Redução do IPI, aumento do crédito e novos modelos fazem preços caírem
Da Auto Press
Carro no Brasil sempre teve custo elevado. Não por acaso, o automóvel aqui é tratado historicamente como um investimento e não como um bem de consumo. Mas o comportamento do mercado brasileiro em 2009 criou oportunidades. Principalmente em relação aos preços.
No auge da crise econômica, no fim de 2008, o governo brasileiro decidiu estimular as vendas por meio da redução do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados. Só essa "canetada" governamental representou, de imediato, uma queda entre 5,5% e 7% nos preços dos veículos. E, com a volta dos financiamentos de prazos longos superiores a 80 meses, combinada à chegada de novos modelos no mercado, houve também uma intensificação de promoções e grandes ações de varejo - os feirões de fim de semana. Um cenário bastante convidativo para a compra de carros novos.
Muitos modelos, sobretudo os compactos de entrada, tiveram seus preços sensivelmente reduzidos. Na Volkswagen, SpaceFox e CrossFox são exemplos emblemáticos. Enquanto a perua é encontrada por R$ 42.500, muito abaixo dos R$ 46.070 da tabela, o hatch aventureiro, que custava R$ 46 mil até o fim de 2008, está à venda por R$ 41.530. Entre os utilitários, dois exemplos claros de como a "guerra dos preços" está inflamada. O Ford EcoSport, na versão "top" 2.0 XLT flex automática, é tabelado em R$ 62.630, mas pode ser adquirido por até R$ 54.900. Já o Hyundai Tucson, que custa R$ 69.900 na versão 2.0 automática a gasolina, sai de algumas revendas por R$ 64.900.
Outro modelo que acaba de ganhar um descontão é a Nissan Livina. As vendas baixas da minivan fizeram a montadora japonesa baixar de R$ 46.690 para R$ 42.990. "O momento está favorável para o consumidor. É possível encontrar carros entre 10% e 15% mais em conta nas concessionárias", pontua Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat.
Além dos descontos pontuais, em função de disputas de mercado ou promoções, há também os modelos que ganharam descontos das próprias montadoras. A perua Fiat Palio Weekend, por exemplo, era vendida no início do ano por R$ 39.770 na versão básica ELX 1.4 flex. O mesmo modelo, agora, custa R$ 1 mil a menos. Caso idêntico ao do Ford Fiesta. Para ganhar competitividade, a montadora americana diminuiu seu preço em 3,3%. Resultado: o valor passou de R$ 30.195 para R$ 29.200 na versão mais simples 1.0 flex. "Todo preço tem uma elasticidade. E, em nosso caso, tentamos montar esse conjunto de forma equilibrada, seguindo uma equação entre preço, competição e o cenário do mercado", pondera Lucíola Almeida, gerente de produto de marketing da Ford.
Os preços do Palio Weekend quanto do Fiesta ficaram ainda melhores com a redução do IPI. Antes de o governo adotar a medida, os dois modelos, nas mesmas versões de entrada, eram vendidos por R$ 40.820 e R$ 31.765 mil, respectivamente.
O IPI reduzido também é obviamente importante nos segmentos de sedãs médios e utilitários esportivos, assim como as inúmeras promoções. Mas é o número elevado de competidores somado à política agressiva de preços das coreanas Hyundai e Kia Motors, que tem mexido com os preços.
Em julho, a Kia lançou o crossover Soul, com preço de R$ 51.490 e a mira apontada diretamente para o EcoSport. E, no mês passado, chegou a nova geração do sedã médio Cerato, por R$ 49.900. Além do valor muito abaixo de quase todos os concorrentes, o modelo ainda vem recheado de muitos itens de série desde a versão básica. "É um carro com preço altamente competitivo. Foi feito para brigar com sedãs médios, mas em valores de compactos premium. O Cerato poderia ser ainda mais barato, não fosse os 35% de taxa de importação", exalta Luiz Alberto Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil.
