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Nobel da Paz, Wangari Maathai ajudou a plantar milhões de árvores no Quênia

Por Juliana Domingos de Lima 

Crédito: Charley Gallay/Getty Images

Bióloga, acadêmica e ativista ambiental, Wangari Maathai ficou conhecida por ter criado, nos anos 1970, o Movimento Cinturão Verde (Green Belt Movement). Na mesma década, foi a primeira mulher a obter um doutorado e a se tornar professora universitária na África Oriental e Central. Também foi a primeira africana a receber o Nobel da Paz em 2004.

Crédito: Wendy Stone/Corbis via Getty Images

A iniciativa pioneira de reflorestamento comunitário foi concebida por Maathai quando ela atuava no Conselho Nacional das Mulheres do Quênia e teve contato com as dificuldades enfrentadas pelas quenianas no campo. Devido ao desmatamento, elas estavam lidando com a falta de lenha, a seca dos rios, o empobrecimento do solo e a insegurança alimentar

Crédito: Taking Root:The Greenbelt Movement/Reprodução

Membro do Movimento Cinturão Verde observa área reflorestada nos montes Aberdare, no Quênia

Com participação de dezenas de milhares de semeadoras e semeadores, o movimento recuperou áreas devastadas do Quênia e se tornou referência internacional, chegando a mais de dez milhões de árvores plantadas em 1992. Hoje, o projeto segue atuando em defesa da proteção ambiental, da restauração florestal e do empoderamento comunitário, contabilizando mais de 50 milhões de árvores plantadas

Crédito: Neil Thomas/USAID

Além da conservação ambiental, Maathai se engajou na defesa da democracia e dos direitos humanos no Quênia, se colocando contra o governo de Daniel Arap Moi, que impôs um regime de partido único em 1982. Nessa época, ela liderou um movimento contrário à construção de um grande edifício no Parque Uhuru, uma das únicas áreas verdes no centro de Nairóbi, que conseguiu barrar o empreendimento

Crédito: Wangari Maathai Foundation/Divulgação

O então presidente Daniel arap Moi em 1979

Por sua oposição ao governo, ela foi ameaçada, presa e espancada junto a outros ativistas. Também foi impedida de concorrer a um assento no parlamento e teve que deixar seu emprego na universidade. Mesmo o Movimento Cinturão Verde passou a ser cerceado por suas atividades pró-democracia

Crédito: Rob C. Croes/Anefo

Apesar da perseguição, ela seguiu atuante, obtendo apoio e reconhecimento internacional cada vez maiores. Nos anos 1990, participou da luta pela libertação de presos políticos, somando forças a um movimento de mães que reivindicava a soltura de seus filhos, encarcerados sem julgamento

Crédito: Reprodução Twitter/Anestia Internacional Quênia

Bióloga e ativista
Wangari Maathai

São as pequenas coisas que os cidadãos fazem que farão a diferença. Minha pequena coisa é plantar árvores

Maathai nasceu em 1940 em Nieri, província rural do Quênia. Nos anos 1960, recebeu uma bolsa do programa Kennedy Airlift, que propiciou o estudo de centenas de jovens africanos em instituições de ensino superior na América do Norte

Crédito: Bristol Archives/Universal Images Group via Getty Images

Ela se graduou em Biologia no atual Benedictine College, no Kansas, e obteve um mestrado na área pela Universidade de Pittsburgh, também nos EUA. Prosseguiu seus estudos nas universidades de Giessen e Munique, na Alemanha, e Universidade de Nairóbi, no Quênia, onde se tornou professora e chefe do Departamento de Anatomia Veterinária

Crédito: Wangari Maathai Foundation/Divulgação

Bióloga e ativista
Wangari Maathai

Uma árvore tem raízes no solo, mas alcança o céu. Ela nos diz que, para aspirar a algo, temos que ter uma base e que, por mais alto que subamos, é das nossas raízes que extraímos o nosso sustento. É um lembrete para todos nós que tivemos sucesso de que não podemos esquecer de onde viemos

Crédito: Noor Khamis/Reuters

Quando o país caminhava para uma democratização, nos anos 2000, Maathai atuou como parlamentar e assistente do Ministério do Meio Ambiente. Também assumiu postos na ONU e em outras entidades pela preservação do ambiente e combate às mudanças climáticas. Morreu de um câncer no ovário em 2011, aos 71 anos. Sua trajetória acadêmica, de defesa dos direitos das mulheres, do meio ambiente e da democracia deixaram um legado ainda vivo no Quênia.

Quenianos homenageiam Maathai em cortejo fúnebre em Nairóbi

Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 26 de junho de 2021

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