Com a chegada do verão, a ânsia em pegar a estrada e partir depressa em direção às desejadas férias pode fazer com que se esqueça um ponto fundamental: a revisão do automóvel. Encontrar carros enguiçados com famílias inteiras nos acostamentos das estradas é uma cena comum. Para não tomar sustos e ainda atrapalhar o período de descanso, fazer um check-up no automóvel antes de seguir viagem demora pouco e poupa aborrecimentos.

A começar pelas peças visíveis, como os pneus. Tarefas comuns, como verificar a pressão do ar com o pneu frio, conferir se já está na hora de fazer balanceamento e alinhamento -- recomendados a cada 5.000 km -- ou o rodízio, são fundamentais. Para o desgaste, a recomendação é a verificação do TWI (sigla para Tread Wear Indicators), que aparece no início dos sulcos dos pneus. Quando o TWI se nivela com a banda é hora de fazer a troca dos pneu.

"As rodas desbalanceadas danificam os pneus, diminuem a sua vida útil e chegam a provocar desconforto ao dirigir, além de comprometer os outros componentes do carro", diz César Maldonado, gerente de serviços da Continental Pneus. Uma dica eficiente é não sobrecarregar os pneus, conferindo antes da viagem a capacidade de carga que ele suporta.

Outros procedimentos básicos, como verificar os níveis de fluidos do carro, fazem diferença. Com o motor frio, deve-se analisar o nível do líquido de arrefecimento, do fluido de freio e da embreagem, do óleo do motor, do combustível do reservatório de partida a frio (para os veículos flex), além do fluido de direção hidráulica.

Checar o funcionamento de lâmpadas do farol alto e baixo, de setas dianteiras e traseiras, do desembaçador do vidro traseiro e do limpador do vidro é ainda mais rápido e banal.

No caso do limpador de para-brisas, o desgaste das borrachas das palhetas pode comprometer a visibilidade na chuva. "Todas essas indicações estão presentes no manual do automóvel e devem ser feitas regularmente. São verificações essenciais", reforça Cristiane Paixão, responsável por garantias e serviços da Fiat.

Para viajar com segurança e evitar transtornos com peças desgastadas, a recomendação é que o proprietário verifique também as velas e os cabos de ignição no intervalo de 10.000 km. Sensores de oxigênio devem ser observados por um mecânico, além de todo o sistema de injeção eletrônica com equipamento apropriado. "A revisão preventiva do sensor de oxigênio e das velas e cabos de ignição é uma maneira simples, barata e eficaz de manter o motor em condições normais de uso e ainda economizar combustível", orienta Ricardo Namie, chefe da assistência técnica da NGK, fabricante de velas e outros componentes.

FREIOS E SUSPENSÃO
Quanto aos freios, as pastilhas não podem ser esquecidas. Elas possuem uma marca na lateral onde é possível verificar a vida útil. Outra evidência de que elas têm de ser trocadas é o chiado que emitem durante as frenagens. A suspensão é outro item relevante. Os amortecedores também têm prazo de validade, e é imprescindível que eles estejam em dia para que a estabilidade do automóvel não fique comprometida.

É comum, principalmente após 40 mil km, que surjam folgas nos braços e apoios. A troca é logo recomendada. Nessa etapa, coifas, molas e juntas homocinéticas não podem ser esquecidas. Os "básicos" filtros de ar, de combustível e de óleo são peças simples e de mão-de-obra barata e rápida. Se não forem verificadas adequadamente, podem fazer grande estrago. O mesmo deve ser feito com as correias dentadas, cujo rompimento danifica peças internas como pistão e válvulas, que podem travar o motor.

Para os veículos que utilizam câmbio automático , a dica é prevenir desgaste prematuro do conjunto na hora de dirigir. Sempre que o carro estiver em trechos planos e em velocidade de cruzeiro, a caixa de velocidades tem de permanecer em "Drive", inclusive nas ultrapassagens. Para ladeiras, o indicado é colocar a alavanca do câmbio em "Low" (caso haja essa opção) ou numa marcha limitada (alguns carros têm opção de 1ª, 2ª e 3ª). Dessa forma, a transmissão consegue suportar um esforço maior, com a pressão interna elevada, o que impede que os elementos internos patinem.

No caso da transmissão sequencial Tiptronic, é preciso dar um pequeno toque para trás na alavanca da marcha, para reduzir a velocidade, e levá-la para o trilho de trocas manuais. "Com alguns pequenos cuidados e a manutenção preventiva em dia, o câmbio automático dificilmente deixa o motorista pelo caminho", garante Carlos Napoletano, instrutor técnico da Brasil Automático, instituição que reúne profissionais e técnicos do setor automotivo. (por Karina Craveiro)