MODELOS DE ENTRADA DITAM COMPETIÇÃO
Nas cifras, porém, a briga maior por promoções e preços fica mesmo concentrada nos modelos de entrada. E o efeito imediato dessa disputa está no volume de emplacamentos. Dos 247.525 carros e comerciais leves vendidos em agosto, quase 170 mil são compactos ou 70% do total. O Ford Ka, por exemplo, somou 7.888 unidades no último mês, sua melhor marca desde a reestilização do fim de 2007. A versão 1.0 flex sai a R$ 24.880 contra os R$ 26.190 anteriores à redução do IPI. "Se pegar um modelo de entrada, com motor 1.0 litro, ele teve uma redução de 7% no preço final. E essa pequena porcentagem faz muita diferença para o consumidor comum", aponta Francisco Stefanelli, diretor nacional de vendas da General Motors.
A procura por esses modelos é tamanha que com o Volkswagen Voyage aconteceu o inverso: por falta de estoque, o modelo custa mais caro que na tabela. Em vez de R$ 29.290, sai por R$ 30 mil, em média. Coisas da lei da oferta e da procura. E do mercado brasileiro.
OPORTUNIDADES DE CIMA
Ao contrário do que aconteceu no mercado de veículos de entrada, no segmento de carros de luxo a redução do IPI não chegou a "beneficiar" muito os consumidores. Como a grande maioria dos modelos é equipada com motores acima de 2.0 litros a gasolina, o desconto da tarifa teve efeito limitado. Um dos que se valeu da redução foi o Volvo C30, na versão de entrada empurrada pelo motor 2.0 16V a gasolina. De R$ 89.950 mil, o preço do hatch médio caiu para os atuais R$ 86.150. E deve cair ainda mais, já que o C30 acaba de receber uma reestilização na Europa. Por outro lado, com a manutenção das vendas internas aquecidas, as montadoras passaram a trazer versões mais básicas de determinados carros, além de modelos inéditos.
Em julho, a BMW lançou no país uma nova versão de entrada do Série 1, a 118i equipada com motor 2.0 16V de 136cv e câmbio automático e vendida a R$ 95 mil. Antes, a configuração mais em conta do modelo era a 120i, por R$ 118 mil com o mesmo motor 2.0 litros, só que recalibrado para gerar 156 cv. Entre os sedãs, o Mercedes-Benz Classe C se beneficiou do IPI e do aumento da oferta de crédito. A versão C200 Kompressor 1.8 caiu de R$ 151.900 para R$ 128.647 e já soma 821 vendas no ano - é o sedã de luxo mais vendido do país. "É um segmento em que o número de financiamentos é elevado. São clientes que conseguem pagar uma prestação de R$ 10 mil mensais", explica Roberto Gasparetti, supervisor de marketing de produto da Mercedes-Benz do Brasil.
Já no segmento de crossover, o Volvo XC60 ganhou destaque, com preço de R$ 138.500 na versão de entrada Comfort, valor bem abaixo do pedido nos rivais de luxo BMW X3, que começa em R$ 251 mil, Mercedes-Benz GLK, com iniciais de R$ 225 mil, e Audi Q5, que parte dos R$ 201 mil. "O preço em si não vende, mas também pode ser decisivo em um produto mais sofisticado. Agora, o segmento premium é mais direcionado a aspectos como o emocional. Não é uma compra racional", conclui Rodnei Silva, gerente de marketing e vendas da Volvo Automóveis. (por Diogo de Oliveira)
No auge da crise econômica, no fim de 2008, o governo brasileiro decidiu estimular as vendas por meio da redução do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados. Só essa "canetada" governamental representou, de imediato, uma queda entre 5,5% e 7% nos preços dos veículos. E, com a volta dos financiamentos de prazos longos superiores a 80 meses, combinada à chegada de novos modelos no mercado, houve também uma intensificação de promoções e grandes ações de varejo - os feirões de fim de semana. Um cenário bastante convidativo para a compra de carros novos.
