Carros menos beberrões: dura concorrência para os híbridos

Por Matthieu DemeestereDETROIT, EUA, 9 jan (AFP) - Os fabricantes de automóveis andam ultrapassando todos os limites de velocidade para garantir a oferta de veículos híbridos (que possuem motos movidos tanto a gasolina como a energia elétrica), mas este mercado poder acaba sendo muito limitado e outras alternativas, como o diesel, podem voltar a atrair os consumidores.

"Não acredito que os híbridos vão ocupar um lugar importante no mercado devido a seu alto custo, particularmente para o consumidor", declarou nesta segunda-feira o número dois do fabricante japonês Nissan, Toshiyuki Shiga, em entrevista à AFP no segundo dia do Salão do Automóvel de Detroit (Michigan, norte).

Como a venda de veículos híbridos mais que dobrou em 2005 nos Estados Unidos, sobretudo graças ao grande sucesso da Toyota Prius, a Nissan lançará seu modelo do gênero no mercado americano, um Altima de motor híbrido fabricado pela Toyota.

Nos stands de Detroit, os grandes fabricantes exibem suas novas conquistas neste segmento: o novo Camry da Toyota, o Mercury Mariner do grupo Ford ou os 4x4 da General Motors (GM), como o Chevrolet Tahoe, prometido para 2007, que consumirá 25% menos gasolina.

A questão do consumo está no centro das preocupações dos fabricantes após a alta dos preços dos combustíveis nos últimos meses. Porém, segundo especialistas, o argumento do carro que bebe menos para vender híbridos ainda enfrenta o obstáculo do preço pelo qual é comercializado. Um carro com motor híbrido custa em média 3.500 dólares a mais que um clássico, segundo a consultoria Global Insight.

Além disso, no caso dos híbridos, a economia de combustível vale para pequenas distâncias ou para trajetos com várias paradas, mas não é tão interessante para quem tem de pegar a estrada todo dia para ir trabalhar.

O Japão, cuja indústria automobilística é pioneira na fabricação de motores híbridos, é o ambiente perfeito para os carros híbridos, porque os trajetos devem ser percorridos em baixa velocidade e com diversas paradas, explicou Philip Gott, da Global Insight. Mas para atravessar as grandes estradas dos Estados Unidos à velocidade regular, os híbridos não se adaptam tão bem.

"Os híbridos estão em pleno auge agora, mas não são a única solução", indicou Shiga.

Os motores a diesel representam hoje cerca de 3% do mercado de automóveis nos Estados Unidos. As exigências em termos de emissões de gases são estritas em vários estados, entre eles a Califórnia.

Mas está fatia do mercado deve aumentar a 7,6% até 2012, quando os híbridos representarão 4,1% do total, calculou a agência Standard and Poor's (SP), citando dados do escritório J.D. Power.

A alternativa é sedutora, segundo a S&P. A demanda por veículos a diesel aumentará mais rápido porque o carro, além de consumir menor combustível, terá um preço mais acessível.

A Chrysler orientou sua estratégia comercial na direção dos carros a diesel, uma solução que viabiliza a oferta de "4x4 menores e menos beberrões", segundo o diretor geral da controladora DaimlerChrysler, Dieter Zetsche. "E muito em breve o nível de emissão de anidro carbônico será igual ao dos veículos a gasolina", acrescentou o empresário em Detroit. "Realmente é uma direção nova, que o mercado pode adotar".

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