Eleição para o governo do RJ terá Pezão (PMDB) e Crivella (PRB) no 2º turno

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

  • Arte UOL

    Pezão (à esq.) e Crivella (à dir.) vão disputar o segundo turno da eleição no Rio

    Pezão (à esq.) e Crivella (à dir.) vão disputar o segundo turno da eleição no Rio

O próximo governador do Estado do Rio de Janeiro será decidido no segundo turno entre Luiz Fernando Pezão (PMDB), 59, atual chefe do Executivo e concorrente à reeleição, e Marcelo Crivella (PRB), 57. O candidato da situação confirmou o favoritismo apontado pelas pesquisas divulgadas na véspera da eleição, e Crivella surpreendeu ao superar de forma apertada Anthony Garotinho (PR) na corrida pelo segundo turno.

Com 100% da urnas apuradas, Pezão obteve 40,57% dos votos válidos, Crivella, 20,26% e Garotinho, 19,73%. A diferença entre Crivella e Garotinho foi de menos de 50 mil votos.

Na disputa pelo Senado, o ex-jogador de futebol e deputado federal Romário (PSB), 48, ganhou a disputa com 63,43% dos votos válidos.

Fonte: TSE

Crivella atribuiu sua ida ao segundo turno à "humildade" de sua campanha. "Acho que essa nossa campanha modesta acabou contribuindo para a gente chegar ao segundo turno. Pesquisas não decidem a eleição. Quem tem experiência sabe que elas são uma fotografia do momento", afirmou, referindo-se às pesquisas de intenção de voto que previam um segundo turno entre Pezão e Garotinho.

A votação para definir o vencedor do pleito vai ocorrer no dia 26 de outubro. Ele vai governar para uma população estimada de 16,4 milhões de pessoas, que estão distribuídas entre 92 municípios, segundo dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Até a data do segundo turno, Pezão e Crivella terão o mesmo tempo de TV para veiculação do horário eleitoral gratuito. No primeiro, o peemedebista teve nove minutos e 57 segundos, e o candidato do PRB teve um minuto e nove segundos apenas.

Pezão disse que não pretende mudar a estratégia usada pela sua campanha no primeiro turno da eleição. "Teve muita gente falando uma porção de coisa no primeiro turno que a gente vai ter cada vez mais tempo de explicar no segundo turno, quando os tempos são iguais. Eu não tenho problema nenhum de debater com qualquer candidato. Quem debateu com quatro pode debater com um. Vejo com muita tranquilidade. Espero que a gente debata o futuro do Estado, o que a gente não conseguiu porque foram só ataques e todos os quatro comentando o que a gente fez. Não vi nenhuma proposta para o futuro do Estado", disse.

PMDB tenta 3º mandato

Pezão vai para o segundo turno com o objetivo de garantir o terceiro mandato seguido de um político do PMDB à frente do governo do Estado. O antecessor, Sérgio Cabral, renunciou após governar entre 2007 e o começo deste ano, dando lugar a Pezão, que era o vice. Se ele conseguir a reeleição, não poderá se candidatar novamente ao cargo daqui a quatro anos.

Pezão foi o candidato que mais gastou com campanha no Estado: R$ 13 milhões, de acordo com a última parcial divulgada pelo TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio). Na TV, a campanha exibiu uma série de depoimentos de pessoas beneficiadas por projetos implementados pelo governo estadual, além de uma ampla apresentação de obras e investimentos.

Durante a disputa eleitoral, o crescimento da candidatura de Pezão foi acentuado. No dia 30 de julho, o Ibope divulgou a sua primeira pesquisa eleitoral que considerava o cenário oficial, isto é, com os sete candidatos ao governo registrados no TSE, e Pezão aparecia em terceiro lugar, atrás de Garotinho e Crivella.

Chapa do eu sozinho

Crivella vai para a etapa decisiva da eleição na tentativa de ocupar o seu primeiro cargo eletivo no Executivo -- ele esteve recentemente à frente do Ministério da Pesca e se licenciou do cargo a fim de disputar a eleição. A trajetória política de Crivella sucedeu à popularidade conquistada por sua atuação como bispo evangélico, cantor gospel e escritor.

Nos últimos anos, tornou-se o principal nome de seu partido, mas não fez aliados para a eleição desse ano. Segundo ele, a candidatura "puro sangue" teria sido uma questão de escolha. Durante a campanha, o candidato argumentou que essa característica faria com que ele não ficasse refém de interesses políticos de terceiros.

Para formar a chapa do PRB, o pleiteante ao Executivo buscou nomes como o general do Exército José Alberto da Costa Abreu, que comandou o plano de segurança durante a visita do papa Francisco, no ano passado, e o diplomata Sebastião Neves. Por outro lado, o isolamento reduziu o seu tempo de propaganda na TV a pouco mais de um minuto.