Ilustração: Afonso Carlos/Carta Z Notícias
Outro modelo que acaba de ganhar um descontão é a Nissan Livina. As vendas baixas da minivan fizeram a montadora japonesa baixar de R$ 46.690 para R$ 42.990. "O momento está favorável para o consumidor. É possível encontrar carros entre 10% e 15% mais em conta nas concessionárias", pontua Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat.
ACELERADAS
- O desconto no IPI para carros zero-quilômetro já tem data para terminar. De outubro a dezembro a redução da tarifa diminuirá gradativamente, até voltar ao patamar normal de 7% sobre o preço do veículo. Com isso, a oferta de descontos e realização de feirões se intensificará em setembro. |
- No início do ano, a Peugeot ofereceu um bônus de R$ 8 mil no 307 sedã. Resultado: o modelo vendeu 1.011 unidades, três vezes mais que as 326 obtidas em fevereiro deste ano. |
- Nos feirões de fim de semana, a Fiat chegou a baixar em 4,7% o preço pedido na nova versão Dualogic da Palio Adventure. De R$ 54.470, o modelo foi negociado por R$ 51.900. |
- Em julho, a Volvo reajustou sua tabela de preços, com descontos entre R$ 14 mil e até R$ 45 mil. O modelo que teve o maior abatimento foi o sedã grande de luxo S80, que caiu de R$ 255 mil e para os atuais R$ 210 mil. |
Além dos descontos pontuais, em função de disputas de mercado ou promoções, há também os modelos que ganharam descontos das próprias montadoras. A perua Fiat Palio Weekend, por exemplo, era vendida no início do ano por R$ 39.770 na versão básica ELX 1.4 flex. O mesmo modelo, agora, custa R$ 1 mil a menos. Caso idêntico ao do Ford Fiesta. Para ganhar competitividade, a montadora americana diminuiu seu preço em 3,3%. Resultado: o valor passou de R$ 30.195 para R$ 29.200 na versão mais simples 1.0 flex. "Todo preço tem uma elasticidade. E, em nosso caso, tentamos montar esse conjunto de forma equilibrada, seguindo uma equação entre preço, competição e o cenário do mercado", pondera Lucíola Almeida, gerente de produto de marketing da Ford.
Os preços do Palio Weekend quanto do Fiesta ficaram ainda melhores com a redução do IPI. Antes de o governo adotar a medida, os dois modelos, nas mesmas versões de entrada, eram vendidos por R$ 40.820 e R$ 31.765 mil, respectivamente.
O IPI reduzido também é obviamente importante nos segmentos de sedãs médios e utilitários esportivos, assim como as inúmeras promoções. Mas é o número elevado de competidores somado à política agressiva de preços das coreanas Hyundai e Kia Motors, que tem mexido com os preços.
Em julho, a Kia lançou o crossover Soul, com preço de R$ 51.490 e a mira apontada diretamente para o EcoSport. E, no mês passado, chegou a nova geração do sedã médio Cerato, por R$ 49.900. Além do valor muito abaixo de quase todos os concorrentes, o modelo ainda vem recheado de muitos itens de série desde a versão básica. "É um carro com preço altamente competitivo. Foi feito para brigar com sedãs médios, mas em valores de compactos premium. O Cerato poderia ser ainda mais barato, não fosse os 35% de taxa de importação", exalta Luiz Alberto Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil.
