Ex-governador e derrotado ao Senado no Piauí está inelegível por 8 anos
Aliny Gama
Do UOL, em Maceió
O ex-governador do Piauí Wilson Nunes Martins (PSB), candidato derrotado ao Senado Federal nesta eleição, está inelegível por oito anos por abuso de poder econômico. Caso ele tivesse sido eleito no domingo (5), não poderia assumir o cargo.
A condenação de Martins foi proferida nesta quarta-feira (8) pelo juiz eleitoral Heliomar Rios Ferreira, da 15ª zona do município de Bom Jesus. A decisão ainda cabe recurso.
Martins é terceiro réu no processo que analisava o resultado do pleito municipal de 2012 em Redenção do Gurguéia (a 527 km de Teresina), quando foram eleitos o prefeito Delano de Oliveira Parente de Sousa (PSB), e o vice-prefeito, José Carlos Ferreira Folha (PV). Os gestores municipais também estão inelegíveis por oito anos e tiveram os mandatos cassados.
"O candidato a prefeito Delano Parente pertence ao mesmo partido político (PSB) do Governador do Estado do Piauí, Wilson Nunes Martins, e também do Secretário de Educação, Átila Freitas de Lira, e do antigo secretário de infraestrutura e pai do deputado estadual Gustavo Neiva, Antônio Avelino Rocha de Neiva. Os quais declararam, publicamente, apoio ao candidato investigado Delano Parente", destaca o magistrado em sua decisão.
Vão assumir os cargos Ângelo José Sena Santos (PcdoB) e a vice Ronilda Leal Santos (DEM), que ficaram em segundo lugar no pleito.
Segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Sousa foi eleito com 2.818 votos enquanto Santos obteve 2.393 votos.
A ação
De acordo com os autos, Martins foi acusado de beneficiar empresas ligadas a Delano a fechar contratos que atingem o montante de mais de R$ 2 milhões para realizar diversas obras em Redenção do Gurguéia, como a construção de um estádio de futebol, pavimentação asfáltica em diversas ruas do município e ainda construção polo de Ensino à Distância de Redenção do Gurguéia/PI e do polo de Avelino Lopes/PI, entre outras obras. Segundo a ação, nenhuma delas foi concluída.
"Mesmo com as obras atrasadas, a empresa participara das licitações e se saiu vencedora, bem como todos os valores do contrato com a Administração Pública foram repassados. Frise-se, as obras continuam inacabadas, não obstante os contratos foram rescindidos, o valor já havia sido pago em sua integralidade", destaca o juiz, ressaltando que "a verdade é que esses agentes públicos, em período eleitoral, acabam se utilizando da sua posição de destaque para beneficiar candidaturas".
Segundo a ação, diversas reportagens da imprensa local e o plano de governo de Delano apontam que ele divulgou durante a campanha que era o responsável por conseguir a obra para o município.
"Prova disso, é que o Plano de Governo foi registrado no dia 7 de julho de 2012, coincidentemente, um dia após a data do processo licitatório", destaca a ação.
Condenados vão recorrer
Em contato com Delano, o UOL foi informado os advogados dele vão recorrer da decisão até a última instância. Delano se defendeu dizendo que não houve favorecimento na eleição para qualquer candidato "pois o governo trabalha em todos os municípios do Piauí".
O advogado de Martins, William Guimarães, informou também que vai recorrer da decisão. A defesa alega que as obras do governo Estadual não favoreceram nenhum candidato no pleito municipal.