo os dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), 546.502 votos foram anulados para ao menos um dos cinco cargos que estavam em jogo neste pleito nos três maiores colégios eleitorais do Estado - Natal, Mossoró (a 276 km de Natal) e Parnamirim (região metropolitana de Natal). Nestes três municípios também foram registrados 266 mil votos em branco.
Ao todo, a capital registrou 495.350 votos inválidos -- 155.876 em branco e 339.474 nulos. O maior número foi para governador, com 115.757 votos inválidos -- 30.202 em branco e 85.555 votos nulos. Já em Mossoró e em Parnamirim a maior reprovação foi para os candidatos ao Senado.
Para especialistas, foi uma maneira de o eleitor protestar contra as opções de candidatos existentes.
Já Alagoas ficou em segundo lugar no número de votos inválidos, com 25,48%. Segundo o TRE, nas três maiores cidades do Estado – Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios – foram contabilizados 299.284 votos anulados e 245.795 em branco.
Ao todo, o maior número de votos inválidos em Maceió foi para senador, com 113.001 votos inválidos – 48.421 em branco e 64.580 votos nulos.
O senador Fernando Collor de Mello (PTB) foi reeleito após disputa com Heloisa Helena (PSOL).
Para o analista político Zoroastro de Araújo Neto, os dados significam o início da construção da consciência de um grupo que está "gritando" por mudanças.
"A explicação para esse alto índice de votos nulos ou brancos em Alagoas tem sua protoforma no esquecimento dos políticos sobre a função-chave de ser eleito pelo povo e para o povo. Dizer ou prometer uma mudança de serviços públicos, seja na educação, na moradia, na segurança, na saúde, no lazer, ou mesmo nas ações comunitárias não é mais garantia de voto", destaca.
"O cidadão, o jovem, o trabalhador já perceberam que a promessa se distancia do fazer, quando eleito. E, quando eleito, a categoria do esquecimento se faz presente sem nenhum pudor com a relação do capital e da exploração dos menos favorecidos. Não é mais uma questão de ideologia partidária, e sim, de projeto possível para mudar, para fazer valer a democracia, para construção de um plano estratégico com foco na mudança."
Votação em papel
O Rio Grande do Norte também teve votação em cédula de papel no último domingo. No município de Santo Antônio (a 76 km de Natal), 133 eleitores da 54ª seção escolheram seus candidatos manualmente, pois a urna apresentou defeito e não havia outra para substituí-la.
Segundo o TRE, não houve prejuízo para candidatos e eleitores, pois a votação e a apuração dos votos ocorreram normalmente.
O TRE justificou o caso como "isolado" e destacou que o Estado possui mais de 7.000 seções eleitorais.