Presidente da Fiat afirma que Stilo não tem defeito de fabricação

Da Agência Brasil, com Redação

Em São Paulo

O presidente da Fiat, Cledorvino Belini, negou nesta quarta-feira (10) que haja problemas no Stilo, automóvel fabricado pela montadora. Na terça-feira (9), o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) anunciou que multou a Fiat em R$ 3 milhões depois que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) constatou falhas na fabricação dos cubos das rodas traseiras do veículo, o que poderia provocar a soltura das rodas. A multa foi aplicada porque a Fiat já havia sido notificada do problema e, mesmo assim, negou a existência do defeito e não realizou o recall. A decisão também obriga a montadora a fazer o chamado aos proprietários de Stilo e bancar eventuais reparos nos carros.  

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  • Marcelo Justo/Folha Imagem

    O empresário Elson da Silva diz ter ficado "abismado" quando relatou o seu acidente com um Stilo para um técnico da concessionária Fiat. "O mecânico sabia que era um defeito de fábrica e ainda queria cobrar R$ 9.970 pelo conserto".

Há suspeita de que esse problema tenha provocado diversos acidentes. O caso vem sendo investigado desde junho de 2008 e, no período de um ano, de 2007 a 2008, 30 acidentes foram notificados envolvendo o desprendimento da roda. O número de mortos chegaria a oito. "O problema da roda ocorreu em consequência do acidente e não [foi] o cubo que gerou o acidente", disse Belini, após participar de reunião na Fiesp, em São Paulo. O executivo apenas repetiu o argumento que a Fiat tem usado desde que surgiram as primeiras denúncias de problemas com o Stilo: a soltura da roda teria sido causada pelo acidente, em vez de o acidente ter sido causado pela soltura da roda.

Ontem, o Grupo de Estudos Permanentes de Acidentes de Consumo (Gepac) falou sobre a necessidade de a montadora efetuar o recall em todos os veículos Fiat Stilo fabricados depois de abril de 2004, substituindo os cubos das rodas traseiras por outros, fabricados em aço forjado. Os atuais são de ferro fundido.

Belini informou que a montadora está analisando o caso e estudando a necessidade de realização do recall, mas pretende recorrer da multa. "O produto atende às especificações, não existe o defeito. Estamos com todos os testes feitos pelo Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial] e por vários institutos, e essa é a realidade dos fatos", afirmou.

O pronunciamento de Bellini é relevante porque, em nota oficial emitida na terça (e enviada novamente aos jornalistas na quarta), a Fiat afirmou -- sem deixar margem a dúvida -- que respeitaria a determinação do governo federal e faria o recall do Stilo, mesmo sem dizer quando. Não se sabe quantos e quais carros da linha Stilo serão (ou seriam) chamados -- divulgar os chassis das unidades envolvidas é algo que sempre fica a cargo a montadora.

Bellini deve assumir em algumas semanas a presidência da Anfavea, a associação nacional das montadoras de veículos.

NOTA OFICIAL DA FIAT
Leia a seguir a íntegra da nota oficial da Fiat sobre o recall e a multa determinados pelo DPDC:

A Fiat Automóveis informa que cumprirá a inusitada decisão do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), que a surpreendeu, e determinará em breve a realização de recall para a substituição do cubo da roda traseira do Fiat Stilo, nos casos em que o veículo se enquadrar na decisão dos órgãos oficiais. A empresa reitera, entretanto, que os modelos Fiat Stilo não apresentam qualquer inconveniente nem risco ao consumidor, conforme sustenta laudo técnico elaborado por sua área de Engenharia. Com base nesta convicção, a Fiat Automóveis informa que tomará de imediato, a providência de recorrer da decisão nas esferas competentes, em busca do pleno esclarecimento dos fatos. A decisão do DPDC se baseou em laudo da empresa Cesvi, contratada pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), do qual a Fiat não teve conhecimento prévio nem oportunidade de manifestar-se. A Fiat discorda totalmente do referido laudo e da decisão do DPDC. A Fiat vem tranquilizar os seus clientes no tocante à segurança do modelo Stilo, recordando que foi a primeira montadora de automóveis no Brasil a convocar espontaneamente um recall, em clara demonstração de transparência e respeito ao consumidor. São princípios que sempre nortearam a conduta da empresa.

 

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