GM sai da concordata após 39 dias com estrutura mais enxuta e novo enfoque

Da Redação, com agências internacionais

O presidente da GM, Fritz Henderson, anunciou nesta sexta-feira (10) em entrevista coletiva a criação da General Motors Company, empresa que surge após 39 dias de concordata com os ativos da antiga General Motors, uma estrutura mais enxuta e a obrigação de se mostrar mais competitiva no cenário automotivo americano e mundial.

Na quinta-feira, a montadora havia recebido o aval do Tribunal de Falências de Manhattan para a venda total de seus ativos, abrindo caminho para o anúncio do renascimento.

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    A "Nova GM" terá em seu quadro 35% menos executivos, 20% menos operários de chão de fábrica -- a meta final é passar dos atuais 91 mil para cerca de 64 mil funcionários, com um corte já programado de 6 mil pessoas até outubro --, e uma mentalidade mais afinada com a atual realidade e focada em novos consumidores, segundo Henderson, podendo até negociar a venda de automóveis pela internet.

    "Os últimos 100 dias nos mostraram que uma empresa não reconhecida por sua agilidade pode, na realidade, ser muito rápida. Começando hoje, vamos levar a intensidade, as decisões e a velocidade assumidas nas últimas semanas da batalha do processo de concordata para a operação diária da nova companhia", afirmou Henderson.

    Na verdade, a General Motors Company terá a obrigação de ser flexível e inovadora, uma vez que esta foi uma das premissas acordadas junto ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na ocasião do pedido de proteção contra a falência, em junho.

    De acordo com a agência "Automotive News", a nova empresa, surgida hoje, será quase uma estatal: 60,8% de suas ações pertencerão ao Tesouro americano, enquanto o governo do Canadá será responsável outros 11,7%. O restante será dividido entre o fundo médico dos empregados da montadora, o UAW (17,5%) e acionistas privados (10%). Além disso, terá em caixa cerca de US$ 50 bilhões, obtidos através de empréstimos do governo norte-americano.

    Reestruturada, a montadora se vê livre das dívidas da antiga GM, que somam US$ 82 bilhões em valores atualizados, mas manterá apenas suas quatro marcas mais rentáveis -- Chevrolet, Buick, GMC e Cadillac. A deficitária Pontiac será extinta até 2010, enquanto as americanas Hummer e Saturn e a sueca Saab estão em processo de venda.

    A Nova GM fechará ainda 1.380 concessionárias de suas marcas até outubro de 2010, chegando a um total de 4.100 lojas, que podem cair para um patamar ainda mais baixo, de 3.600 até o final do próximo ano.

    Além disso, a empresa segue com o processo de venda de seu braço europeu -- a alemã Opel e sua co-irmã britânica Vauxhall --, disputado por um grupo que envolve uma fábrica de auto-peças canadenses e investidores russos (Magna e GAZ), por uma montadora chinesa (Baic) e, em menor grau, pela fabricante italiana Fiat.

    LIDERANÇA
    Não ficou definido quem comandará a Nova GM, mas parte da imprensa americana anuncia que o ex-diretor global de produto da antiga GM, Bob Lutz, pode abandonar a decisão de deixar a empresa e assumir a chefia das áreas de marketing e comunicação.

    GM NO BRASIL
    No país, pouco deve mudar a princípio. A General Motors do Brasil, responsável pela produção de veículos da marca Chevrolet, já havia afirmado durante o anúncio da concordata americana, em junho, que manteria o vínculo com a matriz, mas teria independência de investimentos.

    Na ocasião, o presidente e o vice-presidente da empresa para o Brasil afirmaram dispor de capital -- na casa dos US$ 2,5 bilhões -- para seguir com o plano de renovação da frota até 2012.
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