Acordo para salvar montadoras dos EUA nomeará todo-poderoso da indústria

Em Washington (EUA),
com UOL Carros

A Casa Branca e os democratas do Congresso americano chegaram a um princípio de acordo sobre o pacote de resgate de US$ 15 bilhões para a indústria automotiva, que poderia inclusive ser votado ainda nesta quarta-feira (9), segundo fontes legislativas. O acordo, que gera reservas entre alguns republicanos, inclui a criação da figura de um supervisor, nomeado pela Casa Branca, que vigiará o cumprimento dos planos de viabilidade e inclusive poderá forçar as empresas automotivas a ir à falência se não cumprirem a reestruturação.

Esse supervisor todo-poderoso dá um sabor de quase-estatização, ou de "estatização branca", à ação de socorro às montadoras. Na prática, o governo norte-americano passaria a ter poder decisório dentro das três montadoras a serem ajudadas -- General Motors, Ford e Chrysler.

A ajuda do Congresso fornecerá à GM e à Chrysler um alívio financeiro para dar continuidade às suas operações, o que lhes evitará ter de ir à falência este mesmo mês ou no início do próximo ano. A Ford se encontra numa situação um pouco menos pior, e poderia não precisar participar do resgate do governo, pelo menos nesta primeira fase, segundo fontes do setor.

Com esta ajuda, as empresas automobilísticas poderão continuar operando até março, quando terão que pactuar com o novo Congresso e o governo de Barack Obama novos planos de viabilidade a longo prazo. Além disso, o acordo dará às empresas tempo para poder renegociar as prestações sociais e trabalhistas com seus sindicatos, assim como suas obrigações com os próprios credores.

MÁ GESTÃO NÃO VALE
O subchefe de Gabinete da Casa Branca, Joel Kaplan, disse nesta quarta em entrevista coletiva que, embora as montadoras recebam ajudas, isso "não é desculpa para que continuem com uma má gestão (empresarial) e maus planos de negócios". O plano de resgate poderia ser votado ainda nesta uqrta na Câmara de Representantes, mas é pouco provável que isso ocorra no Senado, onde é necessário pelo menos o apoio de dez senadores republicanos para que a medida seja adotada.

Existe a ameaça de que os republicanos possam boicotar a votação no Senado, onde os democratas não têm os 60 votos necessários para tentar quebrar a tática de veto da minoria.

Sobre esse possível cenário, Kaplan insistiu em que o projeto de lei tem salvaguardas suficientes e que a própria Casa Branca insistiu desde o princípio das negociações sobre a urgência da "viabilidade" do setor. Se for aprovado pelo Senado, o projeto de lei seria enviado ao escritório presidencial, com o objetivo de que as empresas recebam a ajuda na próxima semana e possam manter-se no azul pelo menos até março de 2009.

Até 31 de março, as três empresas devem detalhar um plano de viabilidade a longo prazo, e o acordo prevê a suspensão da ajuda às companhias que não cumpram os requisitos estabelecidos. "O árduo trabalho bipartidário surtiu efeito", disse o senador democrata Carl Levin, cujo Estado de Michigan é sede central das três grandes montadoras.

MENOS DINHEIRO
Apesar de o pacote de resgate não se aproximar dos US$ 34 bilhões que as três companhias pediram na semana passada, é suficiente para que estas evitem a demissão de milhões de trabalhadores. Além disso, entre outros elementos, os democratas concordaram finalmente com que o dinheiro saia de um fundo a cargo do Departamento de Energia para a fabricação de veículos mais eficientes e ecológicos.

Em troca da intervenção do governo, as empresas terão que prestar contas a um responsável designado pela Casa Branca, e o governo se transformaria no principal credor e acionista das companhias. Essa autoridade terá plenos poderes para supervisionar a administração dos fundos e a reforma do setor automotivo, e pode inclusive suspender o desembolso do dinheiro se não houver progressos suficientes nessa matéria.

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