R8 Spyder com motor V10 empurra a Audi no salão paulistano

CLAUDIO DE SOUZA

Editor de UOL Carros

O estande da Audi no 26º Salão do Automóvel de São Paulo, evento que abre para o público na próxima quarta-feira (27), terá duas estrelas. Uma delas é o A1, menor e mais barato carro da marca -- custará cerca de R$ 90 mil. Outra é o R8 Spyder com motor V10. Variante do R8 que foi lançado no Brasil em 2008 (inicialmente com motor V8), o superesportivo conversível traz um motorzão 5.2 de 525 cavalos e um respeitável torque de 53 kgfm -- números extremamente generosos quando se trata de empurrar apenas 1.720 quilos.

O trem de força é completado pela transmissão automatizada R Tronic de seis velocidades, com opção de trocas sequenciais na alavanca e nas borboletas atrás do volante (que, claro, tem a base achatada). O câmbio também pode ser manual, mas essa versão não será vendida no Brasil.

O R8 Spyder soma tecnologias para obter performance total. A construção em alumínio (Audi Space Frame) permite que a carroceria pese apenas 216 kg; já o quadro do motor é em magnésio ultraleve, e a capota retrátil, que abre ou fecha em 19 segundos (com o carro até 50 km/h), acrescenta só 30 kg. A distribuição do peso é de 43% no eixo dianteiro e 57% no traseiro, números interessantes caso se considere que o motor tem posicionamento central, logo atrás de motorista e passageiro.

A força do propulsor é despejada nas rodas (aro 19, com pneus 235/35 à frente e 295/30 na traseira) do superesportivo com mediação da tração integral quattro. A suspensão conta com o sistema Audi Magnetic Ride, que usa campos magnéticos e esferas metálicas no óleo dos amortecedores, podendo torná-lo mais denso quando se desejar um ajuste firme e esportivo. Outro aspecto da suspensão que confirma a vocação de pista do R8 Spyder são os duplos braços triangulares. No entanto, o R8 Spyder não dispõe do Audi Drive Select, ajustador de parâmetros disponível em outros modelos da marca (mas o R Tronic tem a opção Sport).

Dotado de câmbio manual, a Audi avisa que o R8 Spyder vai de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos; de 0 a 200 km/h em 12,7 segundos; e atinge uma máxima de 313 km/h (não há limitador, como em modelos "comportados" da marca alemã).

Pelo lado de fora, o R8 Spyder apresenta um visual menos arrojado que a média dos superesportivos. Sua silhueta tem curvas e bordas, em vez de linhas retas e ângulos, enquanto a traseira tem corte transversal reto e acabamento em preto, com lanternas semelhantes à do Audi TT. As rodas de dez raios e o conjunto óptico com LEDs (pioneirismo que a Audi transformou em assinatura dioturna de sua gama atual) são cerejas no bolo desse estilo ao mesmo tempo contido e dinâmico. Falamos do carro no modo "ao ar livre"; com a capota erguida o conjunto perde um pouco de sua harmonia, já que ela "puxa" os olhos em direção ao capô. De qualquer modo, a origem do R8 Spyder no lendário carro de competição da Audi em Le Mans é insinuada apenas remotamente.

Com "espalhados" 4,43 metros de comprimento, 1,9 metro de largura e 11 cm de distância livre do solo, o R8 Spyder obviamente não é feito para rodar em asfalto ruim, nem para encarar entradas de garagem em rampa -- entre outros obstáculos urbanos tão comuns no Brasil. Mas a maior dificuldade para colocar esse superesportivo na rua é outra: o modelo chega ao país custando R$ 785.000.

Por ora, só teve um comprador no Brasil: o cantor Roberto Carlos, que deve receber o seu até o final do ano (enquanto isso, tem usado unidades emprestadas pela Audi, já que se apaixonou perdidamente pelo modelo).

Vale lembrar que na edição passada do Salão de São Paulo a Audi simplesmente não apareceu: preferiu comemorar seus 15 anos de Brasil num evento à parte, longe do Anhembi. E todo mundo saiu perdendo.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
UOL Carros participou de um test-drive do R8 Spyder nesta quinta-feira (21), trafegando por estradas que ligam São Paulo (capital) ao interior do Estado.

Para quem está acostumado com carros da Audi (por dever de ofício, no caso), o R8 não chega a causar uma explosão de emoções. Por exemplo, seu motor V10 é o mesmo do sedã S6 usado como apoio durante o teste, e que dirigimos também. Mas isso não é demérito para a Audi, muito pelo contrário: arrancadas explosivas e corpo colado no banco podem ser obtidos até mesmo pelo A3 com motor turbo -- para não citar feras como S3 e TTS...

O R8 está um passo adiante desses modelos, e enfrenta grifes como Ferrari, Lamborghini, Porsche e Maserati com argumentos convincentes: é um carro confortável, fácil de controlar, com direção direta mas suave e muita tecnologia de segurança embarcada -- sendo que apenas a tração quattro já seria uma forte vacina contra vaciladas dos menos experientes.

Sentado rente ao chão, o motorista percebe a dianteira do R8 Spyder "engolindo" o asfalto e é instantaneamente convidado a pisar mais fundo. O câmbio R Tronic não tem a perfeição do S Tronic de dupla embreagem, mas isso é até bom: os pequenos trancos a cada marcha e as reduções com o motor bufando fazem parte da graça de pilotar um carro nervoso. O escalonamento das marchas, a potência abundante e o torque generoso garantem que mesmo retomadas em quinta marcha sejam disparos de canhão (especialmente no modo S).

O motorzão V10 ronca logo atrás dos ouvidos do motorista, mas o tratamento acústico do R8 é tão bom que o volume não causa espécie nem com a capota baixada, nem com ela fechada.

Enfim, a dica é "abrir" o R8 e, com os cabelos ao vento (caso os tenha) e protetor solar nos dias de calor, divertir-se com as disparadas bem "audianas" desse belo carro. Mas prepare-se para ser observado, fotografado e até filmado, como aconteceu com o carro de teste enquanto dirigíamos por São Paulo.

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