O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, utilizou pela primeira vez o filme "Tropa de Elite 2", de José Padilha, em seu horário eleitoral gratuito na TV.

Na edição vespertina desta segunda-feira (27), o programa de Freixo voltou a criticar a política de combate às milícias --tema do filme--, e terminou com um depoimento do ator Wagner Moura, que interpreta o personagem Capitão Nascimento no longa.

Apesar do pouco tempo de TV (1m44s), o concorrente do PSOL conseguiu inserir em seu horário eleitoral cinco depoimentos, que são divididos por artes que ilustram a associação entre a campanha de Freixo e o filme. Apesar das referências diretas ao filme, o programa não usou cenas de "Tropa de Elite 2".

Já o atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), repetiu a maior parte de seu horário político, o que inclui um clipe com imagens feitas durante a Olimpíada de Londres --em uma delas, Paes balança a bandeira olímpica na solenidade de encerramento dos Jogos.

Mais uma vez, a propaganda centralizada no Parque Madureira, projeto da prefeitura que criou a terceira maior área verde da capital no subúrbio carioca, teve um longo espaço no horário político do concorrente do PMDB.

Além disso, Paes reafirmou promessas nas áreas da saúde e da educação --as que geram as principais críticas de seus adversários. Segundo o atual prefeito, se reeleito, sua gestão construirá 70 Clínicas da Família e 170 EDIs (Espaços de Desenvolvimento Infantil) até a Olimpíada no Rio, em 2016.

Milícias

Enquanto o atual prefeito e candidato à reeleição enfrenta acusações de ter participado de uma reunião com milicianos ligados à máfia das vans --uma foto que circula em redes sociais mostra o encontro de Paes com os suspeitos--, Freixo utilizou todo o seu programa na TV para destacar a sua atuação no combate aos grupos paramilitares.

O horário eleitoral do candidato do PSOL começa com um depoimento do antropólogo, cientista político e especialista em segurança pública Luiz Eduardo Soares, coautor dos livros "Elite da Tropa" e "Elite da Tropa 2" --obras que deram origem ao roteiro do filme dirigido por José Padilha. 

"O Marcelo Freixo ficou muito conhecido no Rio de Janeiro quando liderou a CPI das Milícias. Depois ficou conhecido no Brasil todo e eu até ousaria dizer no mundo todo pelo filme 'Tropa de Elite'", afirma Soares. Em seguida, o programa exibe o depoimento de uma estudante que afirma ter conhecido Freixo por meio de um dos personagens do filme.

"Eu conheci o Freixo pelo filme 'Tropa de Elite'. Eu sei que é baseado nele. O Fraga. E eu gostei. Quando você vê, você pensa: É nesse cara que eu quero votar", referindo-se ao personagem Diogo Fraga, um deputado estadual cuja carreira política teve início na militância pelos direitos humanos (mesma trajetória de Freixo). No filme, Fraga lidera uma CPI contra as milícias, e que, no fim, aponta o governador do Estado como um dos chefes do esquema.

Freixo ainda lembra que a CPI liderada por ele na Assembleia Legislativa do Rio, em 2008, fez com que mais de 700 pessoas fossem presas. No entanto, o deputado estadual afirma que, por outro lado, o número de milícias aumentou nos últimos anos.

"Eu fui presidente da CPI das Famílias e o filme "Tropa de Elite 2", de alguma forma, retrata um pouco o que nós vivemos. Mas eu costumo dizer que é uma obra de ficção, porque a realidade é muito pior. Muitos milicianos já foram presos. Mais de 700 prisões depois da CPI. Mas o número de milícias aumentou. Isso porque o poder público não retirou deles os seus braços econômicos, como o domínio sobre o gás, o controle do transporte alternativo e o gatonet. Esses grupos continuam dominando territórios. Milícia é máfia. Nós temos coragem para fazer esse enfrentamento", disse.

Deficientes

O candidato do PSDB, Otávio Leite, seguiu no horário político desta segunda-feira uma estratégia parecida com a de Freixo. Conhecido pela atuação parlamentar em favor dos direitos dos deficientes físicos, o pleiteante tucano à Prefeitura do Rio optou por centralizar a propaganda na bandeira pela qual ele se tornou conhecido.

Leite exibiu imagens e depoimentos de pessoas com deficiência, e citou uma pesquisa do Censo que aponta: no Rio, cerca de 500 mil pessoas têm algum tipo de deficiência grave, e apenas 9% das calçadas da capital fluminense contam com rampas de acessibilidade.

O concorrente tucano também aproveitou para mostrar em sua propaganda na TV, pela primeira vez, o seu candidato a vice, o advogado Geraldo Nogueira, que é paraplégico.