Tempo quente exige cuidados para otimizar ar-condicionado e evitar danos

Da Auto Press

Como aparentemente o aquecimento global decidiu passar o verão no Brasil, ar-condicionado se tornou um item quase obrigatório nos automóveis em boa parte do país -- e com funcionamento cada vez mais frequente e necessário. Mas o equipamento sempre foi envolto por muitos mitos e verdades em relação ao seu funcionamento. Desde como aproveitar melhor seu rendimento e evitar desgaste ou consumo maior do carro, até a questão de limpeza dos dutos e do filtro. Reunimos aqui dicas mínimas e simples que o próprio motorista pode seguir, verificar e diagnosticar.

Acionamento do sistema - Ao ligar o carro, quando o veículo ficou exposto ao sol, o ideal é colocar o equipamento na posição de recirculação de ar -- fechada -- para que o habitáculo esfrie mais rapidamente. Mesmo na opção de recirculação, o sistema bloqueia apenas de 85% a 90% da renovação de ar no habitáculo. Além disso, os especialistas garantem que, com o carro parado, não há qualquer mal em deixar o vidro aberto, só que, no máximo, por dois minutos.

"Ajuda para que o ar gele mais rápido depois que o veículo ficou muito tempo no sol", garante Marco Botta, supervisor técnico de pós-venda da Peugeot. "Nessa situação, tudo irradia calor: folha do teto, painéis e bancos. A janela aberta ajuda a extrair um pouco desse calor", faz coro Eduardo Grassiotto, gerente de pós-venda da Citroën.

O ar-condicionado automático gerencia a climatização. Ele acelera ao máximo o ventilador, fecha a recirculação e otimiza o funcionamento do ar de acordo com a temperatura e o nível de insolação no habitáculo através de sensores internos e externos. Em alguns modelos, como a linha Picasso e C5 da Citroën, devido ao para-brisa grande, é colocada entre as camadas do vidro dianteiro uma camada fina de prata, que reduz a insolação em cima do painel em até 90%.

Recirculação de ar - Depois que o interior gelar, o ideal é andar sempre com a circulação aberta -- a não ser em ambientes poluídos, como túneis, estradas de terra e atrás dos famigerados caminhões e ônibus desregulados. Uma maneira de renovar sempre o ar dentro do veículo.

"A circulação fechada usa sempre o mesmo ar, o que pode ocasionar problema de odores. É sempre bom misturar ar fresco", receita Jomar Napoleão, vice-diretor do Comitê de Veículos de Passeio da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade).

O ar viciado pode ser ruim também para alérgicos e portadores de doenças respiratórias. "Se o carro está muito sujo e empoeirado, os ocupantes vão aspirar ainda mais poeira. Entre um dia e outro deve-se sempre renovar este ar", aconselha o médico João Negreiros Tebyriçá, vice presidente da Asbai (Associação Brasileira de Alergia).

Sobrecarga do sistema - Quanto à sobrecarga de ligar o carro com o ar ativado é um dos mitos que sobrevivem aos tempos das centrais eletrônicas. Nos modelos sem injeção, realmente virar a chave com o sistema acionado sacrificava bateria e motor. Hoje, o próprio computador que gerencia o automóvel se prepara para tais situações. Ou seja, ao ligar o motor, o ar, mesmo ativo, só entra em funcionamento de cinco a 10 segundos depois. O mesmo ocorre com premissas de que o ar diminui a eficiência.

É fato que o equipamento rouba até 10 cv do motor, mas a turbulência dos vidros abertos em um carro a 80 km/h aumenta mais o consumo de combustível do que usar o ar-condicionado, segundo estudos. E em diversas situações a central alivia o sistema. "Em caso de ultrapassagem, por exemplo, o sistema percebe a aceleração maior e desliga o ar por um tempo", exemplifica Reinaldo Nascimbeni, supervisor de serviços técnicos da Ford.

Limpeza - A falta de limpeza pode causar outros problemas. Recomenda-se verificar a cada seis meses o filtro de ar, que, na verdade, é um filtro de pólen, que tem orifícios maiores. O filtro sujo pode comprometer a ventilação e a eficiência do equipamento.

"O ar é uma geladeira. Só que ele precisa de ventilação e a inspeção regular do filtro facilita a identificação se o sistema está obstruído, seja por poeira, poluição ou fungo", explica Julio Coupe, gerente de serviços da General Motors. O que pode comprometer a saúde mais uma vez. "A não limpeza pode levar a uma infestação de fungos nos dutos, provocar crises alérgicas ou até ser um fator causador de alergia", alerta Tebyriçá, da Asbai.

Os fungos são um dos problemas do dispositivo. E os odores ruins podem ser um sinal. O sistema, aliás, naturalmente forma água na condensação, que escorre pelos pequenos tubos externos do equipamento -- o sistema de ar de um carro pode gerar condensação de até cinco litros de água por hora. Assim que se desliga o carro em um ambiente fechado, como uma garagem, por exemplo, aquela água continua a minar, o que pode facilitar a formação de fungos.

Um conselho interessante para minimizar esse risco é desligar o ar e manter apenas a ventilação dois minutos antes de chegar ao destino com o veículo. "O habitáculo continua gelado e, na hora que for desligar o carro, o sistema está seco, sem risco de formar fungos", orienta Nascimebeni, da Ford.

No caso de fungos no ar-condicionado, concessionárias e lojas especializadas costumam fazer a limpeza do sistema com o uso de fungicidas especiais.

Manutenção mecânica - A demora do ar-condicionado em gelar pode ter outras razões além dos famigerados fungos e da sujeira. Um vazamento no sistema pode ocasionar perda do gás e comprometer a eficiência do dispositivo.

Outro item que merece uma verificação periódica é a correia que aciona a polia do compressor, geralmente posicionada no vão do motor. Se ela se arrebentar, o ar-condicionado simplesmente não funciona. "Caso a correia apresente algum desfiamento ou desgaste, é preciso procurar a rede autorizada e evitar ligar o ar até a verificação do item", alerta Alexandre Galdino, responsável pelo treinamento de pós-venda da Fiat.

Além disso, o ar-condicionado, como todo sistema mecânico, requer o uso periódico para evitar fadiga no equipamento. Por esta razão, especialistas e montadoras aconselham ligar o aparelho periodicamente para evitar problemas futuros. O ideal é a cada 15 dias colocar o ar para gelar de 10 a 15 minutos.

"Dentro da tubulação do ar tem gás e óleo. É importante manter a distribuição e circulação desses elementos no sistema", sugere Grassiotto, da Citroën. "O compressor tem óleo. Com o passar do tempo sem ligar o sistema, esse o óleo migra para fora do compressor e pode danificar o sistema", explica Coupe, da General Motors. (por Fernando Miragaya)

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