Chery Tiggo: impressões ao dirigir

RICARDO PANESSA
Colaboração para UOL Carros, em São Paulo

O Chery Tiggo veio de longe para brigar no Brasil por um segmento bastante disputado, o dos utilitários eportivos compactos. Sua principal responsabilidade é conquistar o público brasileiro, desmistificando a imagem de baixa qualidade que os produtos chineses absorveram por aqui. Ou seja, demonstrar qualidade.
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    Com Tiggo, chinesa Chery --uma das cinco maiores daquele país-- chegou para ficar

Como seus principais concorrentes --o Ford EcoSport e Hyundai Tucson-- ele tem cara e porte de um utilitário esportivo compacto, mas de autêntico SUV só oferece a maior altura do solo e ângulos de entrada e saída mais agressivos. A tração é como a de qualquer automóvel, 4x2, puxando exclusivamente nas rodas dianteiras.

Mas o mercado gosta desse tipo de veículo, que tem aparência de modelo mais 'aventureiro', com cara de off-road, mas, na verdade, oferece apenas os benefícios de um automóvel comum. Segundo a Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, em 2008 foram emplacados 146.920 SUVs, incluindo os de maior porte. O líder, disparado, é o Ford EcoSport, na versão de entrada, com motor de 2.0 litros, câmbio manual e apenas tração dianteira (3.074 unidades vendidas em julho deste ano), seguido pelo Hyundai Tucson (2.992 veículos comercializados no mes passado), também na versão mais simples, com motor 2.0, câmbio manual e tração 4x2 dianteira.

SUV CHEGA POR R$ 49.900

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Embora faça parte de um segmento que inclui também versões com tração 4x4 e outros recursos autenticamente off-road, o Tiggo que a chinesa Chery está trazendo para o Brasil, está posicionado para enfrentar apenas os SUVs 4x2, tendo, portanto, como seus principais adversários o consagrado EcoSport tupiniquim e o coreano Hyundai Tucson. Com preço de lançamento praticamente igual ao do EcoSport mais simples (R$ 49.900 contra R$ 49.375,00 do modelo Ford), mas bem inferior ao preço do Tucson básico (R$ 69.900,00), o Tiggo tem boas chances de emplacar no Brasil.

Além dos modelos concorrentes, o principal obstáculo que o Tiggo terá que superar é o estigma de baixa qualidade que acompanha produtos chineses em geral. E nesse particular, bastou um curto teste-drive durante o evento de lançamento, para perceber que o carro oferece bom nível de acabamento interno, mesmo que um tanto espartano; design atual porém comum; e desempenho adequado, embora modesto.

NÃO É UMA BRASTEMP
Equipado com motor 2.0 de 135 cv de potência (o EcoSport tem 143 cv e o Tucson 142 cv), e embora pesando 1.375 kg, vazio, o que não é pouco, o Tiggo apresentou bons níveis de aceleração e retomada de velocidade durante a avaliação em trecho urbano. Mas o propulsor, Acteco 2.0 a gasolina, produzido na China com know how alemão, pareceu rumoroso demais, assim como o nível de ruído em geral dentro da cabine.

A posição de dirigir elevada e a boa área envidraçada facilitam a condução. O banco do motorista e o volante da direção são ajustáveis em altura, permitindo um arranjo ergométrico adequado para condutores de qualquer estatura. O acabamento interno não é um primor, mas está de acordo com a faixa de preço do modelo. Entre outros itens de conforto interno, o Tiggo oferece apoio com porta objetos entre os bancos dianteiros, console no teto com luz de leitura e porta óculos, desembaçador de pára-brisa e vidro traseiro, porta-mapas nas portas dianteiras, espaço para guardar objetos nas laterais do compartimento de bagagem e na porta traseira, sistema de som com rádio AM/FM com CD Player e MP3, entre outros.

Disponível, por enquanto, apenas em versão única, com câmbio manual de cinco marchas e apenas um padrão de acabamento, o Tiggo merece destaque pelo atraente pacote de recursos tecnológicos que oferece. Ele já vem 'de fábrica' (o modelo é montado no Uruguai em regime CKD) com direção hidráulica, freios a disco nas rodas dianteiras (a tambor nas traseiras), com ABS nas quatro rodas e sistema automático de distribuição da força de frenagem (EBD), retrovisores com controle elétrico e aquecimento antiembaçamento, faróis de neblina, iluminação do miolo da chave de contato, conta-giros, rodas de liga leve aro 16", e amplo porta-malas (com abertura lateral da porta), que pode ser aumentado rebatendo ou removendo os bancos traseiros.

AGRADÁVEL DE CONDUZIR, MAS MACIO DEMAIS
Para um automóvel, o Tiggo é adequadamente macio. O câmbio, manual de cinco marchas, foge à regra, pois tem curso longo e engates não muito suaves. Mas para um SUV, que tem a proposta de trafegar também fora do asfalto, o câmbio é até adequado, mas as suspensões são macias demais. Independentes nas quatro rodas --do tipo McPherson, molas helicoidais e barra estabilizadora na dianteira, e braços articulados de quatro pontos, molas helicoidais e barra estabilizadora na traseira--, otimizam o conforto sobre pisos bem pavimentados, mas transmitem demais as irregularidades da estrada para o volante da direção. Além disso --e especialmente ruim para um veículo com 1,7 metro de altura e 19 cm de distância mínima do chão-- por serem excessivamente moles, acentuam incômodas inclinações laterais da carroceria.

No geral, o Tiggo é agradável de conduzir. Não oferece luxo nem acabamento impecável, mas dispõe de todos os requisitos que os SUV 4x2 de entrada costumam oferecer. A relação custo-beneficio é atraente. Resta saber se os serviços pós-vendas (a Chery divulga 30 revendas da marca espalhadas por 14 estados; 55 até final de 2009) e a qualidade dos componentes, atenderão às expectativas dos consumidores.

A Chery afirma que veio para ficar e ganhar mercado. A marca promete mais três lançamentos aqui no Brasil ainda este ano --o popular QQ, por R$ 22.900; o monovolume Face, por R$ 29.900; e o sedan (ou hatch) de luxo conhecido lá como A3, e ainda a ser batizado no Brasil, com preços a partir de 42.900. O Tiggo 4x4 com câmbio automático deverá chegar no primeiro trimestre de 2010, todos com três anos de garantia.

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