MODELOS DE ENTRADA DITAM COMPETIÇÃO
Nas cifras, porém, a briga maior por promoções e preços fica mesmo concentrada nos modelos de entrada. E o efeito imediato dessa disputa está no volume de emplacamentos. Dos 247.525 carros e comerciais leves vendidos em agosto, quase 170 mil são compactos ou 70% do total. O Ford Ka, por exemplo, somou 7.888 unidades no último mês, sua melhor marca desde a reestilização do fim de 2007. A versão 1.0 flex sai a R$ 24.880 contra os R$ 26.190 anteriores à redução do IPI. "Se pegar um modelo de entrada, com motor 1.0 litro, ele teve uma redução de 7% no preço final. E essa pequena porcentagem faz muita diferença para o consumidor comum", aponta Francisco Stefanelli, diretor nacional de vendas da General Motors.
A procura por esses modelos é tamanha que com o Volkswagen Voyage aconteceu o inverso: por falta de estoque, o modelo custa mais caro que na tabela. Em vez de R$ 29.290, sai por R$ 30 mil, em média. Coisas da lei da oferta e da procura. E do mercado brasileiro.
OPORTUNIDADES DE CIMA
Ao contrário do que aconteceu no mercado de veículos de entrada, no segmento de carros de luxo a redução do IPI não chegou a "beneficiar" muito os consumidores. Como a grande maioria dos modelos é equipada com motores acima de 2.0 litros a gasolina, o desconto da tarifa teve efeito limitado. Um dos que se valeu da redução foi o Volvo C30, na versão de entrada empurrada pelo motor 2.0 16V a gasolina. De R$ 89.950 mil, o preço do hatch médio caiu para os atuais R$ 86.150. E deve cair ainda mais, já que o C30 acaba de receber uma reestilização na Europa. Por outro lado, com a manutenção das vendas internas aquecidas, as montadoras passaram a trazer versões mais básicas de determinados carros, além de modelos inéditos.
Em julho, a BMW lançou no país uma nova versão de entrada do Série 1, a 118i equipada com motor 2.0 16V de 136cv e câmbio automático e vendida a R$ 95 mil. Antes, a configuração mais em conta do modelo era a 120i, por R$ 118 mil com o mesmo motor 2.0 litros, só que recalibrado para gerar 156 cv. Entre os sedãs, o Mercedes-Benz Classe C se beneficiou do IPI e do aumento da oferta de crédito. A versão C200 Kompressor 1.8 caiu de R$ 151.900 para R$ 128.647 e já soma 821 vendas no ano - é o sedã de luxo mais vendido do país. "É um segmento em que o número de financiamentos é elevado. São clientes que conseguem pagar uma prestação de R$ 10 mil mensais", explica Roberto Gasparetti, supervisor de marketing de produto da Mercedes-Benz do Brasil.
Já no segmento de crossover, o Volvo XC60 ganhou destaque, com preço de R$ 138.500 na versão de entrada Comfort, valor bem abaixo do pedido nos rivais de luxo BMW X3, que começa em R$ 251 mil, Mercedes-Benz GLK, com iniciais de R$ 225 mil, e Audi Q5, que parte dos R$ 201 mil. "O preço em si não vende, mas também pode ser decisivo em um produto mais sofisticado. Agora, o segmento premium é mais direcionado a aspectos como o emocional. Não é uma compra racional", conclui Rodnei Silva, gerente de marketing e vendas da Volvo Automóveis. (por Diogo de Oliveira)
10 VEÍCULOS MAIS VENDIDOS DO PAÍS - PREÇOS DE TABELA E NA REVENDA
Volkswagen Gol | R$ 24.630 | R$ 24.500 |
Fiat Palio | R$ 23.990 | R$ 23.900 |
Fiat Uno | R$ 22.180 | R$ 21.300 |
Chevrolet Celta | R$ 25.213 | R$ 23.300 |
Chevrolet Classic | R$ 25.607 | R$ 24.700 |
Volkswagen Fox | R$ 29.075 | R$ 29 mil |
Fiat Siena | R$ 26.790 | R$ 26.200 |
Volkswagen Voyage | R$ 29.290 | R$ 30 mil |
Ford Ka | R$ 24.880 | R$ 23.800 |
Chevrolet Prisma | R$ 28.966 | R$ 26.200 |