Zenaldo Coutinho (PSDB) inverte placar e vence Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém

Do UOL, em São Paulo

  • Tarso Sarraf/Folhapress

    Zenaldo Coutinho (PSDB), de terno, comemora vitória pela Prefeitura de Belém neste domingo (28)

    Zenaldo Coutinho (PSDB), de terno, comemora vitória pela Prefeitura de Belém neste domingo (28)

O deputado federal licenciado Zenaldo Coutinho (PSDB) conseguiu reverter o placar de votação do primeiro turno e venceu neste domingo (28) Edmilson Rodrigues (PSOL) na disputa pela Prefeitura de Belém, no Pará.

Na primeira apuração, Edmilson obteve 32,58% dos votos válidos, e Zenaldo, 30,67%. Mas as primeiras pesquisas de intenção de voto divulgadas na capital já indicavam uma virada do tucano, que contou com o apoio de uma grande coligação no início das eleições e ganhou o reforço do PP, PSC, PRB, PRTB, PV e PPS no segundo turno, totalizando 14 partidos aliados.

Esta foi a segunda vez no pleito que Zenaldo conseguiu se recuperar de um quadro aparentemente adverso: até o início de setembro, antes do primeiro turno, ele aparecia em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Após a apuração, no entanto, ele foi para o segundo turno com uma vantagem de 17 pontos percentuais sobre Jefferson Lima, do PP.

No retorno ao horário eleitoral, Zenaldo vinha destacando sua experiência na administração pública. Ele lembrou sua atuação como deputado federal, cargo que ocupava há cinco mandatos pelo PSDB-PA, desde 2000, e defendeu a importância da união entre os governos estadual e municipal. O tucano foi chefe da Casa Civil na gestão do atual governador, Simão Jatene (PSDB), e antes, de 1990 a 1998, foi deputado estadual pelo PTB-PA. 

Perfil do eleito

Nome: Zenaldo Coutinho
Partido: PSDB
Nascimento: 4/2/1961
Município de nascimento: Belém (PA)
Ocupação: Deputado
Vice: Karla Martins (PSB)
Coligação: União em Defesa de Belém (PSDC / PMN / PTC / PSB / PRP / PSDB / PSD / PT do B)

Jatene apareceu ao lado do tucano diversas vezes ao longo da campanha, e gravou várias inserções para o palanque eletrônico do candidato, sempre destacando a aliança entre os governos caso Zenaldo seja eleito.

Propostas

Na enquete "Avalie sua cidade", do UOL Eleições, a saúde é apontada como o maior problema da capital paraense, segundo 18% dos internautas.

Se eleito, Zenaldo se comprometeu a construir um novo posto de saúde e três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) que funcionarão 24h por dia. Ele também disse que reforçaria logo no início do mandato o programa Saúde da Família, para atingir 100% do município.

O tucano defendeu ainda o ensino em tempo integral nas escolas municipais e afirmou que vai dobrar o número de creches, além de apoiar os estabelecimentos conveniados.

Outra questão muito defendida por ele, foi a parceria com o governo estadual, do também tucano Simão Jatene. Até se licenciar da Câmara dos Deputados, em julho deste ano, Zenaldo era crítico ativo do governo de Dilma Rousseff, por isso repetiu várias vezes durante a campanha que não acreditava que sua postura de oposição pudesse prejudicar o repasse de verbas federais a Belém caso ele fosse eleito. 

Candidato derrotado

Edmilson Rodrigues foi prefeito da capital paraense de 1996 a 2004, os dois mandatos pelo PT, partido que deixou em 2005. Caso tivesse vencido a disputa pela prefeitura novamente, seria o primeiro prefeito do PSOL a governar uma capital. Antes disso, foi deputado estadual de 1987 a 1994, e se elegeu novamente em 2010.

Com discurso mais moderado do que os outros candidatos da legenda, Edmilson abandonou bandeiras que o PSOL defende em várias cidades, como o calote da dívida pública, a redução da tarifa de ônibus e os cortes em cargos de confiança. Apesar disso, formou uma coligação com alguns dos principais partidos de esquerda do país (PC do B, PSOL e PSTU). O PCO e o PCB ficaram de fora.

No segundo turno, Edmilson conseguiu a adesão do PDT --que no início do pleito estava coligado com o PR do candidato Anivaldo Vale-- e do PT, do candidato Alfredo Costa. Ele e o petista haviam se desentendido no primeiro turno, quando o candidato do PSOL incluiu na propaganda eleitoral na TV suas realizações à frente da prefeitura. Costa atribuiu os feitos ao PT.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu na propaganda eleitoral de Edmilson, e espantou setores mais à esquerda da coligação. A entrada do PT na campanha fez a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST),  do PSOL, abandonar a campanha do candidato de seu partido. O PSTU também se afastou após o apoio petista.

A presidente Dilma Rousseff também apareceu no palanque eletrônico do candidato, e garantiu que em Belém o PT apoia o PSOL.

A campanha de Edmilson também focou na biografia do candidato, destacando sua vida acadêmica e sua qualificação técnica para ocupar o cargo. Ele tem mestrado em planejamento e desenvolvimento pela UFPA (Universidade Federal do Pará) e doutorado em geografia pela USP (Universidade de São Paulo).

Em algumas inserções no horário eleitoral, ele contou com a participação de Marinor Brito (PSOL), a vereadora mais votada para a Câmara de Belém, com 21.723 votos.

Na área da saúde, Edmilson se comprometeu a contratar 50 médicos e enfermeiros em caráter emergencial para fortalecer os programas Saúde da Família e Família Saudável. Ele disse ainda que iria construir quatro UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e um hospital.

O candidato do PSOL teve mais de 80% da sua campanha do primeiro turno bancada por empresas, segundo prestação entregue à Justiça Eleitoral em setembro. Foram arrecadados R$ 476,4 mil, dos quais R$ 389,4 mil da iniciativa privada, o que motivou críticas de outros partidos, principalmente do PCO, que se opõe ao financiamento privado de campanha.

Também concorreram ao pleito José Priante (PMDB), Alfredo Costa (PT), Jefferson Lima (PP), Arnaldo Jordy (PPS), Anivaldo Vale (PR), Marcos Rego (PRTB)Sérgio Pimentel (PSL) e Leny Campelo (PPL).

Dados da cidade

Belém é a maior cidade do Pará, com uma população de 1,3 milhão de habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A cidade ocupa uma área de 1.059 quilômetros quadrados e reúne mais de 1 milhão de eleitores. 

A capita paraense também apresenta o maior PIB (Produto Interno Bruto) do Estado e o segundo maior da região Norte, perdendo apenas para Manaus (AM). Levantamento do IBGE demonstrou que, em 2009, o município atingiu o PIB de R$ 16,5 bilhões, com uma renda per capita de quase R$ 11,5 mil. 

* Colaborou Sandra Rocha, em Belém

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