Em encontro, candidatos a prefeito de Natal criticam atual gestão

Elendrea Cavalcante

Do UOL, em Natal

“Nós temos uma gestão em Natal do século passado”.  A frase de Fernando Mineiro (PT) foi apenas uma das centenas disparadas por quatro dos candidatos que concorrem à prefeitura da cidade durante “sabatina” realizada nesta segunda-feira (13).

O evento foi organizado por representantes da indústria e comércio, além da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no projeto Motores do Desenvolvimento do RN.

Participaram da sabatina os candidatos Carlos Eduardo Alves (PDT), Rogério Marinho (PSDB), Hermano Morais (PMDB) e Mineiro. De acordo com a organização do evento, o critério foi o fato de estes serem os quatro mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos.

A prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), que possui índice de rejeição superior a 90%, não disputará à reeleição.

Apesar de não ter sido convidado, o candidato Robério Paulino (PSOL) compareceu ao auditório do CT Gás, onde foi realizado o evento, e mostrou seu descontentamento em ficar de fora.

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  • Arte/UOL

“Não fui convidado, mas aqui estou. Acho um absurdo não me convidarem, já que muitas das pesquisas que estão sendo feitas são encomendadas por institutos e organizações ligadas aos candidatos. Sou doutor em história politica pela USP [Universidade de São Paulo] e teria muito para contribuir”.

Chamados um por um para a sabatina, enquanto os outros candidatos aguardavam em salas, em comum, os postulantes à prefeitura apontaram a perda de recursos federais pela atual gestão e sua incapacidade de planejamento, operação e administração da cidade. 

Líder nas pesquisas, o candidato Carlos Eduardo fez uma análise dos recursos disponíveis para Natal em virtude da Copa do Mundo de 2014.“ Temos um total de R$ 464 milhões do governo federal disponíveis para a Copa, mas corremos o risco de perder estes recursos se a prefeitura não oferecer sua contrapartida. Só para a mobilidade urbana são R$ 338 milhões disponíveis. E nós temos uma equipe técnica na Secretaria de Trânsito e Transporte muito boa, mas que precisa ser melhor aproveitada”.

Hermano Morais apontou a necessidade de enxugar o número de secretarias da administração municipal, que hoje são 27, além de seus cargos comissionados. “Natal não consegue sequer pagar seus compromissos. Como ter 27 secretarias? Temos que aplicar o princípio da economicidade. Fazer mais, com pouco, e recuperar a capacidade de investimento de Natal, que é quase nula. Hoje a cidade está perdendo investimentos porque não sabe como buscá-los”.

Ainda sobre gestão pública, o candidato Rogério Marinho foi questionado quanto aos gastos da prefeitura com custeio e pessoal e a consequente falta de recursos para investimentos próprios. O candidato defendeu a redução de 30% de secretarias e cargos comissionados e a economia de 40% de recursos destinados a custeio da máquina.

Fernando Mineiro defendeu o tema e suas propostas lembrando a falta de articulação entre as próprias secretarias que compõem a administração municipal e reafirmando a necessidade de encerrarem-se terceirizações “desnecessárias” dentro dos serviços oferecidos pela atual gestão.

“Essa questão da terceirização precisa ser revista. Não há porque terceirizar laboratórios para exames de fezes e urinas, por exemplo. Aliás, a saúde é um caos. Das 116 equipes de saúde da família que Natal tem, 61 delas não possuem médicos. Precisamos primeiro reorganizar a saúde básica e depois trabalhar a saúde especializada”.

Turismo

Outro ponto bastante questionado por empresários foi o turismo em Natal, que vem sofrendo baixa. Carlos Eduardo lembrou a necessidade de se reorganizar o litoral da cidade. “Precisamos resgatar o projeto da marina, que ficou abandonado. É apenas uma questão de visão. Uma coisa simples, por exemplo, é lembrar que há embarcações que entram e saem do Brasil passando pela costa do Rio Grande do Norte e poderíamos estar lucrando com isso. Fernando de Noronha, que está bem próxima de Natal, recebe 4.000 barcos por ano, que poderiam vir a Natal”, ressaltou.

Também questionado sobre o turismo, Hermano salientou que “não fossem os empresários que se reúnem, Natal não estaria sendo divulgada nas grandes feiras.  A secretaria de turismo de Natal não trabalha em cima disso, mas precisa participar. Se eleito for, ofereço uma gestão  técnica voltada para o funcionalismo, com metas aferidas dias após dias para avaliar secretários”.

Rogerio Marinho defendeu os trabalhadores que atuam diretamente com o turismo e a necessidade de investir neles. “Temos que tratar os taxistas, por exemplo, e todos aqueles que trabalham com turistas com novo foco. A Copa do Mundo vem ai e eles precisam, por exemplo, saber falara inglês. Não aquele inglês profundo, mas o básico para que possam se comunicar com os turistas que virão à cidade. Aliás, é preciso pensar em soluções no turismo para agora, pois a alta estação virou média estação em Natal e a cidade que antes era visitada apenas pelas classes A e B, agora recebe turistas das classes C e D --consequentemente são pessoas que gastam menos da cidade. Natal está perdendo seus atrativos. A cidade só precisa ser cuidada. Precisa apenas de um dono”, disse.

Fernando Mineiro lembrou que dentro do próprio turismo não se pode considerar os autônomos como um problema urbano, mas, sim, como um grupo de trabalhadores que precisa ser enquadrado em uma discussão econômica.

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales de Araújo, disse que a sabatina foi necessária para que se tenha uma clareza de postura por parte dos candidatos a prefeito de Natal.

“O empresariado local está inserido neste contexto e quer saber das propostas para Natal e sua região metropolitana. Há um comodismo que precisamos remover. Ser prefeito desta cidade é um desafio.”

Mais informações sobre as eleições em Natal.

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