Montadoras protegem itens de série e acessórios 'oficiais' com garantia
Da Auto Press
O tempo perdido dentro do automóvel por conta do trânsito caótico das cidades é cada dia maior. E equipar o veículo de forma a promover conforto e segurança dos ocupantes deixou de ser considerado um supérfluo para ser um atenuante do estresse da chamada vida moderna. Mesmo que o consumidor não tenha interesse em comprar um modelo topo de gama, a procura por acessórios que deixem o carro mais incrementado é bastante comum. A lista desses itens, aliás, se multiplicou, especialmente nos últimos anos.
O que antes era só um som mais "transado", passou a incluir ar, vidros elétricos, Bluetooth e até GPS. E aí, surge o duelo entre os itens originais de fábrica e acessórios das concessionárias contra o mercado "paralelo" de equipamentos.
Ilustração: Afonso Carlos/Carta Z Notícias
A dúvida surge especialmente na hora da decisão da escolha desses itens. De um lado, as concessionárias autorizadas obviamente lembram da garantia que o consumidor tem ao utilizar o serviço autorizado. Do outro, os independentes "dão o troco" no ponto mais sensível do cliente: o bolso. "Todos os acessórios oferecidos nas revendas são validados pela engenharia da marca. E se o consumidor tiver qualquer tipo de problema, em qualquer lugar do país, pode procurar uma revenda autorizada e resolver", defende Marco Sabadin, analista do mercado de acessórios da Chevrolet.
NAS VITRINES
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Por outro lado, no chamado "mercado livre" existe uma enorme variedade de marcas e lojas que oferecem o serviço, em até 20% mais em conta. "Temos situações em que a mão-de-obra e o conhecimento do instalador é maior que a do concessionário, que está mais focado em vender o carro. Além disso, a revenda precisa praticar o preço mais alto que o mercado, o que implica na decisão de quem compra", rebate André Andrade, gerente de marketing da Pioneer.
A questão fica ainda mais complicada quando o consumidor interessado em um acessório tem nas mãos um veículo zero-quilômetro. Isso porque o fabricante alerta -- muitas vezes no manual do proprietário -- que qualquer modificação ou instalação feita fora da revenda autorizada, e que comprometa o funcionamento do veículo, pode implicar na perda da garantia de fábrica. "É a primeira vantagem que temos. O cliente sairá sabendo que não degradamos a originalidade do veículo e ele ainda tem a garantia do carro zero", reforça Juliano Rossi Machado, gerente da área técnica da Peugeot.
Uma situação muito comum é em relação à instalação de um som automotivo. Na concessionária, além de o consumidor ter a garantia do produto instalado, terá a certeza de que se a parte elétrica for comprometida, o veículo estará dentro da garantia. "Por conta desse conceito de originalidade, asseguramos que a instalação não afetará a central elétrica, ou ainda roubará carga da bateria por algum motivo", explica Décio Martins, gerente de pós-vendas da Volkswagen.
No caso de outros acessórios, como ar-condicionado, a instalação implica em um série de equipamentos, muitas vezes desconhecida por parte do consumidor. É comum, por exemplo, que um cliente compre um modelo de entrada "pelado" e queira aplicar o ar-condicionado depois de tirar o carro da revenda. "O problema é que muita gente não sabe que a entrada de um acessório desse tipo exige mudanças em peças como o radiador, o alternador e a bateria. Às vezes, vale mais comprar o ar-condicionado como item de fábrica", pondera Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive.
De qualquer maneira, a instalação de um dispositivo que não seja original de fábrica implica sempre em mudanças. Seja na revenda autorizada ou no instalador independente. Um ar-condicionado, por exemplo, exige mudanças de outros componentes, como um ar-condicionado com amperagem maior. O próprio sistema de som pede a mudança de chicotes elétricos, assim como a maioria dos dispositivos elétricos.
E alguns detalhes ficarão de fora. Por exemplo, um sensor de obstáculos traseiro instalado depois que o carro saiu de fábrica com rádio não vai baixar o volume do som automaticamente quando se engata a ré, como ocorre nos modelos que tem o item de série. "Os acessórios das concessionárias são homologados pela marca. Passaram por testes e foram modificados para atender as normas da marca", explica Carlos Henrique Ferreira, consultor técnico da Fiat. (por Karina Craveiro)
Para ganhar dinheiro, concessionárias têm de vender mais que o carro
Numa revenda autorizada, depois que o consumidor resolve escolher o carro, a parte mais importante da venda fica a cargo do vendedor de acessórios. Isso porque a maior parte do ganho da concessionária é a partir da comercialização dos itens extras, escolhidos pelo proprietário do veículo zero-quilômetro. |
"O vendedor tem de estar bem treinado, com catálogos à disposição do cliente para seduzi-lo. A revenda também é uma espécie de shopping center", afirma Décio Martins, gerente de pós-vendas da Volkswagen. |
E a busca por determinados acessórios varia de acordo com o público. Pessoas mais jovens estão de olho em sistemas de som mais incrementados, com saídas auxiliares e MP3. Outros mais idosos preferem equipar o veículo com vidros, travas e alarmes. "O interessante também é o gasto. Em média, um homem tende a deixar R$ 350 na revendas, enquanto as mulheres não gastam mais do que R$ 300 em acessórios", descreve Alessandro Vetorazi, gerente de marketing da Renault. |
Mas os itens que lideram a procura junto às revendas e lojas independentes são outras "novidades", como os sensores de estacionamento, Bluetooth, sistemas de navegação, além dos rádios com MP3 e entrada USB. "Temos percebido um aumento de mais de 15% ao ano em relação à procura por acessórios", garante Décio Martins, da Volks. |