No decorrer da campanha, apresentou propostas baseadas em projetos sociais como a Fazenda Nova Canaã, localizada em Irecê, na Bahia, e o Cimento Social (construção e reforma de moradias em favelas). Também se comprometeu com os eleitores a retomar o projeto dos Cieps (escola em tempo integral), de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.

Eleições 2014 no Rio de Janeiro
Eleições 2014 no Rio de Janeiro

Segurança pública em pauta

Durante a campanha, Pezão defendeu a continuidade da política das UPPs e fez uma promessa: instalar mais 50 unidades nos próximos quatro anos. Já Crivella afirmou que, se eleito, pedirá o apoio do governo federal para aumentar o contingente nas UPPs.

Crivella propôs a criação de um batalhão de motociclistas e falou sobre o projeto Zona Franca Social, que prevê fiscais combinados com a preferência a empresas com mão de obra de áreas pacificadas nas compras do próprio Estado.

Pezão, por sua vez, disse querer investir na construção da "Academia das UPPs", que seria um espaço para treinamento, qualificação e reciclagem de policiais militares lotados em UPPs.

O projeto das UPPs foi criado em 2008, durante a gestão de Cabral, e soma 38 unidades no Estado: 37 na capital e uma em Duque de Caxias (Baixada Fluminense). Desde 2013, elas são alvo de ataques de grupos criminosos, que se intensificaram em 2014.

As estatísticas do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostram que, de janeiro a junho deste ano, mais de 2.700 pessoas foram assassinadas no Estado. O primeiro semestre de 2014 foi o mais violento, em termos de número absoluto de homicídios dolosos, desde 2009.

No período entre junho e agosto de 2014, também houve crescimento de 61,8% nos casos de homicídios decorrentes de intervenção policial (autos de resistência), em comparação com o mesmo trimestre no ano passado.

Segurança pública é justamente o tema que mais preocupa cariocas e fluminenses, segundo internautas do UOL que participaram da ferramenta de avaliação contínua dos Estados, o Esperançômetro. A corrupção aparece em segundo lugar no ranking de problemas.

Dilma e os quatro palanques

Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) se dividiu entre quatro palanques no Rio de Janeiro. Além de seu correligionário, Lindberg Farias, ela esteve em eventos de campanha de Luiz Fernando Pezão, Anthony Garotinho e Marcelo Crivella.

A ruptura entre as as lideranças fluminenses do PMDB e do PT foi ocasionada pela candidatura própria de Lindberg, incentivada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PMDB queria que Pezão e Lindberg estivessem na mesma chapa, mas não abria mão de lançar o candidato ao governo, oferecendo ao PT a possibilidade de indicar o vice. No entanto, o diretório regional do Partido dos Trabalhadores não aceitou essa condição e optou por entregar os cargos no governo estadual. Posteriormente, o partido de Lindberg formou chapa com PSB, PV e PC do B.

A direção do PMDB fluminense respondeu com a "chapa Aezão" (em referência aos nomes de Pezão e Aécio Neves, presidenciável do PSDB e adversário de Dilma). Apesar do apoio mútuo, Pezão e Aécio não chegaram a dividir o mesmo palanque durante a campanha, pois isso poderia afetar a boa relação entre o governador e a presidente. Com a aliança entre PMDB, PSDB e DEM, a coligação do candidato ao governo ampliou o seu tempo de propaganda eleitoral na TV.

Crivella, por sua vez, tem uma ligação partidária de longa data com o PT de Lula e Dilma. O PRB foi a sigla de José Alencar, vice-presidente nos oito anos de governo Lula, a partir de 2005 --depois de Alencar, morto em 2011, romper com o Partido Liberal. A relação com Dilma se estreitou depois que ela o escolheu para assumir o Ministério da Pesca, em 2012. No mês passado, eles estiveram juntos em um comício realizado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Luiz Fernando Pezão
  • Partido
    PMDB
  • Coligação
    O Rio em 1º lugar (PMDB, PP, PSC, PTB, PSL, PPS, PTN, DEM, PSDC, PRTB, PHS, PMN, PTC, PRP, PSDB, PEN, PSD, SD)
  • Data de nascimento
    29/03/1955
  • Município de nascimento
    Piraí (RJ)
  • Escolaridade
    Superior completo
  • Ocupação
    Governador
  • Estado civil
    Casado

Marcelo Crivella

Raio-X das Eleições

Arte/UOL

Veja a votação em presidente e governador no 1º turno e como ficou a composição do Congresso

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