Eleitores ignoram proibição e postam selfies das urnas
Paulo Victor Chagas
Da Agência Brasil, em Brasília
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Reprodução
Eleitor divulga selfie com urna ao fundo; Polícia Federal criou a operação Selfie na Urna
Apesar de a prática ser proibida pela legislação eleitoral, um grande número de eleitores que já foram às urnas neste domingo (5) usaram seus smartphones para tirar selfies (autorretratos) no momento da votação e postaram as fotos nas redes sociais. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quem desrespeitar a norma do sigilo do voto está sujeito a pena de até dois anos de detenção.
Entre as postagens, há desde imagens das urnas eletrônicas e fotos dos candidatos ao lado da tecla verde de Confirma a imagens mostrando a conclusão da votação, com a urna e a palavra Fim ao fundo. No Instagram, até um pequeno vídeo foi postado, mostrando desde o momento em que o número do candidato a presidente foi pressionado até a confirmação do voto.
De acordo com o TSE, os mesários e o presidente da mesa devem orientar o eleitor a deixar os equipamentos eletrônicos de lado antes de se dirigirem à cabine de votação. Eleitores ouvidos pela "Agência Brasil", no entanto, disseram não ter recebido nenhuma orientação quanto a celulares e smartphones.
A anulação proposital de votos, por meio da digitação de números que não correspondem a nenhum candidato, também foi registrada na rede. Atenta às infrações, a Polícia Federal criou a operação Selfie na Urna, a fim de impedir que os eleitores divulguem imagens dos votos. Em seu perfil no Instagram a assessoria da instituição avisa: "Publicar foto da urna é crime. Nos ajude nessa operação e nos marque se alguém estiver cometendo o delito. Lei 9.054, pena de dois anos e multa".
Alguns eleitores, entretanto, registraram o momento da votação apenas em forma de texto ou com selfies que não identificavam o local nem a urna. Com a hastag #javotei, usuários do Twitter e do Facebook postaram depoimentos dizendo terem cumprido o "dever de cidadão" e incentivando os demais com frases como "fiz a minha parte". Muitos também divulgaram, fora das cabines, suas preferências políticas, postando o nome e o número de seus candidatos.
Para o presidente do TSE, Dias Toffoli, o que mais preocupa o tribunal "não é a vaidade dos cidadãos", mas sim as situações em que a pessoa é coagida a votar em algum candidato, usando deste artifício para comprovar o voto, o que muitas vezes pode ocorrer em troca de algum benefício. "Selfie é muito mais a vaidade humana do que qualquer outra coisa. Mas vamos avaliar e ver maneiras de se fazer um melhor controle", afirmou.
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