Ratinho Junior credita provável derrota a 'conservadorismo' de Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

  • Joka Madruga/Futura Press

    O candidato do PSC à Prefeitura de Curitiba, Ratinho Jr., votou acompanhado da mulher e das filhas

    O candidato do PSC à Prefeitura de Curitiba, Ratinho Jr., votou acompanhado da mulher e das filhas

O candidato do PSC à Prefeitura de Curitiba, Ratinho Junior, atribuiu ao “conservadorismo da cidade” e ao “preconceito” a perda do favoritismo para vencer as eleições neste domingo (28).

Vencedor do primeiro turno com 34,09% dos votos válidos, quase sete pontos percentuais à frente de Gustavo Fruet (PDT), Ratinho Junior foi ultrapassado nas pesquisas de intenção de voto realizadas durante a campanha do segundo turno.

Levantamento divulgado no início da noite de sábado (27) pelo Datafolha corroborou o favoritismo do pedetista. Fruet lidera com 54% das intenções de voto, ante 36% de Ratinho.

“Curitiba é uma cidade muito conservadora. Sofri muito com esse conservadorismo e com preconceito, de parte da imprensa e dos adversários no primeiro turno, por conta do meu apelido, que adoro, por ser jovem e por não ser de uma família tradicional. É algo que temos que não se vence numa só eleição”, disse, após votar, por volta das 10h30, numa escola em Santa Felicidade, tradicional bairro de imigrantes italianos na região oeste de Curitiba, onde mora.

Apesar de se dizer “otimista”, Ratinho adotou um discurso de quem já assimilou a derrota indicada pelas pesquisas de intenção de voto. “Estar no segundo turno para mim já foi uma grande vitória. Fruet é um candidato muito forte, tem ligação familiar com a cidade. Nossa missão foi cumprida”, afirmou o candidato, que votou acompanhado da família e do candidato a vice, Ricardo Mesquita, mas sem a presença do pai, o apresentador Ratinho, do SBT.

“[Agora] Temos que estruturar nosso partido no Estado, onde tivemos bons resultados. Fizemos, por exemplo, a maior bancada de vereadores de Curitiba”, falou. Apesar disso, Ratinho Junior descartou uma candidatura ao governo do Estado - como havia dito o pai dele, em entrevista ao UOL - ou ao Senado em 2014. “O PSC ainda não tem musculatura suficiente para isso.”

Apesar de ter dito que o “lugar natural” do PT era em sua coligação, e não na do adversário, o ex-tucano Fruet, Ratinho Junior disse não ter mágoas em relação ao governo federal. “[A presidente] Dilma [Rousseff] e [o ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva] respeitaram a relação que tenho com eles, tanto que nem gravaram para o outro candidato. Sempre defendi as políticas deles [na Câmara Federal]. Isso está na história, não há como mudar. [O apoio de ministros a Fruet] estremece minha relação com o Planalto. Continuo na base”, disse ele, que é deputado federal licenciado e já liderou a bancada do PSC.

Apesar disso, Ratinho evitou declarar apoio à provável candidatura da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) ao governo do Estado, em 2014. Ela e o marido, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), foram os principais articuladores do apoio do PT a Fruet. “É muito cedo para falar nisso”, despistou.


Por outro lado, ele disse sair da campanha com um “relacionamento mais respeitoso do que já tínhamos” com o governador Beto Richa (PSDB). O tucano apostou no candidatura do prefeito Luciano Ducci (PSB), derrotado no primeiro turno, e se declarou neutro no segundo turno. Mas o deputado federal Fernando Francischini (PEN), aliado de Richa, disse nesta semana que o governador “preferiu que eu apoiasse Ratinho Junior”.

“Pedi ao governador, logo após o primeiro turno, que ele não fizesse uma intervenção caso alguém ligado ao grupo dele quisesse me apoiar. E ele respeitosamente fez isso”, disse o candidato do PSC.

Erros na campanha

Na sexta-feira (26), o candidato do PSC disse ao UOL que a “demora em desconstruir” Fruet custou à própria campanha a perda de votos de eleitores do PT e do candidato derrotado à reeleição, Luciano Ducci (PSB), ao adversário. Para Ratinho, houve falhas na campanha ao longo do segundo turno, mas a vantagem que as pesquisas apontam para o pedetista não é “irreversível” nas urnas.

“Demoramos a mostrar essa incoerência. Se o eleitor do Ducci começa a ver que o Gustavo está em um grupo adversário, pode ser que ainda migre para nós, em parte”, afirmou, na sexta. Com essa estratégia, a campanha dele subiu o tom dos ataques, ao longo da última semana. Peças publicitárias exibidas na televisão tentaram ligar Fruet ao petista José Dirceu, condenado no julgamento do mensalão, e foram tiradas do ar pela Justiça Eleitoral, a pedido da campanha do pedetista.

No último programa que exibiu no horário eleitoral gratuito, na sexta-feira, Ratinho disse ser a “mudança de verdade”. Apesar disso, exibiu integrante do secretariado do governador Beto Richa (PSDB), antecessor e padrinho político de Ducci, pedindo votos para ele.

Carlise Kwiatkowski, presidente do Provopar, entidade assistencial do governo do Estado, dirigiu um apelo a líderes comunitários que “nos últimos anos trabalharam conosco para erradicar a miséria em Curitiba” em favor de Ratinho Junior. No período, a cidade foi administrada por Richa e Ducci.

Ao final, conclamou: Não podemos deixar que o preconceito vença essa eleição. Tenho muito orgulho de ser quem sou. Ser jovem não pode ser impedimento para ser prefeito. Ser jovem não é defeito”, argumentou o candidato, de 31 anos. “Se você já está conosco, consiga mais um, dois, três votos”, disse, num apelo para reverter o quadro mostrado pelas pesquisas. “Vamos ganhar a eleição também no segundo turno.”

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