Após declarações de Levy, Marina e Dilma criticam homofobia
Guilherme Balza e Leandro Prazeres
Do UOL, em Caruaru (PE) e em São Paulo
A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (29) em Caruaru (PE), que as declarações do presidenciável Levy Fidélix (PRTB) no debate de ontem (28) na TV Record são "homofóbicas e inaceitáveis". A candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff, também criticou o rival.
No debate, o candidato associou homossexuais à pedofilia e pregou o enfrentamento a gays.
"É uma visão de completa intolerância com a diversidade social, cultural, que caracteriza o nosso país, com o respeito que se deve ter às pessoas, independente da condição social, cor e orientação sexual", disse a ex-senadora.
Questionado sobre por qual motivo não confrontou o candidato após as declarações, Marina afirmou que as regras do debate não permitiram. "O debate tem regras em que você não pode interferir na fala das demais pessoas."
Segundo Marina, a Rede Sustentabilidade fará uma representação contra Levy Fidelix.
Já Dilma voltou a defender nesta segunda-feira a criminalização da homofobia. "Eu acho que a homofobia tem que ser criminalizada", disse.
A declaração de Dilma foi feita durante entrevista coletiva realizada em um hotel em São Paulo. Durante a entrevista coletiva realizada pouco antes de um comício no bairro do Campo Limpo, em São Paulo, Dilma disse o país não poderia conviver com processos discriminatórios que levassem à violência.
"Eu já disse que o meu governo e eu, tanto pública quanto pessoalmente, sou contra a homofobia. Acho que o Brasil atingiu um patamar de civilidade, que nós, a sociedade brasileira, o governo, todos nós, não podemos conviver com processos de discriminação que levem à violência", disse a presidente e candidata.
Com relação aos direitos civis das relações entre pessoas do mesmo sexo, Dilma disse que o assunto não estava em discussão por conta da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o assunto. "No que se refere às relações estáveis entre pessoas do mesmo sexo, o Supremo Tribunal Federal foi claro e definitivo e leis, nesse país, e decisões do Supremo existem para serem cumpridas e nós temos que cumprir essa que declarou que a união estável de pessoas do mesmo sexo garante todos os direitos civis", disse.
"Tanto que é assim que nós, imediatamente após a decisão do Supremo, adotamos todos esses princípios para os funcionários públicos federais. Essa é uma questão que não está em discussão", afirmou a candidata.
O candidato do PSDB, Aécio Neves, irritou-se ao ser questionado sobre o assunto. "Não era a minha vez de falar, não tinha como responder no debate, por isso, estou me manifestando para você aqui."
"Aparelho excretor"
Levy afirmou que gays precisam de atendimento psicológico "bem longe daqui". As declarações foram dadas após pergunta da candidata Luciana Genro (PSOL), que citou a violência a que a população LGBT é submetida e indagou Levy sobre os motivos pelos quais os que "defendem a família se recusam a reconhecer como família um casal do mesmo sexo."
"Aparelho excretor não reproduz (...) Como é que pode um pai de família, um avô ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um pedófilo. Está certo! Nós tratamos a vida toda com a religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar", afirmou.