Importados crescem no Brasil, e baixa do dólar não é o único motivo

Da Auto Press

Há pouco mais de um ano, justamente em um dos melhores momentos de vendas de carros importados no Brasil, a crise financeira internacional atingiu o segmento. Com a elevação do dólar, cotado a R$ 2,30 na época, algumas importadoras chegaram a ameaçar elevar os preços. Mas isso não chegou a acontecer. Passada a "marolinha", o Brasil vive um período pós-crise. E, com a valorização do real frente à moeda norte-americana, cotada atualmente em torno de R$ 1,75, as montadoras colhem os bons resultados de vendas, especialmente nos últimos meses do ano.

No entanto a baixa do dólar não chegou às importadoras. A oscilação no câmbio não se refletiu no preço que chega ao consumidor. "Os preços dos veículos importados permaneceram iguais antes mesmo da desvalorização do dólar. E não vão ficar mais baratos se o câmbio continuar nessa cotação. A menos que a moeda chegue a R$ 1,50", afirma Hernning Dornbusch, presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos). "Buscamos sempre estabelecer preços dentro de uma faixa que suporte oscilações", conta Alberto Pescumo, gerente-geral comercial da Honda -- que importa o crossover CR-V.

O fato é que essa baixa do dólar serve como uma espécie de "falso estimulante" para que os consumidores procurem revendas de importados. De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), só em outubro foram emplacados no Brasil 49.915 automóveis e comerciais leves importados contra 45.898 unidades em setembro. Ou seja, uma alta de 8,8%. Na comparação com outubro de 2008, a alta é de 46%. Já no acumulado do ano foram comercializados 383.580 unidades de importados.

RÁPIDAS

De acordo com a Abeiva e seus 15 afiliados (entre eles, Land Rover/Jaguar, BMW, Jeep, Kia Motors, Suzuki, Porsche, Chana e SsangYong), 40% dos compradores de veículos importados realizam o pagamento do modelo à vista, enquanto 60% dos consumidores optam por financiar o importado.
A Honda Motos, marca que possui 75,4% de participação do mercado brasileiro, importa cinco modelos de motocicletas. Do Japão chegam os modelos CBR 600RR, CBR 1000RR Fireblade e CB 1300 Super Four. A big trail XL 1000V Varadero é espanhola, enquanto a touring GL 1800 Gold Wing é importada dos Estados Unidos. De janeiro a outubro deste ano, foram comercializadas 3.257 unidades importadas pela marca.
No ano passado, foram importadas 362.411 unidades de veículos - 234.677 da Argentina, 53.229 do México e 74.505 de outros países.
A Abeiva prevê um crescimento de 20% a 25% na venda de importados no mercado brasileiro em 2009. Para 2010 é especulado um crescimento de 10%.
"Esse bom resultado das vendas de importados é uma somatória de fatores. As montadoras fizeram versões mais despojadas com motorizações mais simples e se beneficiaram ainda a redução do IPI, que também serviu para o segmento", aponta Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive. "Essa procura pelo importado é uma relação muito mais psicológica do consumidor do que propriamente por conta da baixa do dólar", completa Dornbusch, da Abeiva.

DE ONDE VÊM
Mas quando o assunto é a origem da importação desses veículos, a história se modifica. E as montadoras não hesitam em trazer os veículos de mercados que sejam mais vantajosos. É o caso do México, com alíquota simbólica de 0,1%. Nos demais países da Europa, África, Ásia, Oceania e América do Norte (exceto México) a tarifa cobrada é de 35% sobre o veículo. Já o Mercosul é isento da taxa.

Os mercados atrelados à moeda americana, como Coreia do Sul, Japão, China, México, Canadá e -- evidentemente -- os próprios Estados Unidos são os mais interessantes para a importação. Outro país favorável é a Inglaterra. A libra esterlina, moeda vigente no país, sofreu queda junto ao dólar e hoje vale cerca de R$ 2,65.

"Os mercados chineses e coreanos, por exemplo, têm alta capacidade produtiva e recursos interessantes para trabalhar no mercado brasileiro. Além disso, são veículos que estão conquistando espaço pouco a pouco", diz Humberto Gandolpho, diretor comercial da CN Auto, importadora das linhas Towner e Topic, que são produzidas em duas plantas distintas na China.

A verdade é que quem acaba ditando o preço é o produto, e não o mercado em si. É como se o preço dos importados sempre estivesse numa espécie de "área de conforto". Se o dólar cai, o lucro é da importadora. E, se sobe um pouco, não há prejuízo. "O dólar tem influência até um determinado momento. É aquela história: as marcas aumentam os preços e o povo aceita ou não. Se o consumidor aceita, o preço é aquele que a montadora pedir", opina Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos). (por Karina Craveiro)

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