Defensores e críticos do motor híbrido cara a cara no Salão de Tóquio

MAKUHARI, Japão, 19 out (AFP) - O salão do Tokyo Motor Show (TMS), aberto à imprensa nesta quarta-feira, revela o conflito existente entre partidários e detratores dos motores híbridos - que utilizam ao mesmo tempo gasolina e eletricidade - vistos como a solução ideal para reduzir o consumo de combustível.

Na ponta da tecnologia híbrida, cada vez mais na moda nos Estados Unidos devido ao aumento dos preços da gasolina, as construtoras japonesas apresentaram uma profusão de carros-conceitos que economizam combustível.

Assim, a Honda Motor mostrou seu "FCX", um veículo que funciona com uma pilha combustível, movida a hidrogênio, recarregável com uma instalação autônoma que pode ser guardada dentro de casa.

Este sistema, que utiliza gás, também permite fornecer eletricidade para uso doméstico e produzir água quente para o banho.

A Toyota, que havia comercializado o primeiro carro híbrido no fim dos anos 90 e espera vender um milhão de unidades em todo o mundo em 2010, também mostrou muitas novidades, assim como seus concorrentes Mazda, Mitsubishi Motors e Subaru.

O entusiasmo das construtoras japonesas com os motores híbridos e as pilhas combustíveis, flagrante no Salão de Tóquio, é compartilhado com algumas montadoras ocidentais, como Ford e Volkswagen.

Ao contrário, outros afirmam que não acreditam nesse conceito.

"Exibir carros-conceitos em um salão de automobilismo é uma coisa. Colocar um carro na estrada é outra", afirma o presidente de PSA Peugeot Citroën, Jean-Martin Folz, para quem "os carros híbridos com gasolina podem ser uma solução onde o diesel não é popular".

"No entanto, não existe qualquer motivo válido para desenvolver esse tipo de veículos nos mercados dominados pelo diesel" como a Europa, considera.

Sobre as pilhas combustíveis, Folz não vê "nenhuma aplicação possível para nossa indústria pelo menos nos próximos 15 anos".

"Nesse momento, esse tipo de pilha tem dois problemas: seu custo, e a questão de saber onde será estocado o hidrogênio" no carro, explicou Folz, presente no TMS.

Consciente desses problemas, a Toyota pretende reduzir pela metade o custo suplementar entre um veículo híbrido e um com motor movido à gasolina comum.

"Apesar do debate atual, a tecnologia híbrida não tem vocação para se expandir", concorda o patrão do grupo alemão BMW, Helmut Panke, mencionando os preços elevados desse tipo de motor.

A BMW assinou em setembro um acordo com a americana General Motors e a americano-alemã DaimlerChrysler para desenvolver e produzir motores híbridos.

Porém, para Panke, "o principal desafio de todo o setor automobilístico continua sendo aumentar a economia de combustíveis" dos motores clássicos.

"Cada construtora contará com um ou talvez dois veículos híbridos nos cinco próximos anos, mas o volume em si não passará dos 5% do mercado mundial a longo prazo", adiantou.

Os carros híbridos "podem ser úteis em situações como os engarrafamentos de Tóquio, de Londres ou de Frankfurt. Mas porque o fazendeiro de Montana ou Wyoming deveria pagar o custo extra desse sistema sem retirar qualquer vantagem dele?", indagou o alemão.

Já o franco-líbano-brasileiro Carlos Ghosn, presidente da japonesa Nissan e da francesa Renault, resume a situação em uma frase: "Híbrido ou clássico, o vencedor será o que encontrará o carro melhor do ponto de vista da economia de combustível e do preço".

Aberto somente para a imprensa nesta quarta-feira, o TMS terá portas ao público de sábado a 6 de novembro